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DOENÇAS & CONDIÇÕES

Infecções podem afetar as válvulas do coração: saiba o que é endocardite infecciosa

A endocardite infecciosa é uma inflamação séria das válvulas cardíacas que pode levar a complicações graves se não for diagnosticada e tratada precocemente

Dra. Juliana Soares

Dra. Juliana Soares

5min • 19 de dez. de 2025

Médico examina paciente homem de meia idade com suspeita de endocardite infecciosa

A infecção compromete o funcionamento normal das válvulas do coração e pode levar a complicações sistêmicas graves. | Foto: Freepik

A endocardite infecciosa é uma condição rara, mas potencialmente fatal, que afeta diretamente o coração. Apesar de pouco conhecida pelo público geral, ela exige atenção médica imediata, já que pode agravar rapidamente e causar danos irreversíveis às válvulas cardíacas e a outros órgãos.

Mais comum em pessoas idosas e em pacientes com doenças prévias ou dispositivos cardíacos, a endocardite infecciosa está frequentemente relacionada a infecções bacterianas que alcançam a corrente sanguínea. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são decisivos para reduzir o risco de complicações e mortalidade.

O que é a endocardite infecciosa?

A endocardite infecciosa é uma inflamação das válvulas cardíacas, geralmente causada por bactérias, sendo os casos por fungos mais raros.

Ela ocorre com maior frequência em homens idosos e em pessoas com fatores de risco, como:

  • Próteses valvares
  • Dispositivos cardíacos implantáveis
  • Doenças valvulares prévias
  • Hemodiálise
  • Pressão alta
  • Diabetes

A infecção compromete o funcionamento normal das válvulas do coração e pode levar a complicações sistêmicas graves.

Causas

A maioria dos casos de endocardite infecciosa é causada por bactérias, principalmente:

  • Estreptococos
  • Estafilococos
  • Enterococos

A doença se desenvolve quando há uma lesão prévia nas válvulas cardíacas, o que facilita a adesão de microrganismos. Esses agentes podem entrar na corrente sanguínea por diferentes vias, como:

  • Procedimentos dentários
  • Cirurgias
  • Uso de substâncias injetáveis
  • Presença de dispositivos médicos

Após a adesão das bactérias à válvula lesionada, forma-se uma estrutura chamada vegetação, que prejudica o funcionamento da válvula e pode liberar pequenos fragmentos (microêmbolos). Esses microêmbolos podem obstruir vasos sanguíneos menores, causando inflamação e interrupção do fluxo sanguíneo em diferentes órgãos.

Principais sintomas

Os sintomas da endocardite infecciosa variam conforme a gravidade da infecção e resultam tanto da presença de bactérias no sangue (bacteremia) quanto do comprometimento das válvulas cardíacas.

Os sinais mais comuns incluem:

  • Febre
  • Calafrios
  • Mal-estar geral
  • Fadiga

Com a progressão da doença, pode surgir:

  • Aparecimento de um novo sopro cardíaco
  • Piora de um sopro já existente

Em casos mais avançados, o paciente pode apresentar:

  • Dor no peito
  • Falta de ar intensa
  • Desconforto respiratório mesmo em repouso

Lesões características

Algumas alterações cutâneas podem surgir, como:

  • Lesões de Janeway: manchas indolores nas palmas das mãos e plantas dos pés
  • Nódulos de Osler: nódulos avermelhados e dolorosos nos dedos

Quando os microêmbolos atingem o sistema nervoso central, podem ocorrer complicações graves, como:

  • Abscessos cerebrais
  • Acidente vascular cerebral (AVC)
  • Meningite

Diagnóstico

O diagnóstico da endocardite infecciosa é feito pela associação dos sintomas com os achados do exame físico feito pelo médico e exames complementares.

O principal exame é o ecocardiograma, que permite avaliar o funcionamento do coração e identificar vegetações nas válvulas.

Tipos de ecocardiograma

  • Ecocardiograma transtorácico: mais acessível e geralmente o primeiro a ser realizado;
  • Ecocardiograma transesofágico: mais sensível, porém mais invasivo.

Além disso, a hemocultura é fundamental para identificar o microrganismo causador da infecção e orientar o tratamento antibiótico.

Em casos de dor torácica, pode ser solicitado um eletrocardiograma, principalmente para descartar outras condições, como infarto.

Tratamento

O tratamento da endocardite infecciosa baseia-se no uso de antimicrobianos intravenosos.

Assim que há suspeita clínica da doença, inicia-se a antibioticoterapia empírica, sem aguardar os resultados das hemoculturas, com foco nos microrganismos mais comuns.

Após a identificação do agente infeccioso e do antibiograma, o esquema antibiótico é ajustado conforme a sensibilidade do microrganismo.

Tratamento cirúrgico

A troca da válvula acometida pode ser necessária nos casos de:

  • Insuficiência valvar grave;
  • Infecções extensas;
  • Embolizações frequentes.

Prognóstico

O prognóstico da endocardite infecciosa varia conforme:

  • O microrganismo envolvido;
  • A rapidez do diagnóstico;
  • A presença de insuficiência cardíaca.

Infecções causadas por estafilococos e associadas a insuficiência cardíaca costumam apresentar maior mortalidade.

Nos casos mais leves, quando tratados adequadamente, os pacientes podem evoluir bem e não apresentar sequelas permanentes.

Leia também: Trabalho noturno: conheça os riscos para a saúde do coração

Perguntas frequentes sobre endocardite infecciosa

1. A endocardite infecciosa é contagiosa?

Não. Ela não é transmitida de pessoa para pessoa.

2. Procedimentos dentários podem causar endocardite?

Sim, especialmente em pessoas com válvulas cardíacas doentes ou próteses valvares.

3. Toda endocardite precisa de cirurgia?

Não. Muitos casos são tratados apenas com antibióticos, mas a cirurgia pode ser necessária em situações específicas.

4. Quanto tempo dura o tratamento?

O tratamento com antibióticos costuma durar várias semanas, geralmente em ambiente hospitalar.

5. A doença pode voltar?

Sim, especialmente se os fatores de risco persistirem.

6. Quem já teve endocardite precisa de cuidados especiais?

Sim. O acompanhamento cardiológico regular é fundamental.

7. A endocardite pode levar à morte?

Sim, principalmente se não for diagnosticada e tratada precocemente.

Veja mais: Burnout pode causar infarto? Veja como o desgaste emocional afeta o coração

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Escrito por Dra. Juliana Soares

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