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DOENÇAS & CONDIÇÕES

Cura ou remissão do câncer? Entenda a diferença entre os termos

Compreender a diferença ajuda a reduzir a ansiedade e seguir o tratamento com mais segurança.

Dr. Thiago Chadid

Dr. Thiago Chadid

5min • 4 de dez. de 2025

Paciente em tratamento de câncer conversa com médico para tirar dúvidas sobre remissão e cura da doença.

Na oncologia, cada termo descreve um estágio diferente do controle da doença e indica níveis distintos de segurança em relação ao futuro | Foto: Freepik

Quando uma pessoa recebe o diagnóstico de câncer, é normal que alguns termos médicos passem a fazer parte do dia a dia, mesmo que nunca tenham feito sentido antes. A cura certamente é uma das palavras que mais despertam expectativas e ansiedade, mas você sabe o que significa remissão do câncer?

As dúvidas costumam aparecer ao longo do processo, mas saber o significado de cura ou remissão do câncer ajuda a compreender melhor cada etapa do tratamento e tornar a sua jornada menos assustadora. Conversamos com o oncologista Thiago Chadid para esclarecer as principais dúvidas, a seguir.

Afinal, cura e remissão do câncer são a mesma coisa?

Antes de detalhar cada definição, vale esclarecer que a distinção não é apenas semântica. Na oncologia, cura e remissão não significam a mesma coisa quando se fala em câncer — e cada termo descreve um estágio diferente do controle da doença e indica níveis distintos de segurança em relação ao futuro.

Eles devem ser usados com cuidado, uma vez que influenciam a forma como o paciente entende o tratamento, o que esperar dos próximos meses e como será o acompanhamento médico.

O que significa remissão do câncer?

A remissão do câncer significa que não há sinais detectáveis da doença no momento, embora não seja possível afirmar que o tumor está definitivamente curado.

De acordo com Thiago, durante o acompanhamento, o paciente realiza exames como tomografia, PET-CT, ressonância ou marcadores sanguíneos, e todos mostram ausência de atividade tumoral.

A doença não está mais visível, não está crescendo e não provoca sintomas, mas ainda existe a possibilidade de que células remanescentes, invisíveis aos métodos de diagnóstico, possam voltar a se multiplicar.

De maneira geral, existem dois tipos principais de remissão no câncer, definidos de acordo com o quanto a doença diminuiu ou desapareceu nos exames:

  • Remissão parcial ocorre quando o tumor reduz de tamanho ou quando há diminuição importante da atividade da doença, mas ainda restam sinais detectáveis nos exames. Pode representar uma queda de 30%, 50% ou mais no volume tumoral, dependendo do protocolo usado para avaliar cada caso. Ela indica resposta significativa ao tratamento, mas não completa;
  • Remissão completa acontece quando não há sinais detectáveis do câncer nos exames de imagem, exames laboratoriais ou avaliação clínica. Mesmo assim, não se usa o termo “cura” de imediato, porque ainda pode existir risco de retorno, especialmente nos primeiros anos. Por isso, o acompanhamento continua de forma rigorosa.

Por que remissão não significa ausência total de risco?

A remissão não significa ausência total de risco porque o organismo pode ainda abrigar células tumorais microscópicas que não aparecem em exames de imagem ou de sangue.

Mesmo quando o tratamento elimina toda a doença visível, ainda pode haver células dispersas, adormecidas ou em quantidade tão pequena que nenhum método atual consegue detectar. A ciência não possui marcadores capazes de garantir que todo vestígio celular foi eliminado.

Segundo Thiago, tumores agressivos podem recidivar nos primeiros anos após o tratamento, por isso, se o paciente permanece sem doença por cerca de cinco anos, considera-se que o risco de retorno se tornou muito baixo — podendo, em alguns casos, usar o termo “cura”.

Já tumores indolentes, de crescimento lento, podem recidivar após 10, 15 ou até 20 anos, motivo pelo qual não existe um marco claro de cura. Nesses casos, mesmo após anos sem sinais da doença, o paciente permanece em remissão e segue em acompanhamento periódico com o médico.

O que significa cura do câncer?

A cura do câncer significa que não há sinais da doença no organismo após um longo período de acompanhamento médico. De forma geral, ela indica que o tratamento funcionou e que o risco do tumor voltar se tornou muito baixo, quase nulo, de acordo com o padrão de cada tipo de câncer.

É um termo usado com cuidado porque alguns tumores (especialmente indolentes) podem demorar anos para mostrar recidiva, por isso o paciente continua em vigilância e acompanhamento mesmo depois de bons resultados.

De acordo com Thiago Chadid, os oncologistas consideram que um paciente está curado se ele permanecer em remissão completa por um período de cinco anos ou mais após o término do tratamento. Após esse tempo, o risco de o câncer retornar (recidiva) diminui consideravelmente, embora não seja totalmente eliminado.

A possibilidade de cura varia muito dependendo do tipo de câncer, do estágio em que foi diagnosticado (diagnósticos precoces têm chances significativamente maiores) e das características individuais do paciente e do tumor.

Por que a cura depende do tipo de câncer?

Primeiro, é importante entender que o termo “câncer” é um nome usado para mais de 200 doenças diferentes. A cura depende do tipo de tumor porque eles possuem um comportamento próprio. Alguns crescem rápido, outros evoluem de forma lenta, e cada um responde ao tratamento de um jeito.

A agressividade também se relaciona com o grau de diferenciação celular: quanto mais as células se parecem com as normais, maior a chance de tratamento eficaz.

