DOENÇAS & CONDIÇÕES
Dermatite atópica: o que é, sintomas e cuidados
Doença inflamatória da pele que causa coceira e ressecamento, a dermatite atópica pode ser controlada com rotina de hidratação e tratamento adequado

Dra. Juliana Soares
5min • 31 de out. de 2025

A dermatite atópica surge da combinação de fatores genéticos, imunológicos e ambientais | Foto: Freepik
A dermatite atópica, também conhecida como eczema atópico, é a forma mais comum de inflamação crônica da pele. Geralmente aparece ainda na infância e provoca coceira intensa, vermelhidão, descamação e ressecamento.
Embora não seja contagiosa, a doença afeta profundamente a qualidade de vida. A coceira constante pode atrapalhar o sono, o convívio social e até causar infecções na pele. Com cuidados diários e acompanhamento médico, no entanto, é possível controlar as crises e viver bem.
O que é a dermatite atópica
A dermatite atópica é uma doença inflamatória crônica da pele caracterizada por ressecamento, coceira intensa e lesões vermelhas que podem descamar ou formar crostas. Com o tempo, a pele pode ficar mais espessa e marcada (liquenificação).
Apesar de seu aspecto, não é contagiosa. O principal desafio está no desconforto e no impacto físico e emocional causado pelos sintomas.
Por que a dermatite atópica acontece
A doença surge da combinação de fatores genéticos, imunológicos e ambientais. Essa interação altera a barreira cutânea, deixando a pele mais seca, sensível e propensa à entrada de substâncias irritantes e alérgenos.
Principais causas e influências
- Imunidade alterada: o sistema imunológico reage de forma exagerada a estímulos comuns, causando inflamação;
- Histórico familiar: se um dos pais tem doenças atópicas (asma, rinite ou dermatite), o risco do filho é de até 50%; se ambos têm, pode chegar a 80%;
- Fatores ambientais: clima seco e frio, poluição, poeira, tabagismo, sabonetes agressivos e tecidos sintéticos podem agravar o quadro;
- Alimentação: em 10% a 30% dos pacientes, alergias alimentares (a ovos, leite, amendoim, soja ou trigo) podem desencadear crises.
Essa associação com outras doenças alérgicas é chamada de tríade atópica — dermatite, asma e rinite. Quando essas condições aparecem em sequência, o fenômeno é conhecido como marcha atópica.
Como reconhecer os sintomas
Os sintomas variam conforme a idade e a gravidade do quadro.
Em bebês:
- Manchas avermelhadas no rosto, couro cabeludo e braços ou pernas (a área da fralda costuma ser poupada).
Em crianças:
- Lesões principalmente nas dobras do corpo, como atrás dos joelhos, cotovelos e no pescoço.
Em adultos:
- Pele mais espessa, seca e com lesões em mãos, pés, pescoço e rosto.
Sintomas mais comuns:
- Coceira intensa (piora à noite);
- Pele seca e sensível;
- Lesões que soltam líquido, formam crostas e descamam;
- Feridas por coçar excessivamente;
- Infecções secundárias, como as causadas pela bactéria Staphylococcus aureus.
Como é feito o diagnóstico
Na maioria dos casos, o diagnóstico é clínico, feito pelo dermatologista a partir da avaliação da pele e do histórico do paciente.
O médico pode levar em conta:
- Idade de início dos sintomas;
- Histórico familiar de asma, rinite ou alergias;
- Intensidade da coceira;
- Fatores que agravam as lesões (calor, suor, tecidos sintéticos, sabonetes, poeira).
Os critérios de Hanifin e Rajka, amplamente usados, auxiliam no diagnóstico da doença. Em situações específicas, o médico pode solicitar testes de alergia, dosagem de IgE ou biópsia da pele, mas esses exames não são sempre necessários.
Tratamento e cuidados
O tratamento da dermatite atópica tem como objetivo controlar os sintomas, reduzir as crises e melhorar a qualidade de vida. Ele se baseia em três pilares principais:
1. Prevenir os gatilhos
- Evitar banhos muito quentes e demorados;
- Preferir roupas de algodão em vez de tecidos sintéticos;
- Evitar sabonetes agressivos e produtos com álcool ou perfume;
- Reduzir contato com poeira, ácaros, pelos de animais e alimentos desencadeantes.
2. Cuidar da pele todos os dias
- Hidratar a pele: aplicar cremes ou pomadas hidratantes (emolientes) ao menos duas vezes ao dia, especialmente após o banho;
- Banho rápido e morno: secar suavemente, sem esfregar, e aplicar o hidratante em até 3 minutos para evitar a perda de água.
3. Controlar a inflamação e as crises
- Cremes ou pomadas com corticoides: usados por períodos curtos para reduzir vermelhidão, coceira e inflamação;
- Cremes não corticoides: indicados para áreas sensíveis, como rosto, axilas e virilha;
- Novos medicamentos tópicos: ajudam em casos leves a moderados;
- Medicamentos orais ou injetáveis: em casos graves, podem incluir imunossupressores, fototerapia (luz UV) ou terapias biológicas;
- Antibióticos ou antivirais: usados quando há infecção secundária.
O acompanhamento com o dermatologista e uma rotina de cuidados diários são fundamentais para manter a doença sob controle.
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Perguntas frequentes sobre dermatite atópica
1. A dermatite atópica tem cura?
Não, mas é possível controlar as crises com tratamento e cuidados diários.
2. É contagiosa?
Não. A dermatite atópica não é causada por vírus ou bactérias e não passa de pessoa para pessoa.
3. O que piora a dermatite?
Banhos quentes, clima seco, tecidos sintéticos, estresse e certos alimentos podem agravar os sintomas.
4. Qual é o melhor hidratante para quem tem dermatite?
Os hidratantes com ceramidas, ureia em baixa concentração e glicerina ajudam a restaurar a barreira da pele.
5. Crianças com dermatite atópica podem levar uma vida normal?
Sim. Com o tratamento adequado, é possível controlar bem a doença e evitar crises frequentes.
6. É preciso fazer dieta restritiva?
Apenas se houver alergias alimentares comprovadas. Dietas sem orientação médica não são recomendadas.
7. A dermatite atópica melhora com o tempo?
Em muitos casos, os sintomas diminuem ou desaparecem na adolescência ou na vida adulta.
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