BEM-ESTAR & ESTILO DE VIDA
Como o estresse afeta o coração e o que fazer para proteger a saúde cardiovascular
Passar nervoso constantemente faz um mal enorme ao coração; entenda as consequências e aprenda a se proteger

Dra. Juliana Soares
5min • 4 de set. de 2025

Viver sob pressão constante virou quase regra no mundo moderno. Trabalho, boletos, responsabilidades, problemas familiares e outras demandas. A questão é que tudo isso ativa no corpo uma espécie de modo de alerta, que pode até ajudar em situações de emergência, mas se mantido por muito tempo cobra um preço alto.
Além de afetar humor e sono, o estresse crônico mexe com o coração e os vasos sanguíneos, e isso aumenta a pressão arterial, as inflamações e o risco de doenças mais graves, como infarto e AVC. Ou seja, estresse e coração não combinam.
O que acontece com o corpo quando estamos estressados
De acordo com a cardiologista Juliana Soares, que integra o corpo clínico do Hospital Albert Einstein, o estresse ativa uma resposta conhecida como “luta ou fuga”, liberando hormônios como adrenalina e cortisol.
“Esses hormônios promovem de forma imediata a contração dos vasos sanguíneos e o aumento da frequência dos batimentos do coração. A longo prazo, essa situação pode levar à pressão alta, danos nos vasos sanguíneos e ao aumento do processo inflamatório no organismo, favorecendo a formação de placas de gordura dentro das artérias”, explica a médica.
Estresse e coração: existe mesmo risco de infarto?
Infelizmente, sim. “As alterações hormonais promovidas pelo estresse fazem com que o coração e os vasos sanguíneos trabalhem em uma situação de sobrecarga, levando a consequências graves como pressão alta, arritmias, alterações metabólicas e maior risco de infarto e acidente vascular cerebral”, afirma Juliana.
Além disso, ela conta que o estresse crônico aumenta a chance de formação de coágulos no sangue, deixando a pessoa ainda mais vulnerável a AVC e infarto.
Em outras palavras, não é apenas nervoso. O estresse pode desencadear processos fisiológicos que literalmente sobrecarregam o coração.
O papel dos hormônios e do sistema nervoso
O corpo humano é completamente conectado, e o estresse mexe com diversos sistemas ao mesmo tempo.
“O estresse ativa uma parte do sistema nervoso chamada simpático, que libera adrenalina e noradrenalina. Esses hormônios aumentam a frequência cardíaca, a força de contração do coração e a pressão arterial. Já o sistema parassimpático, responsável por ‘acalmar’ o organismo, fica menos ativo durante o estresse”, explica a cardiologista.
Outro ponto importante é a liberação contínua de cortisol. “Esse hormônio aumenta os níveis de açúcar no sangue, eleva o colesterol ruim (LDL), promove inflamação e retenção de líquidos. Esses fatores contribuem para hipertensão, diabetes, aterosclerose e, consequentemente, risco de infarto e AVC”.
Quem é mais vulnerável?
Embora o estresse seja prejudicial a todos, alguns grupos estão mais expostos. “Estudos mostram que as mulheres podem ser altamente impactadas pelo estresse em relação à saúde cardiovascular. Flutuações hormonais, dupla jornada de trabalho e pressão social aumentam esse risco”, explica a especialista.
Também entram na lista pessoas com doenças crônicas, como pressão alta e diabetes, indivíduos com depressão ou ansiedade e aqueles em situações de vulnerabilidade social. “O estresse constante pela falta de acesso a serviços de saúde, moradia e alimentação adequada aumenta ainda mais o risco de doenças cardíacas”, acrescenta a médica.
Sinais de que o estresse já está prejudicando o coração
Segundo a cardiologista, é preciso prestar bastante atenção em sintomas como:
- Pressão alta;
- Batimentos cardíacos acelerados;
- Sensação de cansaço constante.
“O estresse crônico nos deixa em constante estado de alerta, e essa desregulação hormonal que ele provoca pode afetar diretamente o sistema cardiovascular”, alerta a especialista.
Leia também: Palpitações no coração: o que pode ser e quando procurar atendimento médico
Como reduzir os efeitos do estresse no coração
Embora não seja possível eliminar completamente o estresse, dá, sim, para reduzir o impacto dele.
“Hábitos simples, como alimentação adequada, prática regular de atividade física, rotina de sono de qualidade e momentos para atividades relaxantes, ajudam a minimizar os efeitos do estresse no coração”, explica a cardiologista.
Ela destaca ainda a importância de evitar álcool em excesso, parar de fumar e priorizar momentos de descanso.
Meditação, sono e exercício são amigos do coração
A tríade sono de qualidade, exercício físico e técnicas de relaxamento pode ser poderosa.
“O exercício físico fortalece a musculatura cardiovascular, controla pressão arterial, colesterol e açúcar no sangue, além de liberar endorfinas, que promovem bem-estar”, diz a médica.
Sobre meditação, ela destaca que a prática reduz a liberação de hormônios do estresse e melhora a capacidade do organismo em lidar com situações estressantes.
E não dá para esquecer do sono. “Durante o sono ocorre parte da regulação da pressão arterial e dos batimentos cardíacos, fundamental para a saúde do coração”.
Perguntas frequentes sobre o impacto do estresse no coração
1. Estresse pode causar infarto?
Sim. O estresse crônico favorece aumento da pressão arterial, arritmias e inflamações, e tudo isso aumenta o risco de infarto.
2. Estresse momentâneo também faz mal ao coração?
O estresse pontual pode acelerar os batimentos e a pressão, mas o risco maior vem da exposição contínua, ou o chamado estresse crônico.
3. Mulheres correm mais risco de problemas cardíacos relacionados ao estresse?
Sim. Segundo a cardiologista Juliana Soares, fatores hormonais e sociais aumentam a vulnerabilidade feminina, bem como o excesso de trabalho.
4. O estresse pode causar diabetes?
Indiretamente, sim. O cortisol em excesso aumenta a resistência à insulina, e isso aumenta o risco de diabetes tipo 2.
5. Dormir mal aumenta os efeitos do estresse no coração?
Sim. O sono ruim impede a regulação da pressão arterial e dos batimentos cardíacos, e isso aumenta o risco para o coração.
6. Quais hábitos ajudam a controlar o estresse e proteger o coração?
Alimentação equilibrada, exercícios físicos, sono de qualidade, meditação e diminuir ou abandonar álcool e cigarro.
7. Quem já tem pressão alta deve se preocupar ainda mais com o estresse?
Com certeza. O estresse descontrolado pode piorar a pressão arterial e aumentar o risco de complicações no coração.
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