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DOENÇAS & CONDIÇÕES

Dor latejante e sensibilidade à luz? Pode ser enxaqueca

A enxaqueca é mais do que uma simples dor de cabeça: é um distúrbio neurológico que pode durar horas, causar dor intensa e afetar a qualidade de vida

Dra. Isabella Segura

Dra. Isabella Segura

5min • 12 de out. de 2025

Menina jovem segura coloca as mãos nas têmporas durante uma crise de enxaqueca

Aquela dor forte de um lado da cabeça, que lateja e parece piorar a cada movimento, não é apenas uma dor de cabeça comum. Pode tratar-se de enxaqueca, um distúrbio neurológico que afeta milhões de pessoas, principalmente mulheres, e pode ser incapacitante.

Caracterizada por crises intensas, náuseas, sensibilidade à luz, ao som e até aos cheiros, a enxaqueca interfere nas tarefas mais simples da rotina. Apesar de não ter cura definitiva, hoje existem tratamentos eficazes e medidas preventivas que ajudam a reduzir a frequência e a intensidade das crises.

O que é enxaqueca

A enxaqueca é uma dor de cabeça crônica e recorrente, considerada um distúrbio neurológico. Diferentemente das dores comuns, ela costuma ser intensa, pulsátil, afeta apenas um lado da cabeça e vem acompanhada de náuseas, vômitos, sensibilidade à luz (fotofobia), a sons (fonofobia) e até a cheiros fortes (osmofobia).

É uma das queixas neurológicas mais frequentes nos consultórios e tem forte relação familiar, afetando frequentemente mais de uma pessoa na mesma família.

Como acontecem as crises de enxaqueca

As crises podem durar de 4 a 72 horas e costumam seguir quatro fases principais:

1. Fase premonitória (ou pródromo)

Surge horas ou dias antes da dor e pode incluir:

  • Bocejos repetidos;
  • Alterações de humor;
  • Dificuldade de concentração;
  • Rigidez na nuca;
  • Fadiga;
  • Desejo por certos alimentos.

2. Aura (nem todos apresentam)

Cerca de 1 em cada 3 pessoas com enxaqueca tem aura, um fenômeno neurológico temporário que ocorre antes ou durante a dor.

  • O tipo mais comum é a aura visual, com pontos brilhantes, linhas em zigue-zague, borrões ou visão turva;
  • Também pode acontecer formigamento, dormência, dificuldade para falar ou desequilíbrio;
  • Dura de 5 a 60 minutos e desaparece completamente.

3. Cefaleia (fase da dor)

É a fase mais marcante:

  • Dor forte e latejante, geralmente em um lado da cabeça;
  • Piora com esforço físico ou movimentos da cabeça;
  • Costuma vir acompanhada de náuseas, vômitos, sensibilidade à luz, sons e cheiros fortes;
  • Em crises intensas, a pessoa pode não conseguir fazer tarefas diárias.

4. Pósdromo (a “ressaca” da enxaqueca)

Após a dor, é comum sentir:

  • Cansaço;
  • Dificuldade de concentração;
  • Sonolência;
  • Sensibilidade a barulhos.

Quanto mais intensa a crise, mais evidentes tendem a ser esses sintomas.

O que causa a enxaqueca

A enxaqueca é causada pela ativação do sistema trigeminovascular, um conjunto de terminações nervosas ao redor dos vasos sanguíneos e das meninges, as membranas que envolvem o cérebro.

Quando ativadas, essas estruturas enviam sinais de dor desencadeados por fatores mecânicos, químicos ou inflamatórios.

Isso gera a dor latejante característica, frequentemente acompanhada de náusea, sensibilidade à luz e ao som. A história familiar é comum, e a enxaqueca tem base genética — geralmente herdada por múltiplos genes.

Diagnóstico da enxaqueca

O diagnóstico da enxaqueca é clínico, ou seja, feito a partir da história e dos sintomas relatados pelo paciente.