Alguns pontos ajudam a entender por que isso varia tanto:

  • Biologia e velocidade de crescimento: tumores agressivos têm alta taxa de mutação, invadem outros órgãos cedo e dificultam a cura, enquanto tumores lentos permitem intervenções efetivas;
  • Localização: quando o tumor está em áreas acessíveis, como pele, a remoção é mais simples; quando está em regiões delicadas, como cérebro, a cirurgia completa se torna mais difícil;
  • Resposta ao tratamento: certos cânceres, como alguns linfomas e leucemias, respondem muito bem à quimioterapia; outros, como alguns sarcomas, apresentam maior resistência;
  • Existência de alvos moleculares: terapias modernas funcionam melhor quando o tumor tem mutações específicas que podem ser bloqueadas por medicamentos;
  • Diagnóstico precoce: quando detectado cedo por exames de rastreamento, o tumor costuma estar limitado ao local de origem, aumentando muito as chances de cura.

Como saber se há cura ou remissão do câncer?

A diferença entre cura e remissão é identificada principalmente por meio de acompanhamento contínuo, exames de imagem e exames laboratoriais, como:

  • Tomografia computadorizada;
  • Ressonância magnética;
  • PET-CT, que identifica áreas com maior atividade metabólica;
  • Ultrassom, quando indicado;
  • Exames de sangue, como marcadores tumorais, quando fazem sentido para aquele tipo de tumor;
  • Biópsias de controle, em contextos específicos.

Na remissão, os exames mostram redução importante do tumor ou ausência temporária de sinais da doença, mas o período de observação ainda é curto para garantir estabilidade definitiva. O médico avalia o comportamento do tumor ao longo dos meses para confirmar se o controle se mantém.

A cura só pode ser considerada após muitos anos de exames sem alterações. Cada tipo de câncer tem um intervalo diferente para essa confirmação, porque alguns tumores têm risco de retorno mais tardio do que outros. Durante esse período, o paciente mantém o acompanhamento para verificar se há qualquer sinal mínimo de atividade tumoral.

Como lidar emocionalmente com a remissão prolongada?

A remissão é um período que pode durar vários anos, então é normal oscilar entre confiança e insegurança, especialmente antes de consultas e exames de rotina.

Por isso, cuidar da saúde emocional durante esse período ajuda a recuperar tranquilidade e criar mais segurança no dia a dia, e alguns passos simples podem ajudar:

  • Procurar apoio psicológico para organizar pensamentos, aliviar medo e a insegurança e diminuir preocupações repetitivas;
  • Falar com amigos ou familiares para não carregar tudo sozinha e reduzir a sensação de peso emocional;
  • Manter uma rotina saudável, com momentos de lazer, descanso e atividades que tragam bem-estar;
  • Lembrar que exames de acompanhamento servem para proteção, não para gerar medo;
  • Celebrar cada mês ou ano com bons resultados, entendendo que períodos longos de controle mostram que o tratamento funcionou.

Confira: Vacinas contra o câncer: o que está sendo testado (e o que esperar)

Perguntas frequentes

Quais sinais podem indicar que o câncer voltou?

Os sintomas variam de acordo com o tipo de tumor, mas alguns sinais exigem atenção, como dores persistentes, alterações respiratórias, perda de peso sem explicação, fadiga extrema, nódulos novos, sangramentos incomuns, mudanças no intestino ou na bexiga e aumento de linfonodos.

No entanto, muitas recidivas são detectadas apenas em exames de rotina, antes de causar sintomas. Por isso o acompanhamento regular é tão importante.

O que acontece quando o câncer recidiva? Existe tratamento?

A recidiva do câncer não significa o fim das possibilidades de tratamento. Na verdade, a oncologia moderna oferece diversas opções, como imunoterapia, terapias-alvo, quimioterapia, radioterapia avançada, novos medicamentos orais e abordagens cirúrgicas.

O tratamento depende do local da recidiva e do histórico do paciente. Em muitos casos é possível controlar novamente a doença e alcançar outra fase de remissão. O tratamento pode mudar, mas as chances de boas respostas continuam existindo.

O que significa câncer indolente?

O termo câncer indolente descreve tumores que evoluem muito lentamente e apresentam baixo risco de crescimento ou disseminação. Eles podem permanecer estáveis por anos, sem causar sintomas ou exigir tratamento imediato.

Em alguns casos, o médico opta pela “vigilância ativa”, que consiste em acompanhar o paciente com exames regulares, intervindo apenas se houver mudanças significativas.

Esse tipo de câncer, embora ainda seja câncer, tem comportamento mais previsível e menor potencial de causar complicações rápidas, permitindo que muitas pessoas levem uma vida normal durante a observação.

O que caracteriza um câncer agressivo?

Um câncer agressivo é aquele que cresce rapidamente, tende a formar metástases com mais facilidade e exige intervenção imediata. O comportamento está ligado ao tipo de célula tumoral, às mutações presentes e ao nível de divisão celular.

Contudo, vale destacar que o câncer ser agressivo não significa que ele não é passível de controle e tratamento, mas sim que ele demanda uma abordagem mais intensiva, como combinações de quimioterapia, radioterapia, imunoterapia ou cirurgias amplas. O acompanhamento também é mais rígido e frequente, já que o risco de retorno também pode ser maior.

Por que alguns cânceres crescem devagar e outros evoluem rapidamente?

A velocidade de crescimento do câncer depende das características biológicas do tumor, como o tipo de célula envolvida, as mutações genéticas presentes, a capacidade de enganar o sistema imune e a forma como o tumor utiliza nutrientes.

Os tumores indolentes têm ritmo lento de multiplicação e menor capacidade de invadir tecidos, enquanto tumores agressivos apresentam mecanismos que favorecem replicação rápida e expansão. Alguns fatores hereditários, hormônios, inflamação crônica e características individuais do paciente também influenciam esse comportamento.

Leia mais: Câncer agressivo: o que significa e quais fatores determinam

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Escrito por Dr. Thiago Chadid

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