DOENÇAS & CONDIÇÕES
Doença coronariana: o que é, como identificar os sintomas e quais os tratamentos indicados
Cardiologista explica como a aterosclerose compromete as artérias do coração, quais sinais exigem atenção e como prevenir complicações

Dr. Giovanni Henrique Pinto
5min • 1 de out. de 2025

A doença coronariana, ou doença arterial coronariana (DAC), é uma das principais causas de morte no mundo. Seu desenvolvimento acontece quando placas de gordura, colesterol e outras substâncias se acumulam nas paredes das artérias coronárias.
“Esse é um processo chamado aterosclerose. Com o tempo, essas placas podem endurecer e reduzir o fluxo de sangue, prejudicando a oxigenação do músculo cardíaco”, explica o cardiologista Giovanni Henrique Pinto.
A seguir, vamos entender o processo de desenvolvimento da doença coronariana, os fatores de risco e seus sintomas mais característicos. Acompanhe!
O que é a doença coronariana e por que ela acontece?
O coração depende de um suprimento constante de sangue rico em oxigênio para funcionar adequadamente. Esse papel é das artérias coronárias, que circundam o órgão como uma rede de abastecimento.
Quando essas artérias sofrem estreitamento ou obstrução, o músculo cardíaco recebe menos oxigênio, comprometendo seu desempenho.
Esse processo está intimamente relacionado à aterosclerose. Inicialmente, pequenas lesões nas paredes internas das artérias facilitam o depósito de colesterol LDL (“ruim”), células inflamatórias e restos celulares. Com o tempo, forma-se a chamada placa aterosclerótica.
“Quando as placas crescem, o espaço dentro da artéria diminui, dificultando a passagem do sangue. Isso faz diminuir o fluxo sanguíneo e pode causar dor no peito (angina) durante esforços ou situações de estresse”, fala o médico.
Mais perigoso ainda é quando a placa se rompe. Nesse caso, ocorre a formação de um coágulo (trombo) que pode bloquear a artéria de forma súbita, interrompendo totalmente o fluxo de sangue e resultando em um infarto agudo do miocárdio.
Quais são os fatores de risco para doença coronariana?
O desenvolvimento da doença coronariana é multifatorial. Alguns fatores são modificáveis, ou seja, podem ser controlados com mudanças de hábitos e tratamento, enquanto outros são não modificáveis, como idade e histórico familiar.
Principais fatores de risco para doença coronariana:
- Hipertensão arterial (pressão alta)
- Colesterol elevado (LDL alto e HDL baixo)
- Diabetes mellitus
- Tabagismo
- Obesidade e sobrepeso
- Sedentarismo
- Histórico familiar de doença cardiovascular precoce
- Estresse crônico
- Envelhecimento (o risco aumenta com a idade)
- Menopausa (nas mulheres, devido à queda de estrogênio)
O cardiologista alerta: “Vale ressaltar que esses fatores podem atuar de forma somada, aumentando ainda mais a probabilidade de doença”.
Sintomas da doença coronariana: como identificar sinais de comprometimento das artérias
Na fase inicial, a doença coronariana pode ser silenciosa. Muitas pessoas só descobrem o problema durante exames de rotina ou após um evento agudo, como um infarto. Porém, alguns sinais podem indicar que as artérias já estão comprometidas.
Entre os sintomas mais comuns estão:
- Dor ou pressão no peito (angina), principalmente durante esforço físico ou situações de estresse
- Falta de ar
- Cansaço desproporcional
- Dor irradiada para braço esquerdo, mandíbula, costas ou estômago
- Sintomas atípicos em mulheres e diabéticos, como palpitações, náuseas, indigestão ou fadiga intensa
Esses sintomas da doença coronariana devem sempre motivar uma investigação médica, especialmente se forem recorrentes.
Como é feito o diagnóstico da doença coronariana?
O diagnóstico da doença coronariana envolve uma combinação de avaliação clínica, análise de fatores de risco e exames complementares. O médico inicia com análise detalhada do paciente e exame físico, investigando sintomas, histórico familiar e hábitos de vida.
