PREVENÇÃO & LONGEVIDADE
Métodos contraceptivos: existe um mais eficaz? Saiba os riscos de falha em cada opção
De métodos hormonais a wearables, especialista explica eficácia, vantagens e limitações das principais formas de contracepção

Dra. Andreia Sapienza
5min • 27 de out. de 2025

Não existe método contraceptivo 100% eficaz; o ideal é avaliar o que é melhor para cada um
Escolher um entre vários métodos contraceptivos é uma decisão que envolve mais do que prevenir uma gravidez indesejada — trata-se também de saúde, praticidade e proteção contra infecções. Hoje, há diversas opções disponíveis, e a dúvida mais comum é: qual delas é a mais eficaz?
A ginecologista e obstetra Andreia Sapienza explica que a comparação não é tão simples: “São todos muito parecidos, por isso é difícil dizer exatamente qual é o mais eficaz”. Ela destaca que a eficácia é medida pelas falhas na prática — ou seja, quantas gestações ocorrem entre mulheres que utilizam o mesmo método ao longo do tempo. “É essa taxa que mostra se ele funciona mais ou menos bem”.
Para entender melhor, reunimos os principais métodos contraceptivos e suas taxas de eficácia com base em dados recentes.
Pílula anticoncepcional: disciplina é a chave
A pílula é um dos métodos mais usados no mundo. Ao combinar hormônios que inibem a ovulação, ela oferece alta eficácia, mas depende de disciplina diária para funcionar bem.
- Uso perfeito: 99,96% (1 falha a cada 2.500 ciclos)
- Uso comum: 93–95% (esquecimentos, vômitos, diarreias ou interações medicamentosas reduzem a eficácia)
“A pílula tem o chamado índice de Pearl, que mede a taxa de falha ideal e a habitual”, explica Andreia. No uso ideal, a eficácia é próxima de 100%, mas na prática ela diminui devido a falhas humanas. É um método confiável — desde que usado com rigor e regularidade.
DIU: proteção de longa duração
O dispositivo intrauterino (DIU) é cada vez mais procurado, especialmente por quem quer evitar esquecimentos. Existem dois tipos principais:
- DIU de cobre: cria um ambiente hostil aos espermatozoides.
- DIU hormonal: libera progesterona sintética (levonorgestrel), engrossando o muco cervical e dificultando a passagem dos espermatozoides.
Eficácia: 99% | Duração: 5 a 10 anos
“O DIU tem taxa de eficácia de 98%. Comparado com a pílula no uso ideal, é um pouco menor, mas supera o uso comum da pílula”, diz Andreia. Por não depender da disciplina da usuária, é uma opção prática e segura para quem busca proteção prolongada.
Implante hormonal: eficácia próxima de 100%
O implante subdérmico é um pequeno bastão inserido sob a pele do braço, que libera hormônio continuamente. É considerado um dos métodos mais eficazes.
- Eficácia: acima de 99%
- Duração: cerca de 3 anos
Como não exige uso diário, praticamente elimina falhas humanas. O principal obstáculo ainda é o acesso: nem sempre está disponível na rede pública e pode ter custo elevado em clínicas particulares.
Laqueadura e vasectomia: opções definitivas
São métodos cirúrgicos e permanentes, recomendados para quem já tem filhos ou não deseja engravidar futuramente.
- Laqueadura: bloqueia ou remove as tubas uterinas. Eficácia acima de 99%.
- Vasectomia: interrompe os ductos deferentes. Eficácia de 99,85% (após exame confirmar ausência de espermatozoides).
Apesar de muito seguros, não são 100% infalíveis. Há raros casos de falha por recanalização dos ductos. São métodos eficazes, mas de difícil reversão, devendo ser escolhidos com responsabilidade.
Camisinha e métodos de barreira: prevenção dupla
A camisinha masculina continua essencial por oferecer dupla proteção: contra gravidez e contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).
- Camisinha masculina: 98% (uso perfeito) | 87% (uso comum)
- Camisinha feminina: 95% (uso perfeito) | 79% (uso comum)
“A camisinha masculina é muito usada, mas pode falhar se colocada de forma incorreta, se soltar ou romper”, explica Andreia. Já a feminina, o diafragma e os espermicidas têm eficácia menor, mas podem ser combinados com outros métodos. Mesmo com menor taxa de sucesso, a camisinha é indispensável em relações casuais.
