Logo Propor

SAÚDE MENTAL & EMOCIONAL

O que é depressão e quais são os principais sintomas 

Depressão vai além da tristeza. Conheça os principais sintomas emocionais e físicos, os tipos mais comuns e quando procurar um especialista

Dr. Luiz Dieckmann

Dr. Luiz Dieckmann

5min • 6 de ago. de 2025

O que é depressão e quais são os principais sintomas 

Sentir tristeza de vez em quando faz parte da vida. Quem nunca passou por dias difíceis, se sentiu para baixo ou sem vontade de fazer nada? Quando essa sensação se prolonga por semanas, interfere na rotina, nos relacionamentos e até na saúde do corpo, pode ser sinal de algo mais sério: a depressão.

A depressão é uma condição de saúde mental comum, mas ainda cercada de preconceitos. No Brasil, por exemplo, estima-se que 15,5% das pessoas tenham depressão, o que equivale a aproximadamente 31,5 milhões de pessoas.

Entender o que é depressão, como se manifesta e quais os caminhos para o tratamento é muito importante para ajudar quem está sofrendo, seja você ou alguém próximo.

Depressão: definição médica e tipos

A depressão é um transtorno mental caracterizado por tristeza persistente, perda de interesse em atividades do dia a dia e outros sintomas que afetam a vida da pessoa. Ela não é frescura, preguiça ou fraqueza, mas uma condição clínica que exige atenção e tratamento adequado.

Existem diferentes tipos de depressão, que variam em intensidade, duração e causa.

Episódio depressivo maior

É o tipo mais conhecido. “A depressão maior acontece quando a tristeza profunda ou a perda de prazer, chamada anedonia, dominam por no mínimo duas semanas e se somam a sinais como alteração de sono, apetite, energia e pensamento”, explica o psiquiatra Luiz Dieckmann.

Transtorno depressivo persistente ou distimia

O psiquiatra explica que a distimia, hoje chamada transtorno depressivo persistente, mantém humor baixo de maneira mais branda, porém contínua, durante dois anos ou mais, gerando cansaço crônico e baixa autoestima.

Depressão sazonal

Costuma acontecer em determinadas épocas do ano, especialmente no outono e inverno, quando há menos exposição à luz do sol. Pode causar alterações de humor, cansaço e isolamento.

“A forma sazonal surge entre o fim do outono e o inverno, período com menos luz natural, o que bagunça o relógio biológico e eleva a melatonina, hormônio que induz sono”, detalha o médico.

Depressão pós-parto

O especialista explica que a depressão pós-parto aparece até quatro semanas depois do nascimento do bebê, momento de queda brusca dos hormônios da gravidez, poucas horas de sono e forte responsabilidade emocional.

Principais sintomas da depressão

A depressão pode se manifestar de várias formas. Os sinais podem ser emocionais, físicos ou comportamentais, e nem sempre são fáceis de identificar.

Sintomas emocionais da depressão

  • Tristeza profunda e persistente;
  • Perda de interesse ou prazer nas atividades do dia a dia;
  • Sensação de vazio ou desesperança;
  • Sentimento de culpa ou inutilidade;
  • Irritabilidade ou crises de choro.

Sintomas físicos da depressão

  • Fadiga o tempo todo;
  • Dores no corpo sem explicação médica;
  • Alterações no sono (insônia ou sono excessivo);
  • Mudança no apetite e no peso;
  • Problemas gastrointestinais, como indigestão, dor abdominal, náuseas ou diarreia.

Sintomas comportamentais da depressão

  • Vontade de ficar isolado;
  • Dificuldade de se concentrar;
  • Desempenho ruim no trabalho ou nos estudos;
  • Falta de cuidado com a própria aparência;
  • Pensamentos de morte ou suicídio.

“Existem quadros de depressão sem tristeza declarada. A pessoa relata desânimo, irritabilidade, dores de cabeça, problemas gastrointestinais e sensação de vazio, mas diz não estar triste”, explica o médico.

“Esse tipo de depressão ‘mascarada’ confunde familiares e até profissionais de saúde porque se apresenta como queixas físicas ou mau humor constante”.

Diferença entre tristeza e depressão

Estar triste por um motivo específico, como o fim de um relacionamento ou a perda de um emprego, é uma reação emocional esperada. A tristeza geralmente tem um motivo claro, é passageira e não impede a pessoa de seguir com a vida.

Já a depressão é persistente, mais intensa e pode surgir mesmo sem um motivo aparente. Ela afeta o funcionamento do corpo e da mente, e costuma durar semanas ou até meses, e precisa de ajuda de um médico ou psicólogo para o tratamento.

Avalie o que você sente com um médico para entender se é tristeza ou depressão.

