DOENÇAS & CONDIÇÕES
Escoliose idiopática do adolescente: entenda mais sobre essa condição
Entenda por que a escoliose aparece nessa fase e como o acompanhamento médico ajuda a evitar complicações

Dra. Juliana Soares
5min • 4 de nov. de 2025

A escoliose idiopática do adolescente afeta até 5% dos adolescentes e é mais comum em meninas | Foto: Freepik
Durante a adolescência, o corpo passa por rápidas transformações, e é nessa fase que podem surgir alterações na postura que precisam de atenção especial. Uma delas é a escoliose idiopática do adolescente (EIA), uma curvatura anormal da coluna que costuma aparecer entre os 10 e 18 anos, em plena fase de crescimento.
Embora muitas vezes não cause dor no início, a escoliose pode evoluir silenciosamente e, se não tratada, afetar a aparência, a respiração e até o funcionamento do coração. O acompanhamento médico é muito importante para detectar a condição ainda no início e evitar que a curvatura da coluna piore.
O que é a escoliose idiopática do adolescente
A escoliose idiopática do adolescente é uma alteração na forma da coluna, que fica torta para o lado. Ela costuma aparecer entre os 10 e 18 anos de idade, período em que o corpo ainda está crescendo.
O termo “idiopática” significa que a causa exata ainda não é conhecida. A curvatura é medida pelo médico através do ângulo de Cobb e, quando esse valor é igual ou superior a 10 graus, já é considerada escoliose.
A condição pode afetar qualquer parte da coluna, mas é mais comum na região torácica (meio das costas) e lombar (parte inferior da coluna).
Quem pode ter escoliose idiopática
A escoliose idiopática do adolescente afeta entre 0,5% e 5% dos adolescentes e é mais comum em meninas — numa proporção de até três meninas para cada menino.
Embora a causa não seja totalmente compreendida, estudos indicam influência genética e ambiental. Em muitas famílias, mais de um membro apresenta o problema, o que sugere herança familiar.
Sinais e sintomas
A escoliose idiopática pode se desenvolver de forma discreta e sem sintomas no início, sendo muitas vezes identificada em exames de rotina ou durante avaliações escolares.
- Diferença na altura dos ombros ou quadris;
- Tronco inclinado para um dos lados;
- Uma costela ou parte das costas mais saliente;
- Assimetria na cintura;
- Em alguns casos, dor nas costas — mais comum em adultos.
Nos casos mais graves, a curvatura pode afetar o tórax, dificultar a respiração e até interferir no funcionamento do coração.
Como é feito o diagnóstico
O diagnóstico começa com a análise da história clínica e o exame físico, observando postura, alinhamento dos ombros, quadris e pelve.
Teste de Adams
É o exame clínico mais usado. O adolescente se inclina para frente, e o médico observa se há diferenças entre os dois lados das costas, o que indica a presença de deformidade.
Exames de imagem
A confirmação é feita por radiografia da coluna em pé, que permite medir o ângulo de Cobb e classificar a gravidade da curvatura:
- Leve: 10° a 20°;
- Moderada: 21° a 40°;
- Grave: acima de 40°.
Em casos com sintomas neurológicos, o médico pode solicitar ressonância magnética para descartar outras causas.
Tratamento
O tratamento depende do grau da curvatura, da idade do adolescente e do potencial de crescimento ósseo.
Acompanhamento clínico
Indicado para curvas leves. O adolescente é acompanhado com radiografias periódicas para verificar se há progressão.
Colete ortopédico
Recomendado em adolescentes em crescimento com curvaturas moderadas. O objetivo é impedir o aumento da deformidade, e não endireitar totalmente a coluna.
Fisioterapia específica
Exercícios direcionados ajudam a fortalecer a musculatura, melhorar o equilíbrio postural e reduzir o desconforto.
Cirurgia
Indicada em casos de curvaturas acima de 40°–45°, ou quando há dor intensa, comprometimento funcional ou questões estéticas relevantes. O procedimento corrige e estabiliza a coluna com hastes, parafusos e enxertos ósseos, proporcionando alinhamento e estabilidade.
O que pode acontecer se não for tratada
- Dor crônica nas costas;
- Limitação física e fadiga muscular;
- Baixa autoestima e impacto emocional;
- Osteopenia ou osteoporose precoce;
- Comprometimento respiratório e cardíaco em casos graves.
O diagnóstico precoce permite intervenção antes que a curvatura avance, evitando prejuízos funcionais e estéticos.
O que esperar
A maioria das curvas leves não causa sintomas graves e requer apenas acompanhamento periódico. Já as curvas mais acentuadas tendem a piorar durante o crescimento, mas podem ser controladas com o tratamento adequado.
Quando diagnosticada cedo e acompanhada por equipe especializada, a escoliose idiopática do adolescente não impede uma vida ativa e saudável.
Prevenção
Como a causa exata da escoliose idiopática ainda é desconhecida, não há uma forma garantida de preveni-la. No entanto, bons hábitos posturais e físicos ajudam no controle e na detecção precoce:
- Manter boa postura ao sentar e estudar;
- Praticar atividade física regularmente;
- Fortalecer os músculos das costas e abdômen;
- Realizar avaliações médicas periódicas durante o crescimento.
O rastreamento escolar e familiar é fundamental para identificar alterações ainda no início.
Veja também: Cirurgia de coluna: 5 condições em que ela pode ser necessária
Perguntas frequentes sobre escoliose idiopática do adolescente
1. O que é escoliose idiopática do adolescente?
É uma curvatura lateral anormal da coluna que surge geralmente entre os 10 e 18 anos, sem causa conhecida.
2. Quais são os primeiros sinais da doença?
Desalinhamento dos ombros ou quadris, tronco inclinado e uma parte das costas mais saliente.
3. A escoliose causa dor?
Na maioria dos adolescentes, não. A dor tende a ser mais comum em adultos com curvaturas acentuadas.
4. Como é feito o diagnóstico?
Por exame físico e radiografia, que mede o ângulo de Cobb e classifica a gravidade da curvatura.
5. O uso do colete ortopédico corrige a coluna?
O colete não endireita completamente, mas evita a progressão da curvatura durante o crescimento.
6. Quando é indicada a cirurgia?
Para curvaturas acima de 40°–45°, especialmente se houver dor, comprometimento funcional ou estético.
7. É possível praticar esportes com escoliose?
Sim. Com acompanhamento médico, atividades físicas ajudam no fortalecimento muscular e na postura.
8. A escoliose pode ser prevenida?
Não totalmente, mas postura adequada, exercícios e diagnóstico precoce ajudam a controlar a progressão.
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