Entre os exames mais utilizados estão:
- Eletrocardiograma (ECG): registra a atividade elétrica do coração
- Teste ergométrico (teste de esforço): avalia a resposta do coração durante exercício
- Ecocardiograma de estresse: verifica alterações na função cardíaca sob esforço físico ou medicação
- Cintilografia de perfusão miocárdica: identifica áreas do coração com menor irrigação sanguínea
- Angiotomografia de coronárias: exame de imagem detalhado que mostra as artérias coronárias
- Cateterismo cardíaco: exame invasivo que permite visualizar diretamente obstruções e, em alguns casos, realizar angioplastia (procedimento que desobstrui artérias entupidas com balão e stent).
Esses exames não são, necessariamente, solicitados todos de uma vez. A escolha depende da gravidade dos sintomas, da presença de fatores de risco e da necessidade de confirmar ou descartar obstruções significativas.
Em casos leves, muitas vezes os testes de esforço ou exames de imagem já fornecem informações suficientes. Já em situações mais graves, o cateterismo pode ser indicado para diagnóstico preciso e até intervenção imediata.
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Prevenção e controle: mudanças de estilo de vida
Grande parte dos fatores de risco para doença coronariana pode ser modificada. Isso significa que é possível reduzir consideravelmente as chances de desenvolver a condição ou, para quem já tem diagnóstico, controlar sua progressão.
Medidas fundamentais incluem:
- Alimentação saudável, rica em frutas, verduras, legumes, grãos integrais e pobre em sal, açúcar e gorduras saturada
- Prática regular de atividade física (pelo menos 150 minutos semanais de exercício aeróbico moderado, como caminhada)
- Não fumar
- Controle do peso corporal
- Sono adequado
- Controle rigoroso da pressão arterial, colesterol e glicemia
- Redução do estresse
O cardiologista reforça: “Esses cuidados não apenas reduzem o risco de desenvolver a doença, como também ajudam a estabilizar as placas já existentes e a evitar complicações”.
Tratamento da doença coronariana: medicamentos e procedimentos
O tratamento da doença coronariana é individualizado e pode envolver três pilares principais: ajustes no estilo de vida, uso de medicamentos e, em casos selecionados, procedimentos ou cirurgias.
- Medicamentos: estatinas e outros redutores de colesterol, aspirina em baixa dose (quando indicada), betabloqueadores, bloqueadores de canais de cálcio, inibidores da ECA ou ARBs, nitratos e ranolazina
- Procedimentos minimamente invasivos: como a angioplastia com colocação de stent, que expande a artéria com um balão e mantém o fluxo aberto com uma pequena malha metálica
- Cirurgia de revascularização miocárdica (bypass coronariano): indicada em casos mais graves, cria novos caminhos para o sangue chegar ao coração
Em todos os cenários, o acompanhamento regular com o cardiologista é essencial, tanto para ajustar o tratamento quanto para indicar programas de reabilitação cardíaca após cirurgias, que incluem educação, aconselhamento e treinamento físico supervisionado.
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Perguntas e respostas sobre doença coronariana
1. O que é a doença coronariana?
É uma condição em que as artérias coronárias ficam estreitas ou bloqueadas devido ao acúmulo de placas de gordura e colesterol (aterosclerose). Isso reduz o fluxo de sangue e oxigênio para o coração, podendo levar à angina ou ao infarto.
2. Quais são os principais fatores de risco?
Hipertensão, colesterol alto, diabetes, tabagismo, obesidade, sedentarismo, histórico familiar, estresse crônico, idade avançada e menopausa nas mulheres.
3. Quais sintomas exigem atenção?
Dor ou pressão no peito, falta de ar, cansaço desproporcional, dor irradiada para braço, mandíbula, costas ou estômago. Mulheres e diabéticos podem apresentar sinais atípicos, como náusea, palpitações ou fadiga intensa.
4. Como a doença é diagnosticada?
O diagnóstico combina avaliação clínica e exames como eletrocardiograma, teste ergométrico, ecocardiograma de estresse, cintilografia, angiotomografia ou cateterismo, dependendo do quadro clínico.
5. É possível prevenir a doença coronariana?
Sim. Alimentação equilibrada, atividade física regular, não fumar, controlar peso, pressão, colesterol e glicemia, dormir bem e reduzir o estresse são medidas fundamentais.
6. Como é feito o tratamento?
O tratamento envolve mudanças no estilo de vida, uso de medicamentos (estatinas, aspirina, betabloqueadores, entre outros) e, em casos graves, procedimentos como angioplastia com stent ou cirurgia de revascularização (bypass).
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