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DOENÇAS & CONDIÇÕES

Diabetes: por que controlar é tão importante para o coração 

Descubra o que é diabetes, os riscos para o coração e como controlar a doença para manter a saúde cardiovascular

Dra. Juliana Soares

Dra. Juliana Soares

5min • 13 de ago. de 2025

Diabetes: por que controlar é tão importante para o coração 

Você provavelmente já ouviu falar de diabetes, mas talvez não saiba exatamente o que é ou por que os médicos batem tanto na tecla da importância de controlar a glicemia. O fato é que a doença pode afetar toda a saúde, inclusive o coração.

Apesar de muita gente associar o diabetes apenas ao açúcar alto no sangue, ele é bem mais complexo. A condição mexe com todo o metabolismo, pode afetar órgãos importantes e, quando não controlada, abrir caminho para problemas sérios.

O que é diabetes

Quando comemos alimentos que contêm carboidratos, como pães, massas, arroz, frutas e doces, eles são digeridos e transformados em glicose, um tipo de açúcar que serve de combustível para as células do corpo.

Em condições normais, a glicose passa do intestino para a corrente sanguínea e, com a ajuda da insulina (um hormônio produzido pelo pâncreas), entra nas células para ser usada como energia.

Quando a pessoa tem diabetes, esse processo é prejudicado. Ou o corpo não produz insulina suficiente, ou a insulina não consegue fazer o seu papel direito. Como resultado, a glicose não consegue entrar nas células e se acumula no sangue. Esse excesso, com o tempo, pode danificar vasos sanguíneos, nervos e órgãos.

Tipos de diabetes

Existem diferentes tipos de diabetes, mas todos exigem cuidado e acompanhamento médico.

  • Diabetes tipo 1: de origem autoimune, costuma aparecer na infância ou adolescência, embora também possa surgir em adultos.
  • Diabetes tipo 2: mais comum em adultos, mas está cada vez mais frequente em jovens por conta de hábitos ruins de vida;
  • Diabetes gestacional: aparece durante a gravidez e exige atenção redobrada.

Por que controlar o diabetes é tão importante para o coração

O diabetes não tratado, segundo a cardiologista Juliana Soares, que integra o corpo clínico do Hospital Albert Einstein, é um grande problema.

“Ele aumenta consideravelmente o risco do desenvolvimento de outras condições de saúde, em especial as doenças cardiovasculares. A doença cardiovascular ainda é a principal causa de morte nos pacientes diabéticos”, conta a especialista.

Quando o açúcar no sangue fica alto por muito tempo, ele favorece o acúmulo de gordura e placas nas artérias, processo conhecido como aterosclerose, que pode levar a infarto e AVC.

“Além disso, o diabetes não tratado pode levar a alterações nos nervos e vasos sanguíneos com diminuição de sensibilidade, um processo chamado neuropatia, e que pode inclusive dificultar a percepção de infarto, pois o paciente com diabetes pode ter um infarto sem dor”, detalha a médica.

Quem tem diabetes tipo 1 precisa ainda ficar mais atento. Além do endocrinologista, Juliana Soares recomenda acompanhamento com:

  • Nefrologista: para a saúde dos rins;
  • Oftalmologista: para prevenir retinopatia diabética que pode provocar perda de visão;
  • Cardiologista: para avaliar e proteger o coração;
  • Nutricionista: para ajustar a alimentação.

A médica explica que portadores de diabetes tipo 1 têm mais risco de desenvolver doenças cardiovasculares, principalmente quando os controles dos níveis de glicose são inadequados.

“Isso leva ao aumento do processo de formação das placas nas artérias e a lesão nos vasos sanguíneos e nervos. A doença cardiovascular é a principal causa de morte em adultos com diabetes tipo 1”, alerta.

E o pré-diabetes?

Se o diabetes é o sinal vermelho, o pré-diabetes é o sinal amarelo. Os níveis de açúcar já estão acima do normal, mas ainda não chegaram ao ponto de ser diabetes.

