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PREVENÇÃO & LONGEVIDADE

Cortisol: o que é, como diminuir e sinais de que está alto

A rotina corrida, as noites mal dormidas e o estresse contínuo mantêm o organismo em alerta e estimulam a liberação de cortisol.

Dra. Juliana Soares

Dra. Juliana Soares

5min • 5 de dez. de 2025

Mulher sentada no escritório com expressão de cansaço, mão na cabeça e sinais de estresse, representando rotina intensa e possível cortisol alto.

Apesar do efeito rápido do cortisol ser adequado ao organismo, ele pode trazer problemas para a saúde quando se mantém alto de forma crônica e prolongada | Foto: Freepik

Presente na maioria dos processos fisiológicos do corpo humano, o cortisol funciona como um dos principais hormônios de adaptação do organismo, porque ajuda o corpo a reagir a estímulos externos, equilibrar a produção de energia ao longo do dia e modular a forma como cada pessoa responde a situações de estresse físico ou emocional.

Mas você sabe por que ele é conhecido como hormônio do estresse? Conversamos com a cardiologista Juliana Soares para entender o impacto do cortisol alto na saúde, como identificar alterações nos níveis do hormônio e medidas que podem ajudar a diminuir seus efeitos.

Afinal, o que é cortisol?

O cortisol é um hormônio da classe dos glicocorticóides, produzido pelas glândulas adrenais (ou suprarrenais), que ficam localizadas acima dos rins. Ele participa de vários processos do organismo, contribuindo para regular a produção de energia, controlar a resposta inflamatória, manter a pressão arterial estável e ajustar a forma como o corpo reage a situações de alerta.

De acordo com Juliana, ele é chamado de hormônio do estresse porque sua liberação aumenta principalmente diante de situações de estresse físico ou emocional. Ele ajuda o corpo a produzir mais energia, estimulando o fígado a liberar glicose e ajustando a pressão arterial para que a pessoa consiga enfrentar momentos de tensão com mais preparo.

A cardiologista também explica que o cortisol favorece a vasoconstrição das artérias, ajudando a manter a pressão arterial — além de seguir um ritmo natural conhecido como ciclo circadiano: níveis mais altos pela manhã para estimular o despertar e níveis mais baixos à noite para facilitar o descanso.

Cortisol alto faz mal?

Apesar do efeito rápido do cortisol ser adequado ao organismo, ele pode trazer problemas para a saúde quando se mantém alto de forma crônica e prolongada, segundo Juliana.

A produção aumentada mantém o corpo em estado constante de alerta, algo que deveria acontecer apenas em situações pontuais, e não diariamente.

Entre os efeitos no coração e no sistema cardiovascular, a especialista destaca:

  • Aumento da pressão arterial, por causa da constrição dos vasos sanguíneos;
  • Maior retenção de sódio e água, o que contribui para elevar ainda mais a pressão;
  • Desequilíbrio no perfil de colesterol, com aumento do colesterol ruim e dos triglicerídeos;
  • Elevação da glicose no sangue, já que o fígado libera mais açúcar, favorecendo a resistência à insulina;
  • Maior risco de diabetes, devido ao excesso prolongado de glicose circulante;
  • Acúmulo de gordura abdominal (obesidade central), associado a maior risco cardiovascular;
  • Aumento do risco de infarto e AVC, pela soma de alterações na pressão, glicemia e colesterol;
  • Perda de massa muscular, causada pelo aumento do catabolismo e maior quebra de proteínas.

O que pode causar o cortisol alto?

O cortisol alto pode surgir quando o organismo permanece em estado de alerta por mais tempo do que deveria, devido a fatores do dia a dia que mantêm a liberação acelerada e desregulam o equilíbrio natural. Alguns dos principais fatores incluem:

  • Estresse crônico