DOENÇAS & CONDIÇÕES
Diabetes autoimune latente do adulto (LADA): o ‘tipo 1,5’ do diabetes
Reconheça os sinais e descubra por que essa forma autoimune é tão subdiagnosticada

Dra. Juliana Soares
5min • 22 de nov. de 2025

No diabetes LADA, o organismo produz anticorpos que atacam gradualmente as células produtoras de insulina sem destruí-las tão rapidamente quanto no diabetes tipo 1 | Foto: Freepik
O diabetes é uma das doenças crônicas mais conhecidas do mundo, mas existe uma forma menos falada que costuma surpreender até quem já convive com o diagnóstico: o LADA, o diabetes autoimune latente do adulto. Ele é chamado informalmente de “diabetes tipo 1,5” porque reúne características do tipo 1 e do tipo 2, e muitas vezes passa despercebido nos primeiros anos.
Por causa dessa evolução lenta, muitas pessoas recebem tratamento inadequado por meses ou anos. Identificar o LADA precocemente faz toda a diferença para escolher o tratamento correto, preservar a função do pâncreas por mais tempo e evitar complicações a longo prazo.
O que é o diabetes LADA?
O diabetes LADA é uma forma de diabetes causada por uma reação autoimune: o sistema imunológico ataca as células do pâncreas responsáveis por produzir insulina. A destruição é lenta, e por isso os sintomas começam como no diabetes tipo 2, mas depois evoluem para a necessidade de insulina, como acontece no diabetes tipo 1.
Por isso ele é considerado uma condição intermediária entre os dois tipos clássicos.
Como é feito o diagnóstico
A Sociedade de Imunologia para Diabetes estabelece três critérios para identificar o diabetes LADA:
- Diagnóstico após os 30 anos;
- Presença de anticorpos contra o pâncreas;
- Não precisar de insulina nos primeiros 6 meses.
No início, o LADA costuma ser confundido com diabetes tipo 2 porque:
- A glicose sobe de forma mais leve;
- Os medicamentos orais funcionam no começo;
- Os sintomas podem ser discretos.
Com o tempo, porém, o pâncreas perde a capacidade de produzir insulina, e o controle da glicose começa a falhar, mesmo com tratamento adequado, um sinal de alerta importante.
Por que o diabetes LADA acontece?
O diabetes LADA tem origem genética e autoimune. Alguns genes aumentam o risco da doença, mas ainda não se sabe ao certo o que desencadeia a reação imunológica.
Os fatores associados são:
- Excesso de peso;
- Tabagismo;
- Sedentarismo;
- Consumo excessivo de bebidas açucaradas;
- Baixo peso ao nascer.
Por outro lado, hábitos como atividade física regular, alimentação equilibrada e consumo de peixes ricos em ômega 3 parecem ter efeito protetor.
Quão comum é o diabetes LADA?
Mais do que se imagina: 5% a 15% dos adultos diagnosticados inicialmente com diabetes tipo 2 na verdade têm diabetes LADA.
Em países como Reino Unido e outros da Europa, cerca de 10% dos adultos com diabetes apresentam essa forma autoimune.
Como o corpo reage no diabetes LADA
No LADA, o organismo produz anticorpos que atacam gradualmente as células produtoras de insulina (sem destruí-las tão rapidamente quanto no diabetes tipo 1).
A doença mistura características dos dois tipos clássicos:
- Autoimunidade semelhante ao tipo 1;
- Evolução lenta inicial, semelhante ao tipo 2;
- Ocorre em adultos, geralmente com peso normal ou levemente acima do ideal.
Sintomas
Os sintomas do diabetes LADA são semelhantes aos dos outros tipos de diabetes:
- Sede excessiva;
- Urinar com frequência;
- Cansaço persistente;
- Perda de peso sem motivo;
- Visão embaçada;
- Formigamento nos pés.
Algumas pessoas podem permanecer sem sintomas por um tempo, descobrindo a doença apenas em exames de rotina.
Exames para diagnosticar o diabetes LADA
Além dos exames comuns para diabetes (glicemia, hemoglobina glicada, urina), o médico pode solicitar:
- Anticorpos específicos, como o GADA (o mais comum);
- Dosagem de peptídeo C, que mostra o quanto de insulina o corpo ainda produz.
Pessoas com diabetes LADA costumam ter:
- Peptídeo C em níveis intermediários;
- Anticorpos positivos;
- Pouca ou nenhuma resistência à insulina.
Esses achados ajudam a diferenciar o diabetes LADA de diabetes tipo 1 e tipo 2.
Tratamento
O tratamento é personalizado e depende do estágio da doença.
Inclui:
- Alimentação equilibrada;
- Atividade física regular;
- Acompanhamento médico frequente.
Medicamentos
- Insulina: pode ser necessária logo no início ou apenas após alguns anos;
- Agonistas de GLP-1 e inibidores de DPP-4: ajudam a preservar a função do pâncreas.
Importante:
Sulfonilureias devem ser evitadas, pois aceleram a perda das células produtoras de insulina.
Por que reconhecer o diabetes LADA é tão importante?
Um diagnóstico impreciso pode atrasar o tratamento adequado, aumentando o risco de complicações.
Identificar o diabetes LADA permite:
- Preservar a função do pâncreas por mais tempo;
- Melhorar o controle da glicose;
- Reduzir o risco de danos nos rins, olhos, coração e vasos;
- Oferecer uma abordagem individualizada.
Leia também: Diabetes: por que controlar é tão importante para o coração
Perguntas frequentes sobre LADA
1. LADA é a mesma coisa que diabetes tipo 1?
Não. Ambos são autoimunes, mas o LADA se desenvolve lentamente e aparece apenas em adultos.
2. Quem tem LADA sempre vai precisar de insulina?
A tendência é que sim, mas o momento varia de pessoa para pessoa.
3. LADA pode ser confundido com diabetes tipo 2?
Sim, e isso é muito comum. Por isso o diagnóstico correto é tão importante.
4. LADA tem cura?
Não, mas pode ser controlado com tratamento adequado.
5. Exercícios ajudam no LADA?
Sim. Atividade física melhora sensibilidade à insulina e ajuda no controle glicêmico.
6. O que o peptídeo C indica?
Ele mostra o quanto de insulina o corpo ainda produz.
7. Alimentação pode substituir o tratamento medicamentoso?
Não. É complementar, mas não substitui medicamentos quando o pâncreas já está comprometido.
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