DOENÇAS & CONDIÇÕES
Diabetes MODY: o tipo raro que muita gente tem sem saber
Entenda como identificar essa forma hereditária de diabetes que costuma surgir cedo, mas passa despercebida por anos

Dra. Juliana Soares
5min • 18 de nov. de 2025

O diabetes MODY costuma surgir antes dos 25 anos, pode atingir várias pessoas da mesma família | Foto: Freepik
Embora pouco conhecido, o diabetes MODY vem ganhando atenção entre especialistas porque muitas pessoas convivem com ele sem saber. Como costuma surgir na adolescência ou no início da vida adulta, é comum que seja confundido com diabetes tipo 1 ou tipo 2, o que pode levar a tratamentos inadequados.
A diferença é que, no MODY, a causa está em alterações genéticas específicas que afetam a capacidade das células do pâncreas de produzir insulina.
Reconhecer essa forma rara de diabetes é importante para o paciente e para toda a família. Por ser hereditário e transmitido de forma autossômica dominante (ou seja, basta um dos pais ter a mutação), o diagnóstico correto ajuda a orientar parentes, escolher o tratamento ideal e prever riscos a longo prazo.
O que é o diabetes MODY?
O diabetes MODY (do inglês Maturity-Onset Diabetes of the Young) é um diabetes raro e hereditário, causado por alterações em um único gene, por isso é chamado de diabetes monogênico.
Essas mutações afetam o funcionamento das células beta do pâncreas, que são responsáveis por produzir insulina. Assim como em outros tipos de diabetes, o organismo tem dificuldade em regular a glicose no sangue, mas o mecanismo por trás do problema é diferente.
O diabetes MODY costuma surgir antes dos 25 anos, pode atingir várias pessoas da mesma família e, por ser leve em alguns casos, muitas vezes passa despercebido por anos.
Pontos importantes sobre o diabetes MODY:
- Não há autoanticorpos destruindo o pâncreas (como no tipo 1);
- Geralmente não há resistência à insulina (como no tipo 2);
- Não costuma causar cetoacidose.
Por que o diabetes MODY acontece?
A causa está em mutações hereditárias que prejudicam como o pâncreas percebe a glicose e libera insulina. Mais de 14 mutações diferentes já foram identificadas, cada uma com seu comportamento, idade típica de início e resposta ao tratamento.
Como o MODY se diferencia de outros tipos de diabetes
| Tipo de diabetes | O que acontece | Autoanticorpos? | Resistência à insulina? |
|---|---|---|---|
| Tipo 1 | O sistema imunológico destrói o pâncreas | Sim | Não |
| Tipo 2 | O corpo não usa a insulina corretamente | Não | Sim |
| MODY | Mutação genética afeta a produção de insulina | Não | Geralmente não |
Quem pode ter diabetes MODY?
- Menos de 5% das pessoas com diabetes têm o MODY;
- Ocorre em famílias com vários casos de diabetes em jovens, muitas vezes em pessoas magras.
- É transmitido de pai/mãe para filho com 50% de chance.
Sintomas do diabetes MODY
Parecidos com os de qualquer diabetes:
- Sede aumentada;
- Urinar mais vezes;
- Perda de peso;
- Visão embaçada;
- Infecções de repetição.
Mas alguns casos, como o diabetes MODY 2, podem quase não causar sintomas e ser descobertos apenas em exames.
Principais tipos de diabetes MODY
MODY 3 (HNF1A)
- Mais comum;
- Surge entre 20 e 25 anos;
- Progressivo: o pâncreas perde capacidade de liberar insulina;
- Responde muito bem a sulfonilureias.
MODY 2 (GCK)
- Causado por alteração na glicocinase;
- Glicose levemente elevada e estável;
- Geralmente não precisa de remédios;
- Exige atenção especial na gestação.
MODY 1 (HNF4A)
- Semelhante ao MODY 3;
- Pode causar maior peso ao nascer e hipoglicemia neonatal;
- Boa resposta a sulfonilureias.
MODY 5 (HNF1B)
- Atinge outros órgãos: rins, fígado e genitais;
- Pode exigir insulina;
- Requer acompanhamento com nefrologista.
Outros tipos
Incluem MODY 4, 6, 12 e 13, alguns relacionados a diabetes neonatal ou hipoglicemia na infância.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico depende de suspeita clínica bem feita. Sinais que levantam hipótese:
- Diagnóstico antes dos 25 anos;
- Vários parentes com diabetes jovem;
- Paciente magro;
- Ausência de autoanticorpos;
- Produção de insulina preservada (peptídeo C normal).
Quando a suspeita é forte, o médico solicita teste genético, que confirma o subtipo e orienta o tratamento.
Tratamento
O tratamento depende do tipo de mutação:
| Tipo de diabetes MODY | Tratamento |
|---|---|
| MODY 2 | Geralmente não precisa de medicamentos |
| MODY 1 e 3 | Excelente resposta às sulfonilureias |
| MODY 5 | Costuma precisar de insulina; acompanhamento dos rins |
Em todos os casos:
- Alimentação equilibrada;
- Atividade física;
- Controle regular da glicose;
- Acompanhamento médico.
Na gravidez, o acompanhamento deve ser ainda mais atento.
Prognóstico
- MODY 2: leve, raramente causa complicações;
- MODY 1 e 3: risco semelhante ao tipo 1/2 se mal controlados;
- MODY 5: maior risco de problemas renais.
Com acompanhamento adequado, a maioria das pessoas tem vida longa e saudável.
Por que o diagnóstico importa?
Porque o tratamento muda completamente. E, por ser hereditário, outros membros da família podem ter diabetes MODY sem saber.
Veja também: Sintomas silenciosos do diabetes: atenção aos sinais que podem passar despercebidos
Perguntas frequentes sobre diabetes MODY
1. O diabetes MODY é comum?
Não. Representa menos de 5% dos casos de diabetes.
2. Diabetes MODY é a mesma coisa que diabetes tipo 1?
Não. No diabetes MODY não há autoanticorpos destruindo o pâncreas.
3. Como descobrir se tenho diabetes MODY?
O diagnóstico é confirmado por teste genético, solicitado quando há suspeita clínica.
4. Quem tem diabetes MODY sempre precisa usar insulina?
Depende do subtipo. Alguns respondem bem a comprimidos; outros precisam de insulina.
5. Diabetes MODY pode causar cetoacidose?
É raro. Diferente do diabetes tipo 1, o MODY normalmente não evolui com cetoacidose.
6. Crianças podem ter diabetes MODY?
Sim. Ele costuma aparecer antes dos 25 anos e pode surgir ainda na infância.
7. Diabetes MODY tem cura?
Não, mas tem tratamento eficaz e controle adequado evita complicações.
8. Familiares precisam fazer exame?
Sim. Como é hereditário, parentes de primeiro grau devem ser avaliados.
Veja mais: Diabetes: por que controlar é tão importante para o coração

