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DOENÇAS & CONDIÇÕES

Escarlatina: uma infecção antiga que ainda exige atenção hoje

Doença bacteriana mais comum em crianças, a escarlatina causa febre alta, erupção característica e requer tratamento com antibióticos rápidos para evitar complicações graves

Dra. Juliana Soares

Dra. Juliana Soares

5min • 19 de out. de 2025

Criança com escarlatina apresenta febre alta e cuidadora mede temperatura.

Doença antiga, a escarlatina também aparece nos dias atuais

Doença muito conhecida no passado, a escarlatina volta à atenção da medicina moderna como uma infecção que, apesar de antiga, ainda exige vigilância. Quando não tratada corretamente, pode evoluir para problemas que afetam o coração, os rins e até causar infecções graves secundárias.

Nos últimos anos, a conscientização sobre seu diagnóstico rápido e tratamento adequado ganhou espaço, especialmente em ambientes pediátricos. Entender como reconhecer os sinais, como ela se espalha e quais medidas adotar pode fazer toda a diferença para proteger crianças e adultos.

O que é a escarlatina

A escarlatina é uma doença infecciosa causada pela bactéria Streptococcus pyogenes — a mesma que provoca amigdalite. Embora seja mais comum em crianças, ela também pode afetar adultos. O nome “escarlatina” deve-se ao exantema vermelho característico que surge na pele: uma erupção cutânea avermelhada e com textura típica, que confere à doença seu apelido visual.

Transmissão e período de incubação

A transmissão ocorre por contato direto com saliva ou secreções de pessoas infectadas. O período de incubação — ou seja, entre a exposição ao bacilo e o surgimento dos primeiros sintomas — varia de 2 a 5 dias.

Sinais e sintomas

A escarlatina frequentemente começa como uma gripe forte ou amigdalite, evoluindo com manifestações na pele mais específicas após 2 dias. Depois de 3 a 4 dias, pode ocorrer descamação da pele.

Principais sintomas:

  • Febre alta súbita;
  • Dor de garganta intensa (às vezes com pus nas amígdalas);
  • Mal-estar geral: cansaço, dor de cabeça, falta de apetite;

Exantema cutâneo (erupção vermelha):

  • Surge entre 12 e 48 horas após o início da febre;
  • Começa no pescoço e tronco e se alastra para braços, pernas e rosto;
  • Geralmente poupa palmas, plantas dos pés e região ao redor da boca;
  • A pele fica avermelhada e áspera, como “lixa”;
  • Algumas áreas próximas à boca ficam mais pálidas.

Língua característica: inicialmente esbranquiçada com pontinhos vermelhos, depois torna-se vermelha intensa (“língua de morango”).

Descamação: após alguns dias, ocorre principalmente em mãos e pés.

Diagnóstico

O diagnóstico da escarlatina costuma ser feito no consultório, baseado nos sintomas e no exame físico. Em casos duvidosos, pode-se pedir cultura de garganta para detectar a presença de Streptococcus pyogenes.

Exames de sangue geralmente não são necessários, mas podem ser úteis para avaliar complicações.

Tratamento e cuidados

Quando bem tratado, o prognóstico da escarlatina é geralmente bom e a recuperação costuma ser rápida.

  • Antibióticos: devem ser usados exatamente pelo tempo indicado, mesmo que os sintomas melhorem antes do fim. Parar prematuramente pode aumentar o risco de complicações;
  • Repouso e hidratação: beber bastante líquido e repousar auxiliam na recuperação;
  • Medicamentos para alívio dos sintomas: antitérmicos (para febre) e analgésicos (para dor) podem ser usados conforme orientação médica.

Possíveis complicações

Se não tratada corretamente, a escarlatina pode levar a:

  • Febre reumática: inflamação que pode afetar coração e articulações;
  • Glomerulonefrite: inflamação dos rins;
  • Infecções secundárias: como em ouvido, pulmões ou pele.

Com tratamento adequado e precoce, essas complicações são menos frequentes.

Como prevenir

Algumas medidas simples ajudam a reduzir o risco de escarlatina:

  • Tratar rapidamente infecções de garganta causadas por estreptococo;
  • Evitar contato próximo com pessoas infectadas enquanto não estiverem em antibiótico por pelo menos 24 horas;
  • Lavar as mãos com frequência e não compartilhar copos, talheres ou toalhas;
  • Manter a vacinação em dia. Embora não exista vacina específica para escarlatina, proteger-se contra outras infecções reforça a saúde como um todo.

Confira: Anemia carencial: o que acontece quando faltam nutrientes no sangue

Perguntas frequentes sobre escarlatina

1. A escarlatina só afeta crianças?

Não. Embora seja mais comum em crianças, adultos também podem contrair a doença.

2. Escarlatina é uma forma grave de gripe?

Não exatamente. Apesar de começar parecido com gripe ou amigdalite, trata-se de uma infecção bacteriana que exige tratamento com antibiótico.

3. Quanto tempo dura a escarlatina?

Com tratamento, muitos casos melhoram dentro de poucos dias, mas o antibiótico deve ser mantido por todo o período prescrito.

4. Posso voltar à escola ou trabalho logo após iniciar o antibiótico?

Após 24 horas de uso contínuo do antibiótico, a pessoa costuma deixar de ser contagiosa, mas a retomada das atividades depende de avaliação médica.

5. Há vacina contra escarlatina?

Não existe vacina específica para escarlatina. A prevenção se baseia no tratamento de infecções por estreptococo e em medidas de higiene.

6. Qual a diferença entre escarlatina e sarampo?

Ambas têm exantema (erupção), mas causas diferentes: escarlatina é bacteriana (Streptococcus); sarampo é viral. Sintomas iniciais e história clínica ajudam a diferenciar.

7. Posso ter escarlatina várias vezes?

Sim, é possível. A imunidade não é necessariamente permanente, e reinfecções podem ocorrer, embora sejam menos frequentes.

Leia também: Dor abdominal: o que pode estar por trás desse sintoma tão comum?

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Escrito por Dra. Juliana Soares

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