SINAIS & SINTOMAS
Dor pélvica forte? Pode ser endometriose
Entenda por que a doença demora a ser diagnosticada e quais são as opções de cuidado

Dra. Juliana Soares
5min • 22 de nov. de 2025

A endometriose é relativamente comum: estima-se que entre 5% e 10% das mulheres em idade fértil tenham a condição | Foto: Freepik
A endometriose é uma das doenças ginecológicas mais discutidas atualmente, e ainda assim, uma das mais subdiagnosticadas. Muitas mulheres convivem durante anos com cólicas incapacitantes, dor pélvica constante ou dificuldade para engravidar sem imaginar que esses sintomas podem estar ligados a uma condição que exige acompanhamento especializado.
A doença afeta mulheres em idade fértil e pode comprometer rotina, bem-estar e saúde reprodutiva. A boa notícia é que, com informação, diagnóstico precoce e tratamento adequado, é possível controlar os sintomas, preservar a fertilidade e manter qualidade de vida.
O que é endometriose?
A endometriose é uma doença ginecológica crônica e benigna. Ela acontece quando o tecido endometrial (que reveste o útero) cresce fora dele, em locais onde não deveria. Esses implantes podem surgir na pelve, ovários, intestino, bexiga e outros órgãos próximos.
É relativamente comum: estima-se que entre 5% e 10% das mulheres em idade fértil tenham endometriose.
Os diferentes tipos de endometriose
A endometriose pode se manifestar de maneiras distintas. Por isso, é classificada em três grupos principais:
1. Endometriose peritoneal
Pequenos implantes distribuídos na superfície do peritônio (a membrana que reveste a pelve).
2. Endometriose ovariana
Forma cistos chamados endometriomas, geralmente repletos de conteúdo espesso e escuro.
3. Endometriose profunda
O tecido cresce mais profundamente, podendo atingir paredes de órgãos pélvicos e infiltrar 5 mm ou mais.
Por que a endometriose acontece?
A causa exata ainda não é totalmente compreendida, mas existem teorias importantes.
Menstruação retrógrada (teoria de Sampson)
Parte do sangue menstrual retorna pelas trompas para a pelve, carregando células do endométrio que se implantam em locais indevidos. Como nem todas as mulheres desenvolvem endometriose, acredita-se que fatores hormonais e imunológicos também participem.
Metaplasia celômica
Sugere que células da pelve poderiam se transformar em tecido semelhante ao endometrial.
Provavelmente, mais de uma teoria atua ao mesmo tempo.
Principais sintomas
A endometriose é conhecida por causar sintomas que variam bastante, desde quadros silenciosos até dores intensas.
Os mais comuns são:
- Dor pélvica crônica;
- Cólicas fortes (dismenorreia);
- Dor durante a relação sexual;
- Alterações intestinais ou urinárias cíclicas;
- Dificuldade para engravidar.
Muitas mulheres levam anos até receber o diagnóstico, porque esses sintomas podem ser confundidos com outras condições.
Como é feito o diagnóstico
O primeiro passo é uma avaliação clínica cuidadosa:
- Investigação dos sintomas;
- Exame ginecológico, que pode identificar nódulos dolorosos ou pouca mobilidade uterina.
Depois, exames complementares ajudam a confirmar o quadro e mapear a extensão da doença:
- Ultrassom pélvico e transvaginal com preparo intestinal;
- Ressonância magnética.
Quando a suspeita persiste ou há necessidade de tratamento cirúrgico, pode ser indicada uma videolaparoscopia, que permite visualizar e tratar os focos da doença ao mesmo tempo.
Tratamento e controle
A endometriose é crônica e necessita acompanhamento contínuo. O objetivo do tratamento é:
- Reduzir a dor;
- Controlar a progressão da doença;
- Preservar a fertilidade.
A escolha depende da gravidade, localização dos focos, idade e desejo de gestar.
Tratamento clínico
O mais comum, baseado em hormônios que bloqueiam a ovulação e diminuem o estímulo estrogênico:
- Progestagênios;
- Anticoncepcionais hormonais combinados;
- DIU hormonal.
Efeitos colaterais leves podem ocorrer, como alterações de humor ou ganho de peso.
Tratamento cirúrgico
Indicado quando:
- Os sintomas não melhoram com o tratamento clínico;
- Há endometriomas grandes;
- Existe comprometimento intestinal ou urinário;
- A infertilidade está relacionada à doença.
A cirurgia é feita por videolaparoscopia e remove os focos da endometriose.
Terapias complementares
- Fisioterapia pélvica;
- Psicoterapia.
Essas abordagens ajudam a lidar com a dor e o impacto emocional.
A endometriose é uma doença complexa, mas tratável. Com diagnóstico precoce, acompanhamento ginecológico e tratamento adequado, é possível controlar os sintomas, proteger a fertilidade e levar uma vida plena.
Cólicas muito intensas, dor pélvica persistente e dificuldade para engravidar merecem avaliação e, quanto antes, melhor.
Confira: Cirurgia de endometriose: veja quando ela é indicada
Perguntas frequentes sobre endometriose
1. Endometriose tem cura?
Não, mas pode ser controlada. Muitas mulheres ficam sem sintomas com tratamento adequado.
2. Toda dor menstrual forte é endometriose?
Não. Mas cólicas incapacitantes devem sempre ser investigadas.
3. Quem tem endometriose consegue engravidar?
Sim. Algumas mulheres têm dificuldade, mas muitas engravidam de forma natural ou com apoio médico.
4. O DIU hormonal ajuda?
Sim, pode aliviar sintomas ao reduzir o estímulo hormonal sobre os focos da doença.
5. A videolaparoscopia é sempre necessária?
Não. Só quando os exames não esclarecem o diagnóstico ou há necessidade terapêutica.
6. A endometriose volta após a cirurgia?
Pode voltar, porque a doença é crônica. Por isso o acompanhamento é contínuo.
7. Dor durante o sexo é normal?
Não. Dor na relação sexual é um sintoma importante e deve ser investigado.
Veja também: Endometriose: o que é e os tratamentos disponíveis

