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PREVENÇÃO & LONGEVIDADE

Qual a diferença entre mamografia e ultrassom das mamas?

A indicação por idade e tipo de mama são alguns dos fatores que diferenciam a mamografia e o ultrassom das mamas

Dra. Andreia Sapienza

Dra. Andreia Sapienza

5min • 10 de nov. de 2025

Mulher conversa com profissional de saúde durante consulta médica, enquanto a especialista anota informações em uma prancheta, ilustrando a importância do acompanhamento clínico para prevenção e diagnóstico do câncer de mama.

A mamografia é considerada o padrão-ouro para o rastreamento do câncer de mama | Foto: Freepik

O câncer de mama é o tipo de tumor mais comum entre as mulheres no mundo e no Brasil, depois apenas do câncer de pele não melanoma. Por esse motivo, a partir de uma determinada idade, é recomendado manter uma rotina de exames de rastreamento, uma vez que o diagnóstico precoce aumenta significativamente as chances de um tratamento eficaz e de cura.

Entre os exames de imagem disponíveis, os mais conhecidos são mamografia e ultrassom das mamas, cada um com suas indicações e limitações específicas. Para entender as diferenças entre eles e quando é necessário realizar cada um, conversamos com a ginecologista e obstetra Andreia Sapienza.

O que é mamografia e para que serve?

A mamografia é um exame de imagem realizado por meio de raios-X de baixa dose, capaz de identificar alterações muito pequenas na mama, mesmo antes de serem palpáveis, como nódulos, cistos, microcalcificações e alterações nos tecidos mamários.

De acordo com Andreia Sapienza, a mamografia é considerada o padrão-ouro para o rastreamento do câncer de mama, pois é o único exame que comprovadamente reduz a mortalidade da doença em estudos de longo prazo.

Isso significa que, quando realizada de forma regular, a mamografia aumenta as chances de detectar tumores em estágios iniciais, quando o tratamento costuma ser mais eficaz e menos agressivo.

Como a mamografia é feita?

Durante a mamografia, o aparelho faz imagens das mamas usando raio-X. Para isso, cada mama é colocada no equipamento e levemente pressionada por alguns segundos, o que ajuda a deixar o tecido mais visível. A etapa pode ser um pouco incômoda e dolorosa, mas dura poucos minutos.

Todo o processo costuma durar de 10 a 15 minutos. Depois, as imagens são avaliadas pelo médico radiologista, que verifica se existe alguma alteração nas mamas que precise de investigação. Quando há suspeita, pode ser indicada uma biópsia para confirmar o diagnóstico.

O que é o ultrassom das mamas e quando ele é indicado?

O ultrassom das mamas é um exame que utiliza ondas sonoras (sem radiação) para produzir imagens internas da mama. Ele é totalmente indolor e pode ser feito em qualquer idade.

De acordo com Andreia Sapienza, o ultrassom é mais útil em mulheres jovens, que possuem mamas densas — ou seja, com mais tecido glandular e menos gordura. Nessas situações, a mamografia pode ter limitações na visualização de algumas áreas, e o ultrassom ajuda a complementar o diagnóstico.

Além disso, o ultrassom é indicado para:

  • Investigar nódulos palpáveis que não aparecem na mamografia;
  • Avaliar cistos e diferenciar se uma alteração é sólida ou líquida;
  • Complementar o rastreamento em casos de mamas densas;
  • Acompanhar próteses mamárias.

No entanto, é importante destacar: o ultrassom não substitui a mamografia.

Como a ultrassom das mamas é feita?

A ultrassonografia das mamas é um exame rápido e indolor. A mulher deita em uma maca, normalmente de barriga para cima e com os braços apoiados atrás da cabeça, para facilitar o acesso às mamas.

Depois, o médico aplica um gel transparente sobre a pele, que ajuda na transmissão das ondas de som. Com um aparelho chamado transdutor, ele desliza sobre a mama e também sobre a região das axilas, gerando imagens em tempo real em uma tela.

O exame dura em média de 10 a 20 minutos e não envolve radiação, sendo considerado totalmente seguro para qualquer mulher.

Mamografia x ultrassom das mamas: quais as principais diferenças?

Característica Mamografia Ultrassom das mamas
Tipo de imagem Raios-X (baixa dose) Ondas sonoras de alta frequência (sem radiação)
Indicação Mulheres a partir dos 40 anos (rastreamento anual ou bienal) Mulheres jovens (abaixo de 40) e complemento em mamas densas
O que detecta Microcalcificações, muitas vezes primeiro sinal de câncer inicial Natureza de nódulos: sólido (potencialmente maligno) ou cístico (geralmente benigno)
Função principal Rastreamento (detecção precoce em assintomáticas). Único exame com redução comprovada de mortalidade Diagnóstico complementar e avaliação de nódulos/cistos. Rastreamento auxiliar em mamas densas

De acordo com Andreia Sapienza, a melhor estratégia é a associação dos dois exames, especialmente em mulheres com mamas densas. A mamografia atua no rastreamento, e o ultrassom complementa em casos de achados duvidosos.

