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DOENÇAS & CONDIÇÕES

Drogas e coração: os riscos reais que você precisa conhecer 

Do aumento da pressão arterial ao risco de infarto fulminante, drogas como cocaína, crack e maconha podem causar estragos sérios no coração, muitas vezes em pessoas jovens e aparentemente saudáveis

Dra. Juliana Soares

Dra. Juliana Soares

5min • 12 de set. de 2025

Drogas e coração: os riscos reais que você precisa conhecer 

As drogas ilícitas não dão trégua ao coração. Em alguns casos, os efeitos são quase imediatos e podem ser fatais. Substâncias como cocaína e crack aceleram os batimentos, elevam a pressão arterial e aumentam o risco de arritmias. O resultado pode ser um infarto fulminante, mesmo em quem nunca teve histórico de problemas cardíacos.

O uso frequente dessas substâncias também cobra um preço alto: pressão alta crônica, sobrecarga do sistema cardiovascular e maior risco de acidente vascular cerebral (AVC). Para se ter uma ideia, estudos mostram que a cocaína está ligada a cerca de um quarto dos infartos em pessoas com menos de 45 anos.

Como as drogas afetam o coração

Coração saudável e drogas ilícitas não combinam. Além da dependência química, cada substância provoca danos específicos ao sistema cardiovascular.

Cocaína, crack e anfetaminas

Essas drogas estimulantes aceleram o ritmo cardíaco (taquicardia), elevam a pressão e aumentam o risco de arritmias perigosas. Também podem causar vasoespasmo, um aperto súbito nas artérias, que reduz o fluxo de sangue para o coração.

“Essa combinação de espasmo na artéria, pressão elevada e coração acelerado pode levar a um infarto fulminante e morte mesmo em pessoas jovens e sem histórico de doenças cardíacas. Em quem já tem doença no coração, o risco é ainda maior”, alerta a cardiologista Juliana Soares, do Hospital Albert Einstein.

Maconha recreativa

Apesar da fama de mais leve, a maconha também oferece riscos. Pode aumentar a pressão, favorecer arritmias, prejudicar a circulação e facilitar a formação de coágulos. Tudo isso eleva o risco de infarto e AVC.

“É importante ressaltar que a maconha é diferente da canabis medicinal”, explica a médica.

“Enquanto a maconha como droga tem elevadas quantidades de THC (tetrahidrocanabinol), responsável pelos efeitos psicotrópicos da droga e também por grande parte dos efeitos nocivos sobre o sistema cardiovascular, a canabis medicinal possui concentração mais elevada de CBD (canabidiol) que tem propriedades analgésicas, anti-inflamatórias e ansiolíticas”, conta.

Álcool associado a drogas ilícitas

O combo álcool com drogas potencializa o perigo. No caso da mistura de cocaína com álcool, o corpo forma compostos químicos que elevam ainda mais o risco de inflamação, arritmias e infarto.

Drogas injetáveis (heroína)

Substâncias como heroína, quando aplicadas por via injetável, aumentam o risco de infecções graves no coração. Isso ocorre porque bactérias presentes nas seringas podem atingir as válvulas cardíacas, causando uma condição chamada endocardite.

“O consumo de drogas é um perigo real para o coração. As drogas podem provocar danos irreversíveis independente de idade ou antecedentes cardiovasculares”, alerta a especialista.

Leia mais: Palpitações no coração: o que pode ser e quando procurar atendimento médico

Doenças cardíacas relacionadas ao uso de drogas

  • Miocardite: inflamação do músculo cardíaco, que pode evoluir para cardiomiopatia (enfraquecimento do coração) e levar à insuficiência cardíaca;
  • Endocardite: infecção que atinge a camada interna do coração (endocárdio) e suas válvulas. Além de danificar as válvulas, pode gerar coágulos que se deslocam para o cérebro (AVC) ou pulmões (embolia pulmonar).

Quem tem mais risco de endocardite?

A endocardite pode afetar qualquer pessoa, como aquelas que usam drogas ilícitas, mas alguns grupos são ainda mais vulneráveis:

  • Pessoas com doenças nas válvulas cardíacas;
  • Quem tem cardiopatias congênitas;
  • Pessoas com histórico de febre reumática;
  • Indivíduos que passaram por procedimentos odontológicos, como extração de dentes;
  • Pessoas com imunidade baixa ou que usam dispositivos como marcapassos.

Perguntas frequentes sobre drogas e coração

1. É verdade que a cocaína pode causar infarto em pessoas jovens?

Sim. A cocaína pode provocar infarto fulminante mesmo em pessoas sem doenças cardíacas prévias.

2. A maconha faz mal para o coração?

Sim. A maconha recreativa pode aumentar a pressão arterial, o risco de arritmias, infarto e AVC. É diferente da cannabis medicinal, que tem outra composição e uso controlado.

3. O que é vasoespasmo?

É um estreitamento súbito das artérias, que reduz o fluxo sanguíneo para o coração. Ele é comum após o uso de drogas como cocaína e crack.

4. Drogas injetáveis podem causar doenças no coração?

Sim. O uso de drogas injetáveis aumenta o risco de endocardite infecciosa, uma infecção grave das válvulas cardíacas.

5. Misturar drogas com álcool aumenta os riscos?

Sim. A combinação potencializa os efeitos nocivos e aumenta muito as chances de inflamação, arritmias e infarto fulminante.

6. O que é miocardite?

É uma inflamação do músculo cardíaco, que pode ser causada pelo uso de drogas e evoluir para insuficiência cardíaca.

7. Quem já tem problema no coração corre mais risco com o uso de drogas?

Sim. Pessoas com doenças cardíacas pré-existentes são ainda mais vulneráveis e podem sofrer complicações fatais.

Leia também: Como o estresse afeta o coração e o que fazer para proteger a saúde cardiovascular

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Escrito por Dra. Juliana Soares

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