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DOENÇAS & CONDIÇÕES

Doenças da vesícula biliar: quando os cálculos viram problema 

Pequenos cristais de colesterol podem se transformar em pedras que causam cólicas, inflamações ou até infecções sérias no sistema biliar; saiba mais

Dra. Isabella Segura

Dra. Isabella Segura

5min • 15 de out. de 2025

Médico examina mulher jovem com dor abdominal e suspeita de doença da vesícula biliar.

Você já sentiu uma dor súbita no lado direito da barriga depois de comer algo gorduroso? Para muitas pessoas, esse sintoma é o primeiro aviso de que há algo errado na vesícula biliar, um órgão muito importante para o processo de digestão.

Ao longo dos anos, o acúmulo de colesterol e sais pode provocar a formação de cálculos (pedras), desencadeando cólicas, inflamações e complicações que demandam atenção médica imediata.

Com o avanço das tecnologias de imagem e das técnicas cirúrgicas, o diagnóstico e tratamento das doenças da vesícula estão mais avançados. A seguir, você vai entender as principais doenças, os sintomas e as formas de tratamento que fazem a diferença.

O que é a vesícula biliar

A vesícula biliar é um pequeno órgão em forma de pera que fica logo abaixo do fígado. Ela tem a função de armazenar e concentrar a bile, um líquido produzido pelo fígado que auxilia na digestão das gorduras.

Quando a vesícula não consegue manter colesterol e sais solubilizados na bile, podem surgir cálculos biliares (popularmente chamadas “pedras”). Esses cálculos podem causar uma série de problemas ao órgão e ao sistema biliar.

Principais doenças da vesícula biliar

1. Colelitíase / Cólica biliar

A colelitíase refere-se à presença de pedras na vesícula, e a cólica biliar é a dor típica que elas causam.

  • A dor aparece no lado direito superior do abdômen ou no meio da barriga, e pode irradiar para as costas ou para o ombro direito;
  • Geralmente surge após refeições gordurosas, mas também pode aparecer espontaneamente;
  • A dor aumenta gradualmente, atinge o pico em até uma hora e pode durar algumas horas;
  • Se persistir por mais de 6 horas, pode indicar complicações mais graves, como inflamação da vesícula;
  • Sintomas associados incluem náuseas e vômitos.

Fatores de risco:

  • Sexo feminino (cerca de 3 vezes mais comum);
  • Colesterol e triglicérides elevados;
  • Obesidade;
  • Dietas pobres em fibras e hábitos intestinais lentos.

2. Colecistite aguda (inflamação da vesícula)

É a complicação mais frequente das pedras. Acontece quando um cálculo obstrui o canal da vesícula, provocando inflamação ou até infecção.

Sintomas principais:

  • Dor intensa e contínua no lado direito do abdômen por mais de 6 horas;
  • Náuseas, vômitos e febre.

Diagnóstico:

  • Exame físico: dor à palpação específica durante respiração profunda;
  • Exames laboratoriais: hemograma, marcadores hepáticos, bilirrubinas;
  • Ultrassonografia abdominal.

Tratamento:

  • Jejum e hidratação por via endovenosa;
  • Analgésicos para alívio da dor;
  • Antibióticos (em caso de infecção);
  • Cirurgia (colecistectomia) programada.

3. Coledocolitíase (pedra no canal biliar)

Acontece quando uma pedra migra da vesícula para o ducto colédoco, canal que leva a bile ao intestino.

Sintomas:

  • Dor tipo cólica semelhante à cólica biliar;
  • Icterícia flutuante (pele e olhos amarelados);
  • Urina escura e fezes claras.

Diagnóstico:

  • Colangiopancreatografia retrógrada (CPRE), um exame endoscópico que permite visualizar e remover a pedra;
  • Colecistectomia posterior para prevenir recorrência do problema.

4. Colangite (infecção das vias biliares)

A obstrução dos dutos biliares pode facilitar a infecção bacteriana, o que pode levar a uma colangite.

Sintomas:

  • Febre;
  • Dor no lado direito do abdômen;
  • Icterícia (pele e olhos amarelados);
  • Em casos graves, pode acontecer confusão mental e queda de pressão.

Diagnóstico:

  • Avaliação clínica pelo médico, com histórico e sinais;
  • Exames laboratoriais de sangue: hemograma, função hepática, bilirrubinas;
  • Exames de imagem, como colangiografia ou ultrassonografia.

Tratamento:

  • Antibióticos;
  • Correção da obstrução (remoção da pedra ou drenagem);
  • Programar colecistectomia.

Diagnóstico das doenças da vesícula biliar

O diagnóstico geralmente segue estas etapas:

  • Ultrassonografia abdominal: exame simples, sem radiação, muito eficaz para visualizar cálculos ou inflamações;
  • Exames laboratoriais: hemograma, função hepática, bilirrubinas, entre outros;
  • Exames específicos para obstrução: CPRE ou colangiografia quando houver suspeita de pedra no canal biliar ou colangite.

Tratamentos disponíveis

Analgésicos para controle da dor, enquanto se aguarda investigação ou cirurgia.

Quando há complicações ou sintomas expressivos, a colecistectomia (remoção da vesícula) é indicada — frequentemente realizada por cirurgia videolaparoscópica.

Em casos de colecistite aguda, além dos tratamentos já descritos, inclui-se: jejum, hidratação endovenosa, antibióticos e cirurgia posterior.

Para coledocolitíase, além da cirurgia, pode ser usada CPRE para remoção da pedra no canal biliar.

No caso de colangite, além do uso de antibióticos, deve-se resolver a obstrução para prevenir novas infecções, seguido da cirurgia definitiva.

Leia mais: Novas metas de colesterol em 2025: valores mais rígidos para proteger seu coração

Perguntas frequentes sobre doenças da vesícula biliar

1. Toda pedra na vesícula biliar causa dor?

Não. Muitas pessoas têm cálculos silenciosos, sem sintomas. A dor surge quando a pedra obstrui passagem ou causa inflamação.

2. A vesícula biliar é essencial?

Não. Ao removê-la, o corpo pode continuar a digestão da gordura com adaptações no fluxo da bile.

3. Como é feita a cirurgia de retirada da vesícula biliar (colecistectomia)?

Na maioria dos casos, é feita por laparoscopia, técnica minimamente invasiva com recuperação mais rápida.

4. Posso prevenir as pedras da vesícula biliar?

Sim, manter uma dieta rica em fibras, peso saudável, evitar excesso de gordura saturada e acompanhar o colesterol.

5. A colangite é uma emergência?

Sim. A combinação de febre, dor e icterícia é chamada de tríade de Charcot e exige atendimento imediato.

6. Após a retirada da vesícula, posso comer gordura normalmente?

Sim, mas em quantidades moderadas. O corpo se adapta, mas pode haver desconforto se exagerar.

Confira: Intolerância à lactose: o que comer no dia a dia?

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Escrito por Dra. Isabella Segura

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