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Gravidez ectópica: saiba o que é e os sinais da gestação fora do útero
Rara, mas perigosa, a gravidez ectópica exige diagnóstico rápido para evitar complicações graves e preservar a fertilidade da mulher

Dra. Juliana Soares
5min • 28 de out. de 2025

Apesar de rara, a gravidez ectópica é uma condição perigosa porque, ao crescer em um local inadequado, o embrião pode romper vasos sanguíneos e causar hemorragias graves
Nem toda gravidez se desenvolve onde deveria. Em alguns casos, o embrião se implanta fora do útero — nas trompas, no colo uterino, nos ovários ou até no abdômen — dando origem à gravidez ectópica. Embora rara, essa condição é uma emergência médica que pode causar hemorragia interna e colocar a vida da mulher em risco se não for identificada e tratada rapidamente.
A gravidez ectópica ocorre em cerca de 1% a 2% das gestações. Quando diagnosticada precocemente e tratada corretamente, a maioria das mulheres se recupera bem e pode engravidar novamente no futuro.
O que é a gravidez ectópica
A gravidez ectópica acontece quando o embrião se desenvolve fora do útero — o local natural preparado para a gestação. A forma mais comum é a gestação tubária, quando o embrião se implanta nas trompas de Falópio. Porém, também pode ocorrer no colo do útero, nos ovários, no abdômen ou, mais raramente, em uma cicatriz de cesariana anterior.
Apesar de rara, é perigosa porque o crescimento do embrião em um local inadequado pode romper vasos sanguíneos e causar hemorragias graves.
Por que a gravidez ectópica acontece
Em uma gravidez normal, o óvulo fertilizado percorre as trompas até o útero, onde se fixa. Na gravidez ectópica, algo interrompe esse trajeto, fazendo o embrião se implantar antes de chegar ao útero.
Principais fatores de risco:
- Infecções nas trompas (como gonorreia ou clamídia), que causam cicatrizes;
- Cirurgias prévias nas trompas ou no útero (laqueadura, cesariana);
- Endometriose, que provoca inflamações e aderências;
- Tabagismo, que altera o funcionamento das trompas;
- Tratamentos de fertilização (como FIV);
- Idade acima dos 35 anos;
- Uso de DIU — raro, mas aumenta o risco de ser ectópica caso ocorra gravidez;
- Histórico anterior de gravidez ectópica.
Mesmo assim, metade dos casos ocorre sem fatores de risco conhecidos.
Sintomas de gravidez ectópica
Mulheres em idade fértil com atraso menstrual e dor pélvica devem ser avaliadas para descartar essa condição. Os sintomas mais comuns são:
- Dor abdominal ou pélvica (geralmente de um lado só);
- Sangramento vaginal leve ou irregular;
- Útero menor do que o esperado para a idade gestacional;
- Mal-estar, tontura ou fraqueza.
Se houver ruptura da trompa, a dor torna-se intensa e súbita, podendo vir acompanhada de dor no ombro, queda de pressão e desmaio — um quadro de emergência médica que exige atendimento imediato.
Como é feito o diagnóstico
O diagnóstico envolve avaliação clínica, exames de sangue e ultrassonografia transvaginal.
- Exame de β-hCG: confirma a gestação e avalia se o hormônio está subindo de forma adequada. Em gestações normais, o β-hCG dobra a cada dois dias. Se não ocorre esse aumento, há suspeita de anormalidade.
- Ultrassonografia: se o hormônio estiver alto (acima de 2.000 mUI/mL) e não houver saco gestacional no útero, a suspeita de gravidez ectópica é forte.
- O exame também pode identificar massas nas trompas ou em outros locais, mostrando onde o embrião está implantado.
Quando o diagnóstico ainda não é conclusivo, a mulher é acompanhada com exames seriados até a confirmação.
Tratamento
A escolha do tratamento depende do estado clínico da paciente, do tamanho do saco gestacional e dos níveis de β-hCG.
1. Tratamento com medicamentos
Indicado quando o diagnóstico é precoce e a mulher está estável. Utiliza remédios que interrompem o crescimento do tecido gestacional, permitindo que o corpo o reabsorva naturalmente. É seguro e preserva a fertilidade.
Durante o tratamento, deve-se evitar álcool, anti-inflamatórios e relações sexuais até a recuperação completa.
2. Tratamento cirúrgico
Necessário quando há risco de ruptura ou o tratamento medicamentoso não é viável. Pode ser feito por laparoscopia (minimamente invasiva) ou por cirurgia aberta em emergências.
Opções cirúrgicas:
- Salpingostomia: retirada apenas do tecido gestacional, preservando a trompa;
- Salpingectomia: remoção total da trompa, se estiver muito danificada.
3. Observação
Em casos muito iniciais e estáveis, o médico pode apenas monitorar com exames, permitindo que o corpo elimine o tecido gestacional naturalmente.
Prognóstico e prevenção
Com o tratamento adequado, a maioria das mulheres se recupera completamente e pode engravidar novamente.
Para reduzir o risco de recorrência:
- Trate infecções ginecológicas precocemente;
- Evite o cigarro;
- Mantenha acompanhamento regular com o ginecologista;
- Aguarde o período recomendado pelo médico antes de tentar nova gestação.
Veja também: Ecocardiograma na gestação: por que é essencial para cuidar do coração da mãe e do bebê
Perguntas frequentes sobre gravidez ectópica
1. O que é uma gravidez ectópica?
É uma gestação em que o embrião se desenvolve fora do útero, geralmente nas trompas de Falópio.
2. Quais são os sintomas?
Dor abdominal, sangramento leve, tontura e fraqueza. Se houver ruptura da trompa, a dor é intensa e pode causar desmaio.
3. Como é feito o diagnóstico?
Com o exame de β-hCG e o ultrassom transvaginal, que mostram a ausência de saco gestacional no útero e possíveis massas nas trompas.
4. É possível tratar sem cirurgia?
Sim, se o diagnóstico for precoce e a mulher estiver estável, o tratamento pode ser feito com medicamentos.
5. A gravidez ectópica pode acontecer mais de uma vez?
Sim, especialmente em mulheres com histórico anterior ou alterações nas trompas.
6. Dá para engravidar novamente após uma gravidez ectópica?
Na maioria dos casos, sim — principalmente quando o tratamento é feito cedo e há preservação das trompas.
7. Como prevenir?
Tratando infecções ginecológicas, evitando o cigarro e fazendo acompanhamento médico antes de tentar engravidar.
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