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Fimose em crianças: quando é normal e quando a cirurgia é necessária 

Fimose em crianças pode ser normal e truques antigos para solucionar a questão pode um problema; veja quando é necessário intervir

Dra. Veridiana Andrioli

Dra. Veridiana Andrioli

5min • 22 de set. de 2025

Fimose em crianças: quando é normal e quando a cirurgia é necessária 

A palavra fimose costuma assustar muitas famílias no consultório pediátrico. No entanto, nem sempre ela é sinônimo de problema. “A maior parte dos meninos nasce com fimose e ela é considerada algo natural”, explica a urologista pediátrica Veridiana Andrioli.

Mas há, sim, situações em que a fimose em crianças pode trazer riscos, tornando-se patológica, exigindo intervenção médica e, em alguns casos, cirurgia. Vamos esclarecer as principais dúvidas sobre a fimose e quando procurar um médico.

O que é a fimose em criança?

Antes de entender quando ela pode ser um problema, é importante saber do que se trata. A fimose em crianças nada mais é do que a dificuldade ou a impossibilidade de retrair o prepúcio (a pele que recobre a ponta do pênis) e expor a glande (a “cabecinha” do pênis).

Segundo Veridiana, com as manipulações naturais, as ereções e os hormônios fisiológicos, cerca de 75% dos meninos já têm exposição da glande até os 3 anos de idade, chegando a quase 90% perto dos 5 anos de idade.

Ou seja, até essa faixa etária, a fimose em crianças é normal se não causa problemas reais e tende a se resolver sozinha.

Quando a fimose em crianças pode trazer problemas de saúde?

A fimose só se torna um problema quando deixa de ser fisiológica e passa a ser patológica, ou seja, quando a pele do prepúcio apresenta cicatrizes e não consegue mais deslizar para expor a glande.

“Isso pode impedir a higiene adequada, aumentando o risco de infecções e doenças mais graves, incluindo câncer de pênis”, diz a médica.

Esse é um dos pontos de atenção para os pais: observar os sinais de fimose patológica, que é quando a dificuldade natural de retração passa a trazer riscos.

Sinais de alerta: quando procurar um urologista pediátrico?

Há sinais claros de que a fimose em crianças deixou de ser natural e pode causar problemas mais graves. Nesse momento, o ideal é buscar avaliação médica.

Os sinais de fimose patológica incluem:

  • Criança que apresenta balonamento da pele do pênis antes de urinar (a urina “estufa” a pele do prepúcio);
  • Dificuldades para fazer xixi;
  • Histórico de infecções urinárias ou de pele na região;
  • Falta de retração natural do prepúcio por volta dos 3 anos de idade.

Nesses casos, a cirurgia de fimose pode ser indicada após consulta médica, mas nem sempre ela é necessária, já que existem outros tipos de tratamento de fimose. Vamos entender.

Veja mais: Criança que não consegue segurar o xixi: quando é normal e quando é problema

Quando a cirurgia de fimose em crianças é necessária e como ela é feita?

A decisão pela cirurgia depende de critérios bem estabelecidos. “A cirurgia tem indicação na presença de cicatrizes ou em meninos em que se tentou o tratamento medicamentoso e não tiveram respostas”, explica a médica.

Além disso, algumas malformações da pele do prepúcio podem precisar de correções cirúrgicas, como no megaprepúcio, uma malformação do prepúcio que se mostra com um balonamento da pele e deve ser corrigido com uma cirurgia reconstrutora, não uma simples cirurgia de fimose.

A cirurgia de fimose consiste na retirada da parte final do prepúcio e da mucosa, deixando a glande permanentemente exposta. É um procedimento relativamente simples, em que a criança é internada e recebe alta no mesmo dia. A recuperação costuma ser rápida, embora haja algum desconforto nos primeiros dias, que pode ser controlado com medicações.

“Uma outra técnica que pode ser usada é o uso de anéis (Plastbell)”, diz Veridiana. Essa é uma técnica alternativa em que o cirurgião posiciona um pequeno anel de plástico no prepúcio, que interrompe a circulação sanguínea da pele excedente. Com o passar dos dias, essa pele perde a vitalidade e o anel cai sozinho, geralmente em até duas semanas, sem necessidade de pontos.

