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PREVENÇÃO & LONGEVIDADE

Cuidados paliativos: apoiar a vida desde o diagnóstico até o fim

Não é desistir do tratamento, mas cuidar com dignidade, aliviar dores, dar suporte emocional e envolver a família em todas as fases

Dra. Isabella Segura

Dra. Isabella Segura

5min • 6 de out. de 2025

Cuidados paliativos: apoiar a vida desde o diagnóstico até o fim

Quando uma doença grave irrompe na vida de alguém, ela atinge além do corpo, pois transforma rotinas, crenças, relações e expectativas. Em meio a tratamentos, medos e incertezas, cresce também a necessidade de acolhimento integral para o paciente e suas famílias. É aí que entram os cuidados paliativos.

Os cuidados paliativos são uma abordagem que vai além do remédio, pois buscam cuidar da dor, do sofrimento emocional, das decisões difíceis e do significado de viver bem, em todas as fases da doença.

O que são cuidados paliativos?

Os cuidados paliativos são uma abordagem médica que busca melhorar a qualidade de vida de quem enfrenta uma doença grave, bem como apoiar suas famílias. Eles atuam para prevenir e aliviar o sofrimento — seja ele físico, emocional, social ou espiritual. A ideia é cuidar sempre, não desistir jamais.

Princípios centrais dos cuidados paliativos

  • Valorizar a vida e compreender a morte como um processo natural;
  • Não antecipar nem adiar a morte;
  • Iniciar o cuidado o mais cedo possível, junto com outros tratamentos ativos;
  • Garantir o alívio da dor e dos sintomas difíceis;
  • Oferecer cuidado integral — corpo, mente, emoções e espiritualidade;
  • Manter o paciente ativo e com dignidade até onde for possível;
  • Dar apoio contínuo à família, inclusive durante o luto;
  • Atuar com equipe multidisciplinar (médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais e outros);
  • Manter comunicação clara e empática, permitindo decisões conscientes de paciente e familiares.

Como os cuidados paliativos ajudam

  • Controle de sintomas: dor, fadiga, náuseas e outros desconfortos são aliviados;
  • Respeito à dignidade: o paciente vive o melhor possível, mesmo diante das limitações;
  • Apoio emocional e espiritual: acolhimento de medos, escuta e conforto;
  • Suporte familiar: acompanhamento e preparo para o luto;
  • Integração com outros tratamentos: os cuidados paliativos podem ocorrer junto a terapias que prolongam a vida, como quimioterapia ou radioterapia.

Quem pode se beneficiar dos cuidados paliativos?

Qualquer pessoa, de qualquer idade, com doença grave e potencialmente fatal pode se beneficiar de cuidados paliativos, independentemente do diagnóstico ou do tempo de vida esperado. Isso inclui casos de câncer, doenças cardíacas, pulmonares, neurológicas, renais, entre outras.

Os cuidados também se estendem às famílias e cuidadores — afinal, quem cuida também precisa de cuidado, suporte emocional e orientação prática.

Hospice: um conceito de cuidado no final da vida

O termo hospice não se refere a um local específico, mas a um modelo de cuidado voltado a pacientes em fase avançada da doença, geralmente com expectativa de vida de até seis meses.

Nesse modelo, o foco é o acolhimento ativo, o alívio de sintomas e o suporte à família, especialmente no processo de morrer e no luto que o segue.

Um cenário em crescimento

No Brasil, os cuidados paliativos começaram a se estruturar nos anos 1990. Hoje, com o envelhecimento populacional e o aumento das doenças crônicas, a demanda cresceu significativamente — e tende a dobrar até 2060.

Embora ainda sejam muito associados a pacientes acima de 50 anos e ao câncer, os cuidados paliativos abrangem diversas doenças crônicas graves e podem beneficiar pessoas de todas as faixas etárias.

De forma geral, cuidados paliativos não significam desistir do tratamento, mas sim afirmar que, em todos os momentos da vida, é possível cuidar, aliviar, apoiar e oferecer dignidade.

Confira: Envelhecimento saudável: 6 hábitos para manter a autonomia

Perguntas frequentes sobre cuidados paliativos

1. Cuidados paliativos são sinônimo de desistir do tratamento?

Não. Eles atuam em conjunto com tratamentos ativos, com foco na qualidade de vida, no controle de sintomas e no apoio integral.

2. Quando começar os cuidados paliativos?

O ideal é iniciar o quanto antes — desde o diagnóstico da doença grave —, não apenas no final da vida.

3. Só pacientes com câncer se beneficiam?

Não. Pessoas com doenças cardíacas, pulmonares, neurológicas, renais, entre outras, também podem e devem receber cuidados paliativos.

4. Quem compõe a equipe de cuidados paliativos?

Profissionais de diferentes áreas, como médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, capelães e nutricionistas.

5. Os pacientes perdem autonomia nos cuidados paliativos?

Ao contrário. Um dos princípios é manter o máximo possível de autonomia, respeitando as escolhas e promovendo dignidade mesmo nas fases mais difíceis.

6. A família também recebe apoio?

Sim. Os cuidados paliativos oferecem suporte emocional, orientação e acompanhamento no luto para familiares e cuidadores.

7. Como saber se um hospital ou ambulatório oferece cuidados paliativos?

Pergunte se há uma equipe multidisciplinar especializada, programas de controle de dor e sintomas, suporte emocional e um plano de cuidado integral voltado à pessoa e à família.

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Escrito por Dra. Isabella Segura

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