SINAIS & SINTOMAS
Falta de ar: quando pode ser problema do coração
Entenda quando a falta de ar deixa de ser comum e passa a ser sinal de alerta para doenças cardíacas. Confira sintomas

Dr. Giovanni Henrique Pinto
5min • 25 de ago. de 2025

Quem nunca ficou sem fôlego depois de subir alguns lances de escada ou correr para não perder o ônibus? A falta de ar, também conhecida como dispneia, tende a ser uma resposta natural do corpo diante de um esforço físico. Em situações como essas, o organismo simplesmente exige mais oxigênio para manter o ritmo, e logo o fôlego se recupera.
No entanto, a falta de ar nem sempre está ligada apenas ao esforço físico. Quando surge de maneira repentina, intensa, em repouso ou durante a noite, o sintoma pode indicar problemas cardíacos que precisam de atenção imediata.
O cardiologista e cardio-oncologista Giovanni Henrique Pinto, do Hospital Albert Einstein, detalhou como identificar quando a falta de ar pode ter origem cardíaca, quais doenças estão por trás do quadro e quando é hora de procurar ajuda médica.
Quando a falta de ar pode estar ligada ao coração?
Nem todo cansaço é apenas consequência de estar fora de forma. De acordo com Giovanni Henrique Pinto, alguns sinais específicos podem indicar que o problema tem origem no coração. É importante procurar avaliação médica se a falta de ar:
- Piora com pouco esforço: dificuldade para respirar em atividades leves que antes eram fáceis, como andar um ou dois quarteirões, ou piora rápida em dias ou semanas;
- Aparece ao deitar: necessidade de usar mais travesseiros ou acordar de madrugada com a sensação de estar sufocando;
- Vem acompanhada de outros sintomas: dor ou pressão no peito, palpitações, tontura, desmaio, inchaço nas pernas ou ganho de peso rápido e sem explicação;
- Surge após infecção viral ou em quem já tem problemas cardíacos: pode indicar pericardite, miocardite ou agravamento de doença pré-existente.
Qual a diferença entre cansaço comum e o cardíaco?
Muitas vezes, o corpo apenas sinaliza esforço. Pessoas sedentárias, acima do peso ou que carregam objetos pesados podem sentir fôlego curto sem que isso represente doença. Nesses casos, o cansaço melhora rapidamente quando a atividade acaba, não aparece em repouso e não costuma vir com outros sintomas.
Já quando a causa é cardíaca, a falta de ar surge em esforços cada vez menores e até ao deitar-se. Tosse noturna persistente, chiado no peito, palpitações, sensação de aperto no peito, inchaço nas pernas e cansaço desproporcional ao esforço são sinais de sobrecarga do coração.
Quais condições cardíacas podem causar falta de ar?
De acordo com o cardiologista, existem várias condições em que a falta de ar é frequente, como:
- Insuficiência cardíaca: coração fraco que acumula líquido e dificulta a respiração;
- Doença das artérias coronárias: inclui angina e infarto, causados por obstruções no fluxo sanguíneo;
- Valvopatias: mau funcionamento das válvulas cardíacas, como estenose aórtica ou insuficiência mitral;
- Arritmias: batimentos muito rápidos, lentos ou irregulares, que reduzem o oxigênio no corpo;
- Miocardite e pericardite: inflamações do músculo ou membrana do coração, muitas vezes após infecções;
- Pressão alta sem controle: força excessiva sobre o coração que pode gerar falta de ar;
- Doenças congênitas: malformações de nascença que afetam a respiração.
Quando procurar um cardiologista?
A orientação é procurar um especialista sempre que a falta de ar se torna frequente, piora rapidamente, aparece em repouso ou ao deitar, ou quando surge com dor no peito, palpitações, tontura ou inchaço.
Entre os exames para investigar estão: histórico clínico, exame físico, aferição de pressão, eletrocardiograma, ecocardiograma, radiografia de tórax, teste ergométrico, cintilografia, tomografia de coronárias, cateterismo, Holter e MAPA.
Falta de ar: situações que exigem atendimento imediato
Procure uma urgência se houver:
- Falta de ar em repouso;
- Lábios e extremidades azuladas;
- Dor forte no peito;
- Desmaio;
- Confusão mental;
- Inchaço com ganho de peso rápido.
Esses sintomas podem indicar complicações graves, como infarto ou insuficiência cardíaca aguda.
É possível tratar a falta de ar causada por problemas no coração?
Sim. O tratamento inclui controle da pressão arterial, diuréticos para insuficiência cardíaca, remédios para arritmias, correções de valvopatias, anti-isquêmicos e até procedimentos de revascularização, conforme Giovanni Henrique Pinto.
Reabilitação cardíaca e prática de atividade física também são fundamentais. Quanto mais cedo o diagnóstico, maiores as chances de recuperação e prevenção de complicações.
Perguntas frequentes sobre falta de ar e coração
1. É normal sentir falta de ar ao subir escadas?
Sim, especialmente para quem está fora de forma. Preocupa quando piora em poucas semanas, exige paradas frequentes ou surge em atividades leves. Se vier com dor no peito, palpitações, tontura ou inchaço, procure um médico.
2. A falta de ar pode ser um sintoma de infarto?
Sim. Embora a dor no peito seja o sintoma mais conhecido, a falta de ar pode indicar angina ou infarto, principalmente em mulheres, idosos e diabéticos.
3. É normal sentir falta de ar todos os dias?
Não. Pode estar ligada a doenças do coração, pulmões, anemia ou ansiedade. Se for frequente, procure atendimento médico.
4. A falta de ar pode ser só ansiedade?
Sim. Crises de ansiedade podem causar respiração acelerada e sensação de aperto no peito. Apenas um médico pode diferenciar corretamente.
5. Em que casos a falta de ar é uma emergência médica?
Quando surge em repouso, com lábios azulados, dor forte no peito, desmaio, confusão mental ou inchaço repentino.
6. A idade aumenta o risco de sentir falta de ar por problemas no coração?
Sim. O envelhecimento torna artérias e músculo cardíaco mais rígidos, aumentando o risco de insuficiência cardíaca e estenose aórtica, que podem causar falta de ar, dor no peito e desmaios.