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SAÚDE MENTAL & EMOCIONAL

Esquizofrenia: o que é e como identificar os primeiros sinais 

Entenda os sinais e saiba como o tratamento transformou o prognóstico da doença

Dr. Luiz Dieckmann

Dr. Luiz Dieckmann

5min • 2 de dez. de 2025

Terapeuta conversa com paciente durante sessão de Terapia Cognitivo Comportamental para esquizofrenia

A esquizofrenia costuma surgir no final da adolescência ou no início da vida adulta | Foto: Freepik

A esquizofrenia costuma ser lembrada com medo e estigma, mas o conhecimento atual mostra uma realidade muito diferente. Muitas pessoas diagnosticadas estudam, trabalham, mantêm vínculos afetivos e levam uma vida plena quando recebem o tratamento correto. Entender o que a doença é, reconhecer seus sinais e saber como funciona o cuidado ajuda a reduzir o medo e aproxima quem precisa de suporte.

O que é esquizofrenia?

A esquizofrenia é um transtorno mental crônico que altera a forma como a pessoa pensa, sente, percebe o mundo e organiza o comportamento. Costuma começar no fim da adolescência ou no início da vida adulta. Surge pela soma de vários fatores, como predisposição genética, alterações neurobiológicas, infecções na infância e situações adversas importantes.

Principais sintomas da esquizofrenia

Sintomas positivos

Representam um acréscimo ao funcionamento mental típico.

  • Delírios, como acreditar em algo sem base na realidade.
  • Alucinações, principalmente ouvir vozes quando não há fonte externa.
  • Pensamento desorganizado, dificuldade em seguir uma linha lógica.
  • Comportamentos agitados ou incoerentes.

Sintomas negativos

Indicam perda ou redução de funções importantes.

  • Menor expressão emocional.
  • Pouca motivação.
  • Redução da fala espontânea.
  • Dificuldade para iniciar tarefas do dia a dia.

Essas manifestações podem ser confundidas com desinteresse ou preguiça, mas fazem parte da doença e têm base neurológica.

Sintomas cognitivos

Aparecem na rotina.

  • Dificuldade de concentração.
  • Falhas de memória recente.
  • Problemas para organizar atividades simples.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é clínico e feito por um psiquiatra. A avaliação considera:

  • Quais sintomas estão presentes.
  • Há quanto tempo eles acontecem, geralmente seis meses ou mais.
  • Como afetam o funcionamento da pessoa.

Exames de sangue ou imagem não confirmam a esquizofrenia. Eles servem apenas para descartar outras causas.

Uma observação importante: um episódio psicótico isolado não define esquizofrenia. O diagnóstico depende da evolução ao longo do tempo.

Sinais precoces que merecem atenção

  • Mudanças bruscas de comportamento.
  • Isolamento repentino.
  • Perda de interesse por atividades antes prazerosas.
  • Desconfiança excessiva.
  • Percepção de vozes ou sons inexistentes.

Identificar cedo facilita o tratamento e melhora muito o prognóstico.

Como é o tratamento da esquizofrenia?

Medicamentos antipsicóticos

São a base do manejo e reduzem delírios, alucinações e desorganização.

  • Antipsicóticos de primeira geração.
  • Antipsicóticos de segunda geração, mais modernos e com menos efeitos motores.

A resposta costuma ser gradual. O psiquiatra ajusta doses e troca medicamentos quando necessário. Podem ocorrer efeitos colaterais como sonolência, rigidez ou ganho de peso, mas existem alternativas seguras.

Psicoterapia

A Terapia Cognitivo Comportamental ajuda a lidar com sintomas persistentes, identificar gatilhos, organizar rotina e treinar habilidades sociais.

Reabilitação psicossocial

Favorece autonomia e funcionamento diário.

  • Atenção multiprofissional.
  • Treinamento ocupacional.
  • Orientação familiar.
  • Ajustes de rotina, sono e autocuidado.

Hábitos que ajudam

  • Manter sono regular.
  • Evitar álcool e drogas.
  • Atividade física leve.
  • Pequenas metas diárias.
  • Família bem informada e presente no cuidado.

Vida a longo prazo

Com tratamento contínuo, muitas pessoas trabalham, estudam, constroem família e levam vida independente. O maior risco é interromper o tratamento, pois isso aumenta a chance de recaídas.

Por que ainda existe tanto estigma?

Mitos ainda circulam:

  • Pessoas com esquizofrenia seriam violentas.
  • Não poderiam trabalhar.
  • Seriam imprevisíveis.

A ciência mostra outra realidade:

  • Quem está em tratamento tem baixa taxa de violência.
  • Pode estudar, trabalhar e manter relações estáveis.
  • Pode planejar, assumir responsabilidades e ter autonomia.

O estigma afasta do cuidado e atrasa o diagnóstico.

Casos extremos não representam a maioria

Situações raras de comportamento arriscado chamam atenção da mídia, como o episódio do rapaz que entrou na jaula de uma leoa e morreu. Esses casos não refletem o cotidiano de quem vive com esquizofrenia. Geralmente envolvem combinação de vários fatores:

  • Tratamento interrompido.
  • Sintomas psicóticos intensos.
  • Uso de substâncias.
  • Ausência de acompanhamento.
  • Estresse extremo.

Casos assim são exceção. O que não aparece nos jornais são milhares de pessoas estáveis que vivem normalmente.

Confira: Autismo em adultos: sinais que você pode não saber e quando buscar diagnóstico

Perguntas frequentes sobre esquizofrenia

1. A esquizofrenia tem cura?

Não, mas o tratamento controla os sintomas e garante boa qualidade de vida.

2. Esquizofrenia causa múltiplas personalidades?

Não. Múltiplas personalidades pertencem a outro transtorno.

3. O tratamento é só com remédios?

Não. Medicamentos são essenciais, mas psicoterapia e reabilitação ajudam muito.

4. A esquizofrenia pode surgir de repente?

Pode, mas muitos apresentam sinais precoces.

5. Quem tem esquizofrenia pode trabalhar?

Sim. Muitas pessoas mantêm emprego, estudam e vivem de forma independente.

6. Drogas podem desencadear esquizofrenia?

Podem aumentar o risco, principalmente em pessoas predispostas.

7. É possível prevenir?

Não há prevenção garantida, mas evitar drogas e buscar ajuda cedo reduz bastante o impacto.

Veja mais: Síndrome de Burnout: entenda quando o cansaço ultrapassa o limite

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Escrito por Dr. Luiz Dieckmann

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