Causas da depressão

A depressão pode ser causada por uma combinação de coisas, entre elas fatores biológicos, genéticos, ambientais e psicológicos. Não existe uma causa de depressão única, e é por isso que o tratamento deve ser personalizado.

Fatores genéticos

Pessoas com histórico familiar de depressão têm mais chance de desenvolver a doença, mas isso não significa que seja inevitável.

“Quem tem pai, mãe ou irmãos com depressão diminui o próprio risco ao adotar três pilares: sono regular de sete a oito horas, atividade física aeróbica que libera endorfinas protetoras e uma rede de apoio de amigos ou família para dividir preocupações. Essas medidas modulam o eixo cortisol, principal via de resposta ao estresse”, aconselha o psiquiatra.

Fatores ambientais

Estresse constante, traumas, violência, perdas e até condições ruins de vida podem estar ligados ao desenvolvimento da depressão.

“Experiências adversas, violência cotidiana e isolamento social elevam o cortisol, hormônio que prepara o corpo para lutar ou fugir. Em doses altas e prolongadas o cortisol inflama o cérebro, prejudica a formação de novas conexões neurais e aumenta vulnerabilidade à depressão”, conta Dieckmann.

“Algumas pessoas carregam variantes genéticas que reforçam a proteção dos neurônios, resultado em maior resiliência, enquanto outras nascem com variantes que amplificam o impacto do estresse”.

Desequilíbrios químicos

Alterações nos neurotransmissores do cérebro, como serotonina e dopamina, também estão relacionadas ao aparecimento da depressão.

O psiquiatra explica que a serotonina, noradrenalina e dopamina são mensageiros químicos que regulam humor, motivação e energia.

“Seus níveis variam em resposta a gatilhos como alterações hormonais da tireoide, uso de certas medicações, inflamações sistêmicas e sobrecarga emocional. Esses gatilhos desajustam os circuitos cerebrais ligados à recompensa, causando apatia ou tristeza”, diz.

Diagnóstico da depressão

O diagnóstico da depressão é feito por um médico psiquiatra ou outro profissional de saúde mental. Ele considera os sintomas, a duração e o impacto na vida da pessoa.

Não existem exames laboratoriais que comprovem a depressão, mas testes e conversas com o médico ajudam a avaliar o problema. Quanto mais cedo o diagnóstico, maiores as chances de recuperação e menor o tempo de sofrimento da pessoa.

“Deixar de tratar a depressão permite que sintomas se prolonguem e se tornem mais resistentes. Estudos mostram risco dobrado de infarto e derrame, piora de memória e concentração, maior probabilidade de abuso de álcool ou drogas e aumento expressivo da chance de suicídio”, diz o médico.

“Além disso, a doença rouba anos de vida produtiva e prejudica relações pessoais”.

Quando buscar ajuda para depressão

O psiquiatra recomenda buscar ajuda médica se os sintomas durarem mais de duas semanas e começarem a atrapalhar a vida, como o trabalho, os estudos, ou se surgirem pensamentos de morte ou incapacidade de cuidar de si.

“Um clínico, psicólogo ou psiquiatra consegue confirmar o diagnóstico e iniciar tratamento que abrange psicoterapia, ajustes no estilo de vida e, quando necessário, medicação. Quanto mais cedo o cuidado, maior a chance de remissão completa”, diz.

Perguntas frequentes sobre depressão

1. Depressão tem cura?

Sim. Com o tratamento adequado, é possível controlar os sintomas e ter qualidade de vida.

2. O que fazer quando um amigo está com depressão?

Ouça sem julgar, incentive a buscar ajuda profissional e esteja presente.

3. Remédio para depressão vicia?

Não. Antidepressivos não causam dependência química, mas devem ser usados somente com orientação médica.

4. Posso tratar a depressão só com terapia?

Em alguns casos leves, sim. Em outros, pode ser necessário combinar terapia e medicamentos.

5. Crianças e adolescentes podem ter depressão?

Sim. E o diagnóstico precoce é ainda mais importante nessa fase.

Leia Mais: Depressão adolescente: sinais e como ajudar com empatia

6. Existe depressão pós-parto?

Sim. Ela pode surgir alguns dias após o parto ou até semanas depois e precisa de atenção médica.

7. Atividades físicas ajudam na depressão?

Sim. Elas liberam substâncias que melhoram o humor e reduzem a ansiedade.

8. Como diferenciar preguiça de depressão?

A depressão vai muito além da falta de vontade. Ela afeta o corpo e a mente, e precisa de tratamento.

Inscreva-se em nossa newsletter

Receba semanalmente as últimas notícias da área da saúde, cuidado e bem estar.

Foto de Dr. Luiz Dieckmann

Escrito por Dr. Luiz Dieckmann

Sobre

Psiquiatra

Especialidades/Área de atuação

Psiquiatra - CRM/SP 133.853

Group Companies
Waves