A médica ressalta que o procedimento cirúrgico não é obrigatório em todos os casos e deve ser indicado com cautela, sendo que existem tratamentos para a fimose que podem ser indicados antes, com uso de pomadas de corticoide.

Tratamento de fimose: o que acontece se a fimose não for tratada?

Ignorar a fimose patológica pode trazer complicações, como maior risco de infecções e a formação de cicatrizes que dificultam ainda mais a retração da pele. Além disso, podem surgir lesões dermatológicas, como a balanite xerótica obliterante, capaz de acometer a uretra e comprometer o esvaziamento adequado da bexiga. Em longo prazo, há também um aumento no risco de câncer de pênis, condição rara, mas relacionada à falta de higiene e à presença do vírus HPV.

Por isso, quando há sinais de fimose em crianças, o ideal é procurar um médico para fazer o tratamento de fimose correto, sem querer resolver o problema em casa.

“Não é recomendado o uso de pomadas sem orientações médicas e as ‘massagens’ durante o banho também não são indicadas, pelo risco de trações mais fortes que podem levar a pequenas lesões de pele e gerar cicatrizes. Também não há recomendação de ‘estourar a fimose’ fazendo o descolamento forçoso”, enfatiza a urologista.

O recomendado é apenas a realização de leves trações durante o banho e nos xixis, puxando a pele até onde conseguir, mas sem forçar, sempre lembrando de secar e recobrir o pênis após essas manobras. Se o problema não se resolver sozinho e sinais de fimose patológica surgirem, procure ajuda médica.

Leia mais: Xixi na cama: saiba as causas, os impactos e as soluções segundo a urologia pediátrica

Perguntas e respostas sobre fimose em crianças

1. O que é fimose?

É a dificuldade ou a impossibilidade de retrair o prepúcio (pele que cobre a ponta do pênis) e expor a glande (a “cabecinha” do pênis). Na maioria dos meninos, é considerada natural e tende a se resolver até os 3 a 5 anos de idade.

2. Quando a fimose deixa de ser normal?

Quando passa a ser patológica, ou seja, quando a pele apresenta cicatrizes que impedem a retração, dificultando a higiene.

3. Quais sinais indicam que é hora de procurar um urologista pediátrico?

Quando há balonamento da pele antes de urinar (a urina “estufa” a pele), dificuldade para fazer xixi, histórico de infecções urinárias ou de pele e ausência de retração natural do prepúcio após os 3 anos.

4. A cirurgia é sempre necessária?

Não. Ela é indicada apenas em casos de cicatrizes, ausência de resposta ao tratamento com pomadas de corticoide ou malformações, como o megaprepúcio.

5. Como a cirurgia de fimose é feita?

Consiste na retirada da parte final do prepúcio e da mucosa, deixando a glande descoberta. Costuma ser de baixa complexidade, com alta no mesmo dia, recuperação rápida e uso de medicação para controlar o desconforto pós-operatório.

6. O que acontece se a fimose não for tratada?

Podem surgir infecções, cicatrizes, lesões, como a balanite xerótica obliterante (que pode comprometer o esvaziamento adequado da bexiga) e até aumento do risco de câncer de pênis.

7. O que os pais não devem fazer em casa?

Não usar pomadas sem orientação médica, não fazer massagens ou tentar “estourar a fimose”, pois isso pode causar lesões e cicatrizes. O correto é fazer apenas leves trações durante o banho, sem forçar.

Leia também: Desfralde diurno: saiba a idade ideal para a criança controlar o xixi e quando procurar ajuda

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Foto de Dra. Veridiana Andrioli

Escrito por Dra. Veridiana Andrioli

Sobre

Urologista e professora assistente do Departamento de Urologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Urologia. Anteriormente, atuou no Departamento de Saúde do Adolescente da mesma instituição. Graduada em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), realizou residência em Cirurgia Geral e Urologia na própria universidade. Posteriormente, fez fellowship em Urologia Pediátrica na Universidade de Ottawa, em Ontário, Canadá. É doutora em Urologia pela UNIFESP e revisora de artigos científicos do Journal of Pediatric Urology. Além disso, publicou diversos artigos científicos e capítulos de livros na área de Urologia Pediátrica.

Especialidades/Área de atuação

Urologia e Urologia Pediátrica - CRM/ SP 133.893 

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