A partir de que idade devo começar a fazer mamografia?

A Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda a realização de mamografia anual a partir dos 40 anos de idade. Já o Ministério da Saúde, por meio do SUS, atualizou recentemente seus protocolos e definiu faixas etárias com orientações diferentes:

  • 40 a 49 anos: acesso garantido ao exame, mas sem rastreamento populacional obrigatório. Nessa faixa, a mamografia é feita “sob demanda”, quando há vontade da paciente e indicação médica;
  • 50 a 74 anos: rastreamento populacional bienal, a cada dois anos, mesmo sem sinais ou sintomas;
  • Acima de 74 anos: decisão individualizada, considerando comorbidades e expectativa de vida.

Antes da mudança, o protocolo oficial do SUS previa mamografia apenas entre 50 e 69 anos, também a cada dois anos, o que deixava de fora mulheres mais jovens que poderiam se beneficiar do rastreamento antecipado.

Além disso, de acordo com Andreia, mulheres com histórico familiar de câncer de mama em parentes de primeiro grau, como mãe ou irmã, devem iniciar a mamografia 10 anos antes da idade em que a doença foi diagnosticada no familiar.

De acordo com o Ministério da Saúde, 22,6% dos casos de câncer de mama ocorrem em mulheres entre 40 e 49 anos.

A radiação da mamografia é perigosa?

Segundo Andreia, a dose utilizada na mamografia é mínima e não representa risco para as pacientes. O cuidado maior é para os profissionais de saúde, que lidam diariamente com a radiação e, por isso, utilizam aventais de chumbo e protocolos de proteção.

E a ressonância magnética das mamas, é recomendada?

A ressonância magnética das mamas é um exame de imagem avançado, que utiliza um campo magnético e ondas de rádio para gerar imagens detalhadas do tecido mamário. Diferente da mamografia, ela não envolve radiação, e, ao contrário do ultrassom, consegue mostrar com mais precisão a vascularização e as características internas de possíveis lesões.

Por ser mais caro e exigir preparo específico (como o uso de contraste endovenoso), a ressonância não é indicada como exame de rotina para todas as mulheres. Ela tem papel importante em situações muito específicas, como:

  • Mulheres com alto risco genético;
  • Avaliação de próteses;
  • Esclarecimento de achados inconclusivos em outros exames.

No entanto, como explica Andreia, a ressonância não substitui a mamografia, pois não há evidências de que reduza a mortalidade. Ela deve ser indicada apenas em casos selecionados.

Veja também: Ozempic e similares podem reduzir risco de câncer ligado à obesidade?

Perguntas frequentes

1. Qual exame é mais confiável para detectar o câncer de mama?

O exame mais confiável para detectar o câncer de mama é a mamografia, porque é o único que mostrou, em estudos de longo prazo, a capacidade de reduzir a mortalidade pela doença. Ela consegue identificar alterações muito pequenas, como microcalcificações, que podem ser sinais iniciais de câncer ainda invisíveis ao toque ou a outros exames.

2. A mamografia dói?

A mamografia pode causar desconforto porque a mama precisa ser comprimida durante alguns segundos para que a imagem seja captada com clareza. A compressão é necessária para achatar o tecido mamário e permitir a detecção de pequenas alterações.

Algumas mulheres relatam dor, mas na maioria das vezes é apenas de um incômodo rápido. O desconforto pode ser maior em quem tem mamas mais sensíveis, especialmente no período pré-menstrual, mas não há nenhum risco associado ao procedimento.

3. Grávidas e lactantes podem fazer mamografia?

Durante a gestação, a mamografia não é recomendada por envolver radiação, mesmo em doses muito baixas. Nessa fase, quando há necessidade de investigar alguma alteração, o ultrassom é o exame mais seguro e utilizado pelos médicos.

No caso das mulheres que estão amamentando, a mamografia pode ser realizada se houver indicação médica, sem oferecer riscos para a mãe ou para o bebê e sem necessidade de interromper a amamentação. No entanto, a interpretação das imagens pode ser dificultada devido ao aumento da densidade mamária.

Por isso, em algumas situações, o médico pode optar também pelo ultrassom das mamas como exame complementar.

4. Qual é a frequência ideal para repetir a mamografia?

A frequência depende da idade e do protocolo seguido. A Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda o exame anual a partir dos 40 anos. O Ministério da Saúde, por meio do SUS, recomenda a cada dois anos entre 50 e 74 anos.

Mulheres de 40 a 49 anos podem fazer sob demanda, quando há indicação médica. Já mulheres com risco aumentado, por histórico familiar ou fatores genéticos, podem precisar de intervalos menores, sempre definidos pelo médico.

Veja também: Câncer de mama: o que é, sintomas, causa e como identificar

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Foto de Dra. Andreia Sapienza

Escrito por Dra. Andreia Sapienza

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