Logo Propor

DOENÇAS & CONDIÇÕES

Cansaço, dor e nevoeiro mental: como reconhecer a fibromialgia 

A fibromialgia provoca dores por todo o corpo, cansaço e alterações do sono e da concentração; veja formas de aliviar os sintomas

Dra. Isabella Segura

Dra. Isabella Segura

5min • 13 de out. de 2025

Mulher negra sentada em um sofá queixa-se de dores da fibromialgia

Cansaço constante, dores espalhadas pelo corpo e noites mal dormidas são queixas comuns de quem vive com fibromialgia, uma condição crônica que afeta milhões de pessoas, principalmente mulheres. Mais do que uma simples dor muscular, trata-se de uma síndrome complexa, que interfere no sono, na memória e no bem-estar.

Apesar de ainda não ter uma cura específica, a boa notícia é que há tratamento. Com diagnóstico correto e um plano de cuidado que combina exercícios, apoio psicológico e acompanhamento médico, é possível reduzir a dor, recuperar a energia e melhorar a qualidade de vida.

O que é fibromialgia

A fibromialgia (FM) é uma síndrome caracterizada por dor muscular crônica e difusa, que afeta diversas partes do corpo. É mais frequente em mulheres e costuma vir acompanhada de fadiga intensa, sono não reparador, dificuldades de memória e concentração (chamadas de “nevoeiro mental”), ansiedade e depressão.

Esses sintomas podem dificultar as tarefas rotineiras e atrapalhar a vida profissional e social.

Quais são as causas da fibromialgia

Ainda não existe uma única causa identificada, mas a fibromialgia parece acontecer quando o sistema nervoso central amplifica os sinais de dor — ou seja, estímulos leves passam a ser percebidos como dolorosos.

Entre os fatores que participam desse processo estão:

  • Alterações nos neurotransmissores, substâncias que transmitem sinais no cérebro;
  • Predisposição genética;
  • Estresse prolongado;
  • Infecções;
  • Problemas hormonais;
  • Lesões ou doenças inflamatórias prévias.

Como a fibromialgia se manifesta

Os sintomas variam, mas os mais comuns são:

  • Dor generalizada e contínua, em forma de dor muscular ou sensação de “queimação”;
  • Fadiga intensa, mesmo após dormir por longas horas;
  • Sono não reparador, com sensação de cansaço ao acordar;
  • Dificuldade de memória e concentração (“nevoeiro mental”);
  • Alterações de humor, como ansiedade e depressão;
  • Sensibilidade aumentada ao toque, com pontos dolorosos espalhados pelo corpo.

A condição pode surgir gradualmente ou após um fator desencadeante, como trauma físico, infecção ou estresse intenso.

Problemas associados

A fibromialgia frequentemente aparece junto com outras síndromes de sensibilidade aumentada, como:

  • Síndrome do intestino irritável;
  • Bexiga hiperativa;
  • Enxaqueca crônica;
  • Dores na face (ATM);
  • Sensibilidade a cheiros fortes ou produtos químicos.

Também é comum a associação com transtornos de humor, como ansiedade e depressão.

Diagnóstico da fibromialgia

O diagnóstico é clínico, feito pelo médico com base nos sintomas e no exame físico.

De modo geral, considera-se fibromialgia quando há:

  • Dor difusa em várias regiões do corpo por mais de três meses;
  • Sensibilidade aumentada ao toque em diferentes áreas (os chamados tender points).

Os exames de sangue e imagem costumam ser normais. O médico, no entanto, pode solicitar alguns testes para descartar outras doenças, como:

  • Exames de tireoide;
  • Marcadores de inflamação;
  • Dosagem de cálcio;
  • Avaliação da força muscular e, em alguns casos, pesquisa de infecções relacionadas.

Tratamento: como aliviar os sintomas

Não existe uma cura única para a fibromialgia, mas há muitas formas de controle. O tratamento é individualizado e combina medidas não medicamentosas, uso criterioso de medicamentos e apoio psicológico.

1. Medidas não medicamentosas (fundamentais)

  • Educação sobre a doença: entender o que é a fibromialgia ajuda a lidar melhor com os sintomas;
  • Exercícios regulares: atividades leves, como caminhada, hidroginástica, alongamentos e exercícios aeróbicos, trazem grande alívio. O ideal é começar devagar e aumentar aos poucos;
  • Fisioterapia e reabilitação: ajudam a melhorar o movimento e a força muscular;
  • Tratamento do sono: manter rotinas fixas e adotar higiene do sono; o médico pode orientar ajustes ou terapias complementares;
  • Terapias psicológicas: a terapia cognitivo-comportamental (TCC) e técnicas de manejo do estresse reduzem o sofrimento emocional e melhoram o funcionamento;
  • Pacing (ritmo): aprender a dosar as atividades e intercalar períodos de descanso ajuda a evitar pioras bruscas de dor e cansaço.

2. Medicamentos

O uso de medicamentos deve sempre ser feito com orientação médica, avaliando benefícios e riscos. Podem ser indicadas:

  • Analgésicos;
  • Antidepressivos, que ajudam na regulação da dor e do humor;
  • Relaxantes musculares, para aliviar a rigidez.

A escolha depende do perfil e das necessidades do paciente.

Dicas práticas para o dia a dia

  • Mantenha horários regulares de sono e evite telas antes de dormir;
  • Faça atividade física regular, mesmo que leve;
  • Pratique relaxamento, como respiração, alongamento ou meditação;
  • Divida as tarefas e respeite os limites do corpo;
  • Busque apoio psicológico e, se possível, participe de grupos de apoio;
  • Converse com o médico sobre todos os sintomas e medicamentos usados.

Confira: Alongamentos simples para aliviar dores musculares: veja quando e como praticar

Perguntas frequentes sobre fibromialgia

1. Fibromialgia é uma doença reumatológica ou psicológica?

É uma síndrome de amplificação da dor, com origem no sistema nervoso central. Pode ter impacto físico e emocional, mas não é apenas psicológica.

2. Quem tem fibromialgia sente dor o tempo todo?

A dor costuma ser constante, mas varia de intensidade conforme o estresse, o sono e o nível de atividade física.

3. A fibromialgia tem cura?

Não existe cura definitiva, mas com tratamento adequado é possível controlar os sintomas e viver bem.

4. O exercício físico piora a fibromialgia?

Não. Quando feito de forma leve e progressiva, o exercício reduz a dor e melhora o sono e o humor.

5. É possível trabalhar com fibromialgia?

Sim, com ajustes de rotina e acompanhamento médico, a maioria das pessoas pode manter suas atividades normais.

6. Remédios para depressão ajudam na fibromialgia?

Sim. Alguns antidepressivos atuam também nos mecanismos da dor, melhorando o controle dos sintomas.

7. O que piora a fibromialgia?

Estresse, sono ruim, sedentarismo e excesso de esforço estão entre os principais fatores de piora.

Leia também: Fisioterapia preventiva: cuidar antes da dor aparecer pode mudar sua saúde

Inscreva-se em nossa newsletter

Receba semanalmente as últimas notícias da área da saúde, cuidado e bem estar.

Foto de Dra. Isabella Segura

Escrito por Dra. Isabella Segura

Sobre

Médica generalista

Especialidades/Área de atuação

- 266055/SP

Group Companies
Waves