Métodos contraceptivos naturais: disciplina como requisito
Os métodos naturais, como tabelinha, temperatura basal e sintotermal, se baseiam na observação do ciclo menstrual e sinais corporais. São opções para quem prefere evitar hormônios, mas exigem muita disciplina e autoconhecimento.
- Tabelinha: até 97% (uso perfeito) | cerca de 75% (uso comum)
- Temperatura basal: 98% (uso perfeito) | 77% (uso comum)
- Método sintotermal: até 99% (uso perfeito) | 77–80% (uso comum)
“São bem mais falhos que outros métodos”, ressalta Andreia. “Funcionam para mulheres muito disciplinadas, mas falham bastante em populações maiores”. Mesmo com o suporte de aplicativos modernos, esses métodos ainda são menos seguros que os hormonais ou cirúrgicos.
Wearables: a “tabelinha 2.0”
A tecnologia trouxe versões modernas dos métodos naturais, como o Oura Ring, anel que mede temperatura corporal durante o sono e envia os dados ao app Natural Cycles, que calcula os dias férteis.
- Uso perfeito: até 93%
- Uso comum: cerca de 77%
Esses dispositivos funcionam como uma versão digital do método sintotermal. Reduzem erros humanos, mas ainda têm falhas significativas e não se comparam em eficácia ao DIU ou ao implante.
Contracepção de emergência: último recurso
A pílula do dia seguinte deve ser usada apenas em emergências, como relação sem proteção ou falha de outro método. Atua atrasando ou inibindo a ovulação.
- Eficácia: 70–85%, dependendo do momento da ovulação
Andreia reforça: “A pílula do dia seguinte não é abortiva. Ela age como outros métodos, mas de forma aguda, dificultando a movimentação do espermatozoide e a descida do óvulo. Pode falhar se a ovulação já tiver ocorrido.”
Não deve ser usada de forma contínua, pois tem eficácia limitada e pode causar efeitos colaterais mais intensos.
Não existe um método único ideal
Os métodos mais eficazes são os que não dependem da disciplina diária: implante, DIU, laqueadura e vasectomia. A camisinha segue essencial por prevenir ISTs, enquanto os naturais e wearables têm eficácia menor.
“Cada método tem vantagens e falhas, dependendo do uso e da disciplina da pessoa. Só preservativos previnem tanto gravidez quanto ISTs. E a contracepção de emergência não substitui métodos regulares”, resume Andreia Sapienza.
A escolha deve ser individualizada, considerando estilo de vida e com orientação médica.
Leia também: DIU de cobre: o que é, como funciona e efeitos colaterais
Perguntas frequentes sobre eficácia de métodos contraceptivos
1. Qual é o método contraceptivo mais eficaz?
Os métodos contraceptivos mais eficazes são os que não dependem de disciplina diária: implante hormonal, DIU e os métodos definitivos (laqueadura e vasectomia), todos com eficácia acima de 99%.
2. A pílula anticoncepcional é realmente segura?
Sim, quando usada corretamente. No uso perfeito, chega a quase 100% de eficácia, mas cai para 93–95% no uso típico, devido a esquecimentos e interações medicamentosas.
3. E a camisinha, funciona bem?
A camisinha masculina tem eficácia de até 98% no uso ideal e cerca de 87% no uso comum. A feminina é um pouco menos eficaz (95% e 79%, respectivamente), mas ambas são as únicas que também protegem contra ISTs.
4. Os métodos contraceptivos naturais, como tabelinha, são confiáveis?
Variam muito. A tabelinha pode chegar a 97% no uso perfeito, mas cai para 75% na prática. O método sintotermal é mais preciso (até 99% no uso ideal), mas requer disciplina e monitoramento constante.
5. Wearables como o Oura Ring são mais confiáveis que a tabelinha?
São mais práticos, pois automatizam as medições, mas a eficácia máxima é de 93%, caindo para 77% no uso comum — abaixo dos métodos hormonais e do DIU.
6. A pílula do dia seguinte funciona sempre?
Não. Sua eficácia varia entre 70 e 85%, conforme o momento da ovulação. É indicada apenas como recurso de emergência e não deve substituir métodos regulares.
Leia também: DIU hormonal: o que é, tipos, vantagens e desvantagens