Para confirmar enxaqueca sem aura, geralmente é necessário ter pelo menos cinco crises com características típicas:

  • Dor com duas ou mais das seguintes características:
    • Unilateral;
    • Pulsátil;
    • Intensidade moderada a forte;
    • Piora com esforço físico.
  • Duração: de 4 a 72 horas (sem tratamento ou sem resposta ao tratamento);
  • Presença de pelo menos um dos sintomas:
    • Náusea e/ou vômitos;
    • Sensibilidade à luz e/ou ao som.

Em casos atípicos, como primeira crise intensa, crises diferentes das habituais, sintomas neurológicos persistentes ou enxaqueca após trauma, o médico pode solicitar ressonância magnética ou outros exames para descartar outras causas secundárias.

Fatores que pioram ou melhoram a enxaqueca

Fatores que podem desencadear ou agravar as crises

  • Estresse e ansiedade;
  • Jejum prolongado;
  • Alterações hormonais (em mulheres);
  • Mudanças de sono (poucas horas ou horários irregulares);
  • Alimentos e bebidas específicos, como álcool, excesso de cafeína ou adoçante aspartame.

Fatores que ajudam na prevenção

  • Dormir bem e em horários regulares;
  • Manter boa hidratação;
  • Praticar atividade física regularmente;
  • Alimentar-se de forma equilibrada.

Veja também: Fisioterapia preventiva: cuidar antes da dor aparecer pode mudar sua saúde

Tratamento da enxaqueca

Embora não tenha cura definitiva, a enxaqueca pode ser controlada. O tratamento combina medidas não medicamentosas e remédios.

1. Medidas não medicamentosas

  • Ter rotina regular de sono, refeições e exercícios;
  • Evitar jejum;
  • Praticar técnicas de relaxamento, atenção plena ou ioga;
  • Controlar o consumo de cafeína, evitando tanto o excesso quanto a abstinência brusca.

2. Tratamento das crises

O tratamento das crises é feito durante a dor, geralmente com:

  • Analgésicos comuns e anti-inflamatórios;
  • Medicações específicas para enxaqueca;
  • Antieméticos, que ajudam a aliviar náuseas e vômitos.

3. Tratamento preventivo (profilático)

Indicado quando:

  • Há três ou mais crises por mês por pelo menos três meses;
  • As crises são muito incapacitantes;
  • As medicações não trazem alívio ou causam efeitos colaterais.

Os medicamentos usados na prevenção podem incluir fármacos para pressão arterial, antidepressivos ou anticonvulsivantes, sempre com prescrição médica.

Novos tratamentos, como injeções mensais de anticorpos monoclonais ou o uso de toxina botulínica em pontos específicos da cabeça e pescoço, também podem ser considerados.

Perguntas frequentes sobre enxaqueca

1. Enxaqueca é uma doença hereditária?

Sim. Existe forte componente genético, e muitas vezes mais de uma pessoa da mesma família apresenta o problema.

2. Toda dor de cabeça forte é enxaqueca?

Não. A enxaqueca tem características específicas, como dor pulsátil, em um lado da cabeça, e acompanhada de náuseas e sensibilidade à luz ou ao som.

3. Enxaqueca tem cura?

Não existe cura definitiva, mas há tratamentos eficazes que reduzem a frequência e a intensidade das crises.

4. Quem tem enxaqueca pode usar analgésicos comuns?

Sim, mas o uso frequente sem orientação médica pode causar cefaleia por abuso de analgésicos. O ideal é seguir tratamento personalizado.

5. O que é enxaqueca com aura?

É quando surgem sintomas neurológicos antes da dor, como visão borrada, luzes piscando ou formigamento.

6. Exercício físico ajuda ou piora a enxaqueca?

Durante a crise pode piorar, mas a prática regular ajuda a prevenir novas crises.

7. Quando procurar um neurologista?

Se as dores forem frequentes, muito intensas ou não melhorarem com os medicamentos usuais, é hora de buscar avaliação especializada.

Leia mais: Como evitar dores ao usar computador e celular: um guia prático de ajustes na rotina

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Foto de Dra. Isabella Segura

Escrito por Dra. Isabella Segura

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