SAÚDE MENTAL & EMOCIONAL
Dopamina: como ela pode ser responsável pelas suas decisões
Muito além do prazer, esse neurotransmissor comanda motivação, decisão, hábitos e, quando desregulado, pode causar problemas; entenda

Dr. Luiz Dieckmann
5min • 15 de out. de 2025

Se você pensa que todas as suas decisões são 100% racionais e tomadas com muita consciência, você está enganado. A dopamina, um neurotransmissor importante para o cérebro, também é capaz de influenciar suas decisões e hábitos.
“Você sabia que muitas das suas decisões — o que você vai comer, com quem você vai sair — tem tudo a ver com a dopamina?”, diz a neurologista Paula Dieckmann.
Venha entender mais sobre o tema e o que acontece quando a dopamina está desregulada no cérebro.
O que é dopamina?
O psiquiatra Luiz Dieckmann explica que a dopamina é um neurotransmissor importantíssimo para o cérebro.
“Todo mundo pensa que ela está ligada diretamente (e necessariamente) ao prazer, mas na verdade, ela está muito mais envolvida com a motivação e com a antecipação da recompensa que virá”.
É importante dizer que a dopamina não atua sozinha, mas faz parte de várias vias dopaminérgicas responsáveis por motivar, antecipar recompensas, regular o humor, ajudar na atenção, nos movimentos e em decisões.
Como a dopamina influencia decisões e hábitos
Sinais associados a recompensas podem trazer respostas dopaminérgicas, sobretudo quando há expectativa ou surpresa.
“Quando você vê uma comida gostosa ou quando você recebe uma notificação do celular de alguém que você gosta muito, tudo isso libera dopamina. Isso motiva você a agir, como comer, clicar, sair ou comprar. A dopamina ajuda o cérebro a calcular: ‘vale a pena ou não vale a pena fazer isso?’”, detalha a neurologista.
Essa antecipação — que algo bom vai acontecer — gera motivação. E quando algo dá certo, o reforço dopaminérgico registra isso como algo a repetir.
Quando o sistema dopaminérgico sai do equilíbrio
Uma desregulação nesse sistema da dopamina pode levar a uma disfunção no sistema da recompensa e da motivação.
“Transtorno por uso de substâncias e quadros depressivos são exemplos de condições psiquiátricas que podem estar associadas a uma disfunção do sistema dopaminérgico”, explica o psiquiatra.
Ou seja, se há pouca dopamina ou se ela não está sendo usada direito, podemos sentir falta de motivação, desinteresse pelas coisas que antes nos davam prazer, bem como cansaço mental.
Em outros casos, níveis muito altos ou desequilíbrio podem favorecer dependência, impulsividade ou alteração de humor.
Confira: Autismo em adultos: sinais que você pode não saber e quando buscar diagnóstico
Dicas práticas para manter a dopamina saudável
Aqui vão algumas práticas simples que ajudam seu cérebro a equilibrar bem o sistema dopaminérgico:
- Mantenha hábitos regulares de sono: uma rotina de sono consistente ajuda no humor, na atenção e na autorregulação. O sistema de recompensa é sensível à privação e ao estresse;
- Faça exercícios físicos: caminhar, correr e praticar esportes podem modular dopamina e melhorar humor e motivação;
- Procure atividades que você goste: como um hobby, música ou algo criativo. Recompensas naturais ajudam a manter o equilíbrio;
- Evite estímulos extremos: como o uso excessivo de redes sociais, álcool em demasia e estimulantes, que forçam o sistema de dopamina de forma banal.
Assista ao vídeo com a explicação dos especialistas sobre a dopamina:
Ver essa foto no Instagram
Perguntas frequentes sobre dopamina
1. Dopamina é o mesmo que “hormônio da felicidade”?
Não exatamente. Ela está envolvida no prazer, mas seu papel maior é motivar, dar antecipação de recompensa e induzir a ação — não apenas fazer você “se sentir feliz”.
2. Se uma pessoa está sem vontade pra nada, isso pode estar ligado à dopamina?
Sim. A baixa liberação ou desregulação dopaminérgica pode estar presente em quadros depressivos ou falta de motivação intensa.
3. Comer chocolate libera dopamina?
Sim — ver, comer ou imaginar algo prazeroso, como chocolate, pode recrutar circuitos de recompensa.
4. Café, redes sociais e estimulação digital aumentam a dopamina?
Sim, eles podem modular a dopamina e ativar circuitos de recompensa. Mas o uso excessivo pode levar à tolerância, em que se precisa de estímulos cada vez maiores para sentir o mesmo efeito.
5. Dopamina está relacionada a doenças neurológicas?
Sim. Doença de Parkinson (quando há redução na produção de dopamina), TDAH, dependência de substâncias e alguns transtornos de humor estão ligados a desequilíbrios dopaminérgicos.
6. Dá para “testar” seus níveis de dopamina no dia a dia?
Não de forma simples. Não existe exame de sangue cotidiano que revele exatamente o que o cérebro está fazendo. Médicos usam sinais clínicos e, em casos especiais, exames especializados.
Leia mais: TOC não é só mania de limpeza: veja os sintomas reais do transtorno