DOENÇAS & CONDIÇÕES
Barriguinha que não vai embora? Pode ser diástase abdominal
Veja como a separação dos músculos abdominais acontece, como confirmar o diagnóstico e como é possível tratar

Dra. Juliana Soares
5min • 20 de nov. de 2025

A causa mais comum da diástase é a gravidez | Foto: Freepik
A diástase abdominal é uma condição muito comum, especialmente no período pós-parto, mas ainda pouco compreendida por grande parte das pessoas. Ela ocorre quando os músculos da parte da frente do abdômen se afastam além do normal, criando um espaço entre eles. Esse afastamento pode gerar alterações estéticas, desconforto e até impactar a postura e o equilíbrio corporal.
Apesar de ser frequentemente associada à maternidade, a diástase também pode aparecer em homens e mulheres que nunca engravidaram. Saber identificar os sinais, entender por que ela acontece e buscar ajuda profissional são passos importantes para evitar complicações e recuperar a força do core de forma segura.
O que é a diástase abdominal?
A diástase dos músculos retos abdominais é o afastamento anormal das duas bandas musculares que formam a parede frontal do abdômen. Esse afastamento acontece quando a linha alba, uma faixa de tecido conjuntivo que une esses músculos, fica enfraquecida e alongada.
Por que isso acontece?
A causa mais comum é a gravidez. Conforme o útero cresce, a parede abdominal precisa se alongar para acomodar o bebê, o que pode afinar e fragilizar a linha alba. Depois do parto, esses músculos nem sempre voltam totalmente à posição original.
Outros fatores também contribuem:
- Obesidade;
- Perda rápida de peso;
- Fraqueza natural dos tecidos;
- Postura inadequada ou esforço excessivo;
- Pode ocorrer em homens, embora seja mais comum em mulheres.
Como identificar
O sinal mais comum é um abaulamento no centro da barriga, especialmente quando ocorre aumento da pressão abdominal, como ao tossir, levantar da cama ou durante alguns exercícios.
A aparência pode ser de uma “barriguinha” persistente, mesmo em pessoas magras ou fisicamente ativas. A diástase em si não costuma gerar dor, mas pode contribuir para:
- Desconforto abdominal;
- Dores lombares;
- Sensação de instabilidade no tronco.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito com exame físico, avaliando a distância entre os músculos retos. Considera-se diástase quando:
- A separação é maior que 2 cm, ou
- Há abaulamento evidente à contração abdominal.
Para confirmar o quadro e avaliar melhor a parede abdominal, o médico pode solicitar:
- Ultrassom de parede abdominal;
- Tomografia (quando necessário)
Esses exames também ajudam a identificar a presença de hérnias associadas.
Tratamento
A boa notícia: a maior parte dos casos melhora sem cirurgia.
Tratamento conservador (primeira escolha)
- Fisioterapia especializada;
- Exercícios específicos para fortalecimento profundo do core;
- Reeducação postural;
- Movimentos que não aumentem a pressão abdominal (evitar abdominais tradicionais).
Nos casos leves, a melhora pode acontecer com o tempo, o fortalecimento adequado ou até de forma espontânea.
Quando a cirurgia é indicada
- Há separação muito grande;
- Existe dor importante ou limitação funcional;
- Há hérnia associada;
- Não há melhora após tratamento conservador.
O procedimento reconstrói a parede abdominal e aproxima novamente os músculos.
Pode voltar ao normal?
Sim. A recuperação depende:
- Do tamanho da separação;
- Do tempo desde o início da diástase;
- Da adesão ao tratamento.
Mas é importante lembrar que a diástase pode retornar com futuras gestações ou esforço excessivo que aumente a pressão abdominal.
Como prevenir
Algumas medidas ajudam a reduzir o risco:
- Controlar o ganho de peso na gravidez;
- Manter postura adequada;
- Fortalecer o core antes e depois da gestação;
- Evitar levantar peso de forma incorreta;
- Praticar exercícios orientados por profissionais capacitados
Quando procurar um profissional
Consulte um médico ou fisioterapeuta se você notar:
- Abaulamento persistente na barriga;
- Sensação de fraqueza no core;
- Dificuldade de estabilizar o tronco;
- Dor lombar associada;
- Suspeita de hérnia.
O diagnóstico precoce facilita o tratamento e melhora a função abdominal.
Veja mais: Exercícios para fortalecer a coluna: o guia completo para proteger sua postura e prevenir dores
Perguntas frequentes sobre diástase abdominal
1. Toda gestante terá diástase?
Não. É comum, mas não acontece com todas as mulheres.
2. A diástase causa dor?
Ela não causa dor diretamente, mas pode contribuir para desconforto, dor lombar e instabilidade.
3. Posso treinar normalmente com diástase?
Pode, mas com adaptações. Alguns exercícios pioram o quadro, e a orientação de um profissional é essencial.
4. Só cirurgia resolve a diástase?
Na maioria dos casos, não. A fisioterapia é eficaz para muitos pacientes.
5. Homens podem ter diástase?
Sim. Embora mais comum em mulheres, homens também podem desenvolver o problema.
6. Diástase e hérnia são a mesma coisa?
Não. Mas podem ocorrer juntas.
7. Quanto tempo leva para melhorar?
Depende do caso. Com tratamento adequado, muitas pessoas veem melhora em semanas a meses.
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