SINAIS & SINTOMAS
Dor no peito: aprenda a diferenciar quando é um problema do coração
Nem toda dor no peito é infarto: saiba diferenciar sintomas cardíacos de causas musculares, digestivas e até emocionais

Dr. Pablo Cartaxo
5min • 11 de set. de 2025

A primeira ideia que vem à mente quando surge uma dor no peito é um problema cardíaco, como infarto ou angina. Mas nem sempre a origem está exatamente no coração. Questões musculares, digestivas e até emocionais também podem provocar sintomas semelhantes.
Para esclarecer quando a dor deve ser considerada um alerta sério, conversamos com o cardiologista Pablo Cartaxo. “A dor no peito é um sintoma que gera muita ansiedade, mas nem toda dor nessa região significa um problema no coração”.
Quais são as possíveis causas da dor no peito?
Um dos motivos mais frequentes para uma dor no peito é um problema osteomuscular, que envolve ossos, músculos ou articulações da região torácica. “Geralmente está ligada a esforço físico ou má postura”, destaca Pablo Cartaxo.
Outra causa comum são os problemas gastrointestinais, frequentemente confundidos com dor cardíaca, sendo normalmente relacionados ao refluxo gastroesofágico. “Esses sintomas geralmente têm relação com a alimentação ou com a posição de deitar”, explica Cartaxo.
Dor no peito e ansiedade também podem estar relacionadas. Crises de ansiedade e estresse ativam o sistema nervoso, liberando adrenalina e acelerando os batimentos cardíacos.
Por fim, estão as causas cardíacas, que podem ser desencadeadas por esforço físico ou estresse e melhorar com repouso, podendo vir acompanhadas de suor frio, náuseas e sensação de morte iminente. Esse é o tipo de dor que deve ser considerado uma urgência médica.
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Como é a dor típica de problema cardíaco?
A dor cardíaca clássica está ligada à angina (falta de sangue e oxigênio no coração) ou ao infarto. Segundo Cartaxo, nesses casos, a dor causa “um aperto ou peso no centro do tórax, que pode irradiar para braços, mandíbulas ou costas, piorando com o esforço”.
O médico alerta que outras doenças cardíacas também causam dor:
- Pericardite: inflamação da membrana que envolve o coração. A dor piora ao deitar e ao respirar fundo, mas melhora quando a pessoa inclina o tronco para a frente.
- Dissecção de aorta: emergência gravíssima. A dor surge de forma súbita, muito intensa, descrita como “rasgando” o peito e irradiando para as costas. Exige atendimento imediato.
Segundo Pablo Cartaxo, um dos maiores mitos é acreditar que a dor no peito cardíaca é sempre insuportável. O cardiologista alerta: “A dor cardíaca pode se manifestar como um leve desconforto, uma pressão sutil ou até mesmo uma sensação estranha no peito”.
Ele explica que mulheres, idosos e diabéticos muitas vezes apresentam sintomas atípicos, como dor abdominal, náuseas ou apenas mal-estar. Esses sinais discretos podem mascarar um infarto, tornando fundamental valorizar qualquer desconforto novo.
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Sintomas que reforçam a suspeita de origem cardíaca
Além da dor, outros sintomas são fortes indícios de problema no coração:
- Falta de ar súbita ou ao realizar esforços leves;
- Suor frio inesperado;
- Náuseas, vômitos ou mal-estar geral;
- Tontura ou sensação de desmaio iminente.
Se esses sintomas estiverem presentes junto com a dor no peito, não deixe de procurar ajuda médica para uma avaliação detalhada.
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Quando a dor pode não ser do coração?
Esses sintomas citados acima normalmente relacionam a dor no peito a uma causa cardíaca, mas nem toda dor no peito tem relação com o coração. Algumas características ajudam a diferenciar:
- Dor muscular: localizada, piora com movimento ou ao pressionar a região;
- Dor digestiva: sensação de queimação que sobe do estômago ou piora após refeições;
- Estresse e ansiedade: podem gerar dor no peito, palpitações e falta de ar.
De qualquer forma, o recado do especialista é claro. “Na dúvida, procure ajuda. Interrompa o que estiver fazendo e repouse”, diz Cartaxo. “Se a dor for forte, nova ou vier com outros sintomas (falta de ar, suor), acione um serviço de emergência (SAMU 192) ou vá imediatamente a um pronto-socorro. Não dirija e nunca se automedique”.
Exames que ajudam no diagnóstico
O cardiologista explica que, assim que o paciente chega ao pronto-socorro com dor no peito, são realizados exames como o eletrocardiograma (ECG) e exames de sangue, como a troponina, para detectar danos no músculo cardíaco.
“A partir daí, para uma investigação completa, o cardiologista pode solicitar exames de imagem como o ecocardiograma e a angiotomografia coronariana, ou testes para avaliar o coração em esforço, como cintilografia miocárdica. Em casos específicos, o cateterismo cardíaco pode ser necessário”.
Perguntas Frequentes sobre dor no peito
1. Toda dor no peito é do coração?
Não. Ela pode ter origem muscular, digestiva, emocional ou respiratória.
2. Como diferenciar dor cardíaca de muscular?
A dor cardíaca é um aperto ou peso, muitas vezes irradiada para outras partes do corpo. Já a muscular é localizada e piora ao movimentar ou tocar a região.
3. Dor no peito por ansiedade existe?
Sim. A ansiedade pode causar dor torácica, mas essa causa só deve ser considerada após exames descartarem causas físicas.
4. Dor cardíaca sempre é intensa?
Não. Ela pode ser leve, discreta e até confundida com má digestão, principalmente em mulheres, idosos e diabéticos.
5. Que exames ajudam a diagnosticar dor no peito?
Eletrocardiograma, exames de sangue (troponina), ecocardiograma, tomografia e, em alguns casos, cateterismo.
6. Existem diferenças da dor no peito entre homens e mulheres?
Sim. Nas mulheres, os quadros de infarto muitas vezes não incluem dor torácica intensa. É mais comum aparecer cansaço extremo, dor nas costas, estômago ou mandíbula, além de náuseas.
7. Quando procurar ajuda urgente?
Se a dor for nova, intensa ou vier acompanhada de falta de ar, suor frio, tontura ou mal-estar, deve-se acionar o SAMU (192) ou ir ao pronto-socorro imediatamente.
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