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DOENÇAS & CONDIÇÕES

Esclerose múltipla: entenda a doença em que o corpo ataca o sistema nervoso

A inflamação da mielina, camada que protege os nervos, é o ponto central dessa condição autoimune. Descubra como ela afeta o organismo e como é tratada

Dra. Isabella Segura

Dra. Isabella Segura

5min • 21 de out. de 2025

Médica conversa com paciente homem jovem com esclerose múltipla

Ainda não se sabe exatamente a causa da esclerose múltipla, mas há alguns fatores que aumentam o risco de desenvolver a doença

Por afetar diretamente o sistema nervoso central, responsável por funções como equilíbrio, movimento e visão, a esclerose múltipla pode se manifestar de muitas formas e, por isso, o diagnóstico nem sempre é imediato. Hoje, com os avanços na medicina, é possível viver bem com a doença, desde que o tratamento seja iniciado precocemente e mantido de forma contínua.

Estima-se que mais de 2,8 milhões de pessoas em todo o mundo convivam com esclerose múltipla. A maioria dos diagnósticos ocorre entre os 20 e 50 anos, fase em que as pessoas estão ativas profissionalmente e socialmente.

Por isso, o acompanhamento médico especializado é fundamental para reduzir o impacto da doença e preservar a qualidade de vida. Entenda mais a seguir.

O que é esclerose múltipla

A esclerose múltipla é uma doença autoimune que afeta o sistema nervoso central, ou seja, o cérebro e a medula espinhal. Nessa condição, o próprio sistema imunológico, que deveria proteger o corpo, ataca por engano as estruturas nervosas.

O principal alvo da doença é a mielina, uma substância que funciona como uma capa protetora dos nervos. Ela ajuda a transmitir os sinais elétricos de forma rápida e precisa. Quando ocorre inflamação e destruição dessa capa (processo chamado desmielinização), os sinais nervosos ficam lentos ou não chegam corretamente, o que causa sintomas neurológicos variados.

Com o tempo, podem surgir cicatrizes no tecido nervoso (gliose) e perda de neurônios, o que contribui para a progressão da doença e para possíveis limitações motoras e cognitivas.

Quem pode ter esclerose múltipla

A esclerose múltipla geralmente é diagnosticada entre os 20 e 50 anos de idade e é duas a três vezes mais comum em mulheres. É considerada a segunda principal causa de incapacidade neurológica em adultos jovens, ficando atrás apenas de traumas cerebrais ou de medula.

Por que a esclerose múltipla acontece

A causa exata da esclerose múltipla ainda não é totalmente conhecida, mas a ciência acredita que a doença surja da combinação entre fatores genéticos e ambientais.

Os principais fatores de risco são:

  • Histórico familiar de esclerose múltipla;
  • Infecção anterior pelo vírus Epstein-Barr;
  • Baixos níveis de vitamina D e pouca exposição ao sol;
  • Tabagismo;
  • Obesidade durante a adolescência ou juventude.

O que acontece no corpo

Na esclerose múltipla, as células de defesa, especialmente linfócitos T e B, passam a reconhecer a mielina como um inimigo. Esse ataque causa:

  • Inflamação no sistema nervoso;
  • Destruição da mielina e das células que a produzem;
  • Formação de placas de lesão no cérebro e na medula espinhal;
  • Danos aos “fios” dos nervos (axônios), que podem levar à incapacidade progressiva.

Sintomas da esclerose múltipla

Os sintomas variam muito entre as pessoas. Eles podem aparecer de forma súbita, em surtos, ou se desenvolver lentamente ao longo do tempo.

Os sinais mais comuns incluem:

  • Fraqueza muscular;
  • Alterações na visão, como visão dupla ou perda de visão em um olho;
  • Tremores, desequilíbrio e falta de coordenação;
  • Formigamento ou perda de sensibilidade;
  • Fadiga intensa;
  • Problemas urinários e intestinais;
  • Alterações cognitivas, como de atenção, memória e raciocínio;
  • Depressão e ansiedade;
  • Rigidez muscular;
  • Neurite óptica (inflamação do nervo do olho).

Tipos de esclerose múltipla

A doença pode se manifestar de diferentes formas clínicas:

  • Esclerose múltipla recorrente-remitente (EMRR): é a forma mais comum, presente em cerca de 85% dos casos. Os sintomas aparecem em crises (surtos), seguidas de períodos de melhora parcial ou total;
  • Esclerose múltipla progressiva secundária (EMSP): começa como EMRR, mas evolui para uma piora contínua, mesmo sem crises definidas;
  • Esclerose múltipla progressiva primária (EMPP): desde o início apresenta progressão lenta e constante, sem períodos de melhora. É menos comum;
  • Esclerose múltipla progressiva-recorrente: forma rara em que há progressão contínua, mas também surgem surtos ocasionais.

Diagnóstico da esclerose múltipla

Não há um único exame que confirme o diagnóstico. O médico faz a avaliação com base em histórico clínico, sintomas e exames complementares, como:

  • Ressonância magnética: exame mais sensível para detectar a EM, identifica lesões típicas no cérebro e na medula. O uso de contraste ajuda a diferenciar lesões novas e antigas;
  • Análise do líquor (líquido da coluna): coleta de uma pequena amostra do líquido que envolve o cérebro e a medula espinhal para verificar proteínas e células que indiquem inflamação típica da EM;
  • Testes de potenciais evocados: avaliam se a transmissão dos sinais nervosos está mais lenta do que o normal.

Tratamento da esclerose múltipla

Ainda não existe cura para a esclerose múltipla, mas os tratamentos atuais conseguem controlar os surtos e retardar a progressão da doença, o que traz mais qualidade de vida.

As abordagens incluem:

  • Controle das crises agudas (surtos): uso de corticoides para reduzir a inflamação;
  • Tratamentos modificadores da doença: medicamentos (injeções, comprimidos ou infusões) que reduzem a atividade inflamatória e retardam o avanço da EM;
  • Tratamento dos sintomas: fisioterapia, fonoaudiologia e uso de medicamentos específicos para fadiga, dor, rigidez muscular e alterações urinárias ou intestinais.

O acompanhamento deve ser feito com uma equipe multidisciplinar, incluindo neurologista, fisioterapeuta e psicólogo, entre outros profissionais.

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Perguntas frequentes sobre esclerose múltipla

1. A esclerose múltipla tem cura?

Ainda não. No entanto, há tratamentos eficazes que controlam os surtos, reduzem inflamações e retardam o avanço da doença.

2. A esclerose múltipla é hereditária?

Não é diretamente hereditária, mas pessoas com histórico familiar têm risco maior de desenvolver a doença.

3. A esclerose múltipla causa morte?

Não costuma ser fatal, mas pode causar limitações físicas e cognitivas ao longo dos anos se não for tratada adequadamente.

4. A vitamina D ajuda no tratamento?

Níveis adequados de vitamina D parecem ter efeito protetor e podem ser recomendados como parte do acompanhamento médico.

5. Quem tem esclerose múltipla pode engravidar?

Sim. Mulheres com esclerose múltipla podem engravidar, mas o tratamento deve ser ajustado sob orientação médica antes da concepção.

6. Esclerose múltipla tem relação com o estresse?

O estresse não causa a doença, mas pode desencadear ou agravar surtos em quem já tem diagnóstico.

7. Quais são os primeiros sinais da esclerose múltipla?

Alterações na visão, formigamento, fraqueza muscular e fadiga intensa são sintomas iniciais comuns que merecem investigação médica.

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Escrito por Dra. Isabella Segura

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