PREVENÇÃO & LONGEVIDADE
Exame preventivo ginecológico: o que é e quando fazer
Descubra quando começar a fazer o exame preventivo ginecológico, como se preparar e por que ele é essencial para a saúde da mulher

Dra. Andreia Sapienza
5min • 22 de ago. de 2025

Você provavelmente já ouviu falar do exame preventivo ginecológico. A questão é que muita gente associa esse cuidado apenas ao papanicolau, sendo que a prevenção vai muito além disso. Esse conjunto de exames ajuda a detectar alterações ginecológicas e é uma oportunidade de cuidar da saúde da mulher de forma integral.
A ginecologista e obstetra Andreia Sapienza explica que o ginecologista é reconhecido como médico generalista que cuida da saúde da mulher.
“É claro que temos um foco na saúde feminina geniturinária, principalmente passando por três funções, a menstrual, a obstétrica e a sexual, mas na prevenção nós olhamos de forma mais abrangente e holística”, conta a especialista.
O que é o exame preventivo ginecológico
O exame preventivo é uma consulta voltada para avaliar diferentes aspectos da saúde feminina em cada fase da vida. Ele envolve desde a coleta do papanicolau, exame que identifica lesões causadas pelo HPV que podem evoluir para câncer de colo do útero, até exames de imagem e laboratoriais, de acordo com a idade e os fatores de risco de cada mulher.
“O papanicolau é um exame para prevenção de uma doença, mas o preventivo é quando falamos de tudo da parte ginecológica, ou seja, vamos pensar em câncer de mama, câncer de útero, câncer de colo de útero e outros menos frequentes, como câncer de vagina e câncer de vulva”, explica a médica.
O preventivo ginecológico também vai olhar outras doenças, como risco cardiovascular e risco de osteoporose. “Isso pensando na mulher que já tem uma certa idade de climatério”, explica a ginecologista.
Quando começar a fazer o exame preventivo
A recomendação é que toda mulher inicie o acompanhamento ginecológico após o início da vida sexual. Os exames solicitados, no entanto, variam de acordo com a idade e histórico familiar.
“Nas mulheres mais jovens, o principal foco de atenção é naquelas doenças com maior prevalência na idade, como câncer de colo do útero. Já entre as mulheres que estão próximas do climatério, a prevenção se volta também para outras doenças, cuja incidência começa a aumentar nesse período da vida”.
Ou seja, cada fase da vida tem seus focos de atenção e o acompanhamento deve ser adaptado.
“Mulheres que começam a fazer o acompanhamento cedo costumam se manter nele ao longo das fases da vida: início da vida sexual, fase reprodutiva, filhos, climatério e menopausa. Em cada etapa, a forma de olhar muda, mas o acompanhamento é contínuo”, explica Andreia.
Principais exames do preventivo
- Papanicolau e HPV: para rastreamento de câncer de colo de útero;
- Colposcopia e vulvoscopia: quando há alterações ou HPV positivo, permitem analisar lesões invisíveis a olho nu;
- Ultrassom transvaginal: avalia útero, endométrio, miomas, ovários, cistos e pólipos;
- Exames de mama: ultrassonografia em mulheres jovens e mamografia somada ao ultrassom a partir dos 40 anos;
- Ressonância de mamas: em casos de prótese ou necessidade de avaliação detalhada;
- Exames de sangue: hemograma, vitaminas, colesterol e glicemia;
- Exames complementares no climatério: densitometria óssea (a partir de 50 anos), endoscopia e colonoscopia (a partir de 45 anos).
Para mulheres com prótese de silicone, às vezes o ultrassom ou a mamografia são complementados com a ressonância magnética. “Usamos para ver principalmente detalhes na parte posterior da prótese ou mesmo da integridade da prótese”, explica a médica.
Diferença entre SUS e saúde privada
Os protocolos de rastreamento podem mudar dependendo se a mulher faz acompanhamento pelo sistema público ou privado.
No setor privado, a Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda mamografia anual a partir dos 40 anos. Já no SUS, a oferta é diferente.
“Como o SUS tem a preocupação em ser o melhor equilíbrio entre universal e integral, ele acaba oferecendo a mamografia a cada dois anos a partir dos 50 anos. Como não tem recurso para oferecer para todo mundo todo ano, essa é uma forma de garantir que esse exame seja oferecido para mais pessoas”, explica a médica.
Como se preparar para o exame preventivo
Não existe um grande mistério na preparação para o exame.
“Orientamos que a mulher não tenha relação sexual 72 horas antes da coleta e não esteja menstruada, pois essas situações alteram o resultado”, diz a médica. “Isso não quer dizer que exista uma alteração real, mas pode mascarar o resultado normal e atrapalhar a investigação”.
No climatério, pode haver atrofia genital intensa. “Se não houver contraindicação, às vezes é prudente preparar a vagina com estrogênio antes do papanicolau para evitar alterações nos resultados”, explica a especialista.
Perguntas frequentes sobre o exame preventivo ginecológico
1. A partir de que idade devo ir ao ginecologista?
A ginecologista recomenda que a menina tenha pelo menos uma consulta inicial quando menstrua, para receber orientações. O outro momento é quando tem ou está prestes a ter a primeira relação sexual, para receber orientações sobre contracepção e começar os exames preventivos.
2. Preciso ir ao ginecologista todo ano?
Sim, o ideal é passar em consulta anualmente, pois o ginecologista consegue olhar a saúde da mulher de forma integral e solicitar os exames necessários para cada fase.
3. O exame preventivo ginecológico inclui só o papanicolau?
Não. Ele envolve também avaliação das mamas, útero, ovários e outros exames, dependendo da idade da mulher.
4. Mulheres que nunca tiveram relação sexual precisam fazer?
Não precisam fazer o papanicolau, mas devem ir ao ginecologista. A consulta é necessária de qualquer forma, porque não se previne só câncer de colo uterino, mas também câncer de mama, de útero, de ovários, além de avaliar vulva e vagina, incontinência urinária e outras condições.
5. Quem tem prótese mamária precisa de exames diferentes?
Sim. Às vezes, a ressonância é indicada para avaliar detalhes da prótese e integridade.
6. O SUS oferece todos os exames do preventivo?
O SUS segue protocolos próprios, que incluem papanicolau e mamografia a cada dois anos a partir dos 50, além de outros exames conforme a necessidade.