A boa notícia, segundo Juliana Soares, é que mudanças no estilo de vida como melhora da alimentação, prática de atividade física e perda de peso são altamente eficazes.

“Em algumas situações o uso de remédios, em especial a metformina, é muito benéfico e ajuda a conter a evolução para o diabetes”.

Novos remédios: os agonistas do GLP-1

Hoje há novos remédios que podem tratar diabetes, sendo que o mais falado atualmente é a semaglutida (Ozempic). Esse remédio pertence ao grupo dos agonistas do GLP-1, um hormônio que, como explica Juliana Soares, estimula a liberação de insulina quando o açúcar no sangue está alto, reduz o apetite e retarda o esvaziamento do estômago, evitando picos de glicose no sangue.

Esses remédios também ajudam a reduzir risco de infarto e AVC, melhorando colesterol, pressão arterial e até a saúde dos vasos sanguíneos.

Novos remédios: os agonistas do GLP-1

Nos últimos anos, uma classe de remédios ganhou destaque no tratamento do diabetes tipo 2: os agonistas do GLP-1, como a semaglutida (Ozempic). O GLP-1 é um hormônio que o próprio corpo produz e que ajuda a regular a glicose no sangue de forma inteligente.

A cardiologista explica que, quando os níveis de açúcar estão altos, os remédios agonistas do GLP-1 estimulam a liberação de insulina pelo pâncreas e, ao mesmo tempo, inibem a liberação de um hormônio chamado glucagon, que atua na liberação de glicose pelo fígado. Ou seja, eles não só ajudam a colocar a glicose para dentro das células, mas também evitam que o fígado jogue mais açúcar na corrente sanguínea.

Esse tipo de remédio também age no cérebro. Eles diminuem o apetite, aumentam a sensação de saciedade e ainda reduzem a velocidade com que o estômago esvazia após as refeições. Esse conjunto de ações faz com que a glicose seja absorvida mais devagar e evita picos de açúcar no sangue.

“Os agonistas do GLP-1 podem reduzir o risco de eventos cardiovasculares como infarto e AVC e até mesmo morte por causas cardiovasculares”, conta a médica. “A ação no controle dos níveis de açúcar e no peso são, por si, fatores protetores e que reduzem o risco cardiovascular através da melhora metabólica”.

Como viver bem com diabetes tipo 2

O diagnóstico de diabetes não precisa ser sinônimo de uma qualidade de vida ruim. “A vida do portador de diabetes pode ser saudável desde que um estilo de vida adequado e os cuidados necessários sejam seguidos. O foco no autocuidado, no tratamento adequado e na prevenção das complicações é fundamental”, reforça Juliana Soares.

O tratamento conta com:

  • Alimentação equilibrada;
  • Atividade física regular;
  • Controle do colesterol e da pressão;
  • Monitoramento da glicemia;
  • Uso correto dos remédios;
  • Exames regulares.

Perguntas frequentes sobre diabetes

1. O diabetes pode ser curado?

Não, mas pode ser controlado com tratamento e mudanças no estilo de vida.

2. O que é hipoglicemia?

É quando o açúcar no sangue fica muito baixo. Isso pode causar tontura, suor frio, desmaio e, se a queda de açúcar for muito intensa e não for revertida a tempo, pode levar até à morte.

3. Como prevenir o diabetes tipo 2?

Mantendo um peso saudável, fazendo exercícios e comendo de forma equilibrada.

5. O que é pré-diabetes?

É quando a glicose está acima do normal, mas ainda não ao ponto de ser caracterizada diabetes.

6. Diabetes afeta só o açúcar no sangue?

Não, pode atingir coração, rins, olhos e nervos, por isso é importante tratar a doença.

7. O que é resistência à insulina?

É quando o corpo não consegue usar a insulina de forma eficiente, e isso faz com que o açúcar no sangue fique mais alto.

8. Quem tem diabetes pode comer doce?

Sim, mas com moderação e dentro de um plano alimentar equilibrado.

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Foto de Dra. Juliana Soares

Escrito por Dra. Juliana Soares

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