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SINAIS & SINTOMAS

Diarreia: o que pode estar por trás desse sintoma tão comum 

Nem toda diarreia é igual, e ela pode ir de um quadro passageiro a um sinal de doenças mais sérias. Saiba como identificar, tratar e quando procurar o médico

Dra. Juliana Soares

Dra. Juliana Soares

5min • 18 de out. de 2025

Mulher com diarreia no vaso sanitário

A diarreia é caracterizada quando há mais do que 3 evacuações por dia, fezes mais moles ou aquosas e, em alguns casos, aumento do volume fecal

Todo mundo já passou por isso: um mal-estar intestinal que parece inofensivo, mas causa desconforto, correria ao banheiro e preocupação. A diarreia, embora comum, pode ter diversas origens, que vão desde uma simples infecção alimentar a doenças crônicas que exigem acompanhamento médico.

Por trás desse sintoma aparentemente simples, há uma série de mecanismos do corpo tentando lidar com algo que não vai bem. Entender o tipo, as causas e os sinais de alerta é importante para fazer o tratamento certo e evitar complicações.

O que é diarreia

A diarreia não é uma doença em si, mas um sintoma. Ela acontece quando há:

  • Evacuações mais de 3 vezes por dia;
  • Fezes mais moles ou aquosas;
  • Em alguns casos, aumento do volume fecal (difícil de medir na prática).

Tipos de diarreia

As diarreias podem ser classificadas de acordo com a duração, a causa ou o funcionamento do intestino.

Por tempo de duração

  • Aguda: dura até 15 dias, geralmente melhora sozinha e é causada por vírus ou alimentos contaminados;
  • Persistente: dura entre 15 e 30 dias;
  • Crônica: dura mais de 30 dias e pode indicar doenças como intolerâncias alimentares, inflamações ou condições autoimunes.

Por causa

  • Infecciosa: causada por vírus, bactérias, parasitas ou fungos;
  • Não infecciosa: relacionada a doenças intestinais, condições metabólicas ou uso de medicamentos.

Por mecanismo de funcionamento

  • Osmótica: causada por alimentos ou substâncias que puxam água para o intestino;
  • Secretora: o intestino libera excesso de água e sais;
  • Exsudativa (inflamatória): há presença de sangue ou muco nas fezes;
  • Motora: o intestino funciona rápido demais, sem tempo de absorver líquidos.

Principais causas da diarreia

1. Infecciosas

  • Vírus: rotavírus e norovírus, transmitidos por água ou alimentos contaminados;
  • Bactérias: E. coli, Salmonella, Shigella, Campylobacter, Clostridium perfringens e Clostridium difficile (após uso de antibióticos);
  • Parasitas: Giardia lamblia, Entamoeba histolytica, Cryptosporidium;
  • Fungos: Candida albicans, geralmente em pessoas com imunidade baixa;
  • Vermes: como Strongyloides stercoralis.

2. Não infecciosas (do intestino)

  • Síndrome do intestino irritável;
  • Doença celíaca (intolerância ao glúten);
  • Doença inflamatória intestinal (Crohn e retocolite ulcerativa);
  • Colite isquêmica (falta de circulação no intestino);
  • Uso de medicamentos (antibióticos, anti-inflamatórios, laxantes, hormônios da tireoide).

3. Não infecciosas (fora do intestino)

  • Diabetes: pode alterar o funcionamento intestinal ou causar diarreia por adoçantes (sorbitol, manitol);
  • Doenças do pâncreas: falta de enzimas digestivas;
  • Hipertireoidismo: acelera o trânsito intestinal;
  • Tumores raros: como vipoma, gastrinoma e somatostatinoma.

Como o médico identifica a causa

Para descobrir o motivo da diarreia, o médico analisa:

  • Tempo de duração (aguda ou crônica);
  • Características das fezes: presença de sangue, muco, gordura ou volume aumentado;
  • Sintomas associados: febre, dor abdominal, náuseas ou vômitos;
  • Histórico do paciente: viagens, contato com pessoas doentes, uso de medicamentos ou doenças prévias.

Quando necessário, podem ser pedidos exames de fezes, coprocultura, pesquisa de parasitas, exames de sangue ou exames mais específicos.

Sinais de alerta

Procure atendimento médico imediato se houver:

  • Diarreia com sangue ou muco;
  • Febre alta;
  • Sinais de desidratação (boca seca, tontura, pouca urina);
  • Mais de 6 evacuações por dia;
  • Casos em crianças pequenas, idosos ou pessoas imunossuprimidas.

Tratamento básico

O tratamento depende da causa, mas algumas medidas gerais ajudam na maioria dos casos:

  • Hidratação: beba bastante água, soro caseiro ou soluções de reidratação oral;
  • Alimentação leve: evite frituras, leite, café, álcool e alimentos gordurosos. Prefira arroz, batata, frango, banana e maçã;
  • Probióticos: auxiliam na recuperação da flora intestinal;
  • Antidiarreicos: só devem ser usados com orientação médica;
  • Antibióticos: indicados apenas quando houver infecção bacteriana confirmada.

Como prevenir a diarreia

A maior parte das diarreias infecciosas está ligada à contaminação por água ou alimentos e falta de higiene.

  • Mantenha saneamento básico e higiene adequados;
  • Lave bem as mãos com água e sabão, principalmente após usar o banheiro e antes de comer;
  • Trate a água antes de beber ou preparar alimentos;
  • Higienize frutas e verduras corretamente.

Confira: Intolerância à lactose: o que comer no dia a dia?

Perguntas frequentes sobre diarreia

1. Toda diarreia precisa de antibiótico?

Não. A maioria dos casos é causada por vírus e melhora sozinha com hidratação e alimentação leve. Antibióticos só são usados em caso de diarreia causada por bactérias e sempre sob orientação médica.

2. É normal ter febre junto com diarreia?

Sim. Em infecções, a febre pode aparecer, mas febre alta e persistente é sinal de alerta.

3. O que comer quando estou com diarreia?

Prefira alimentos leves e cozidos: arroz, batata, frango grelhado, banana e maçã. Evite frituras, leite e café.

4. Posso tomar remédio para parar a diarreia?

Somente com orientação médica. Em alguns casos, “prender o intestino” pode piorar a infecção.

5. Como saber se estou desidratado?

Boca seca, tontura, fraqueza, urina escura ou diminuição do volume urinário são sinais de alerta.

6. Criança com diarreia precisa ir ao hospital?

Sim, especialmente se houver febre, desidratação, sangue nas fezes ou se o quadro durar mais de dois dias.

7. A diarreia pode ser sintoma de doença crônica?

Sim. Quando dura mais de 30 dias, pode estar ligada a doenças intestinais, intolerâncias ou alterações metabólicas.

Veja mais: Intoxicação alimentar por alimentos crus: como se proteger

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Escrito por Dra. Juliana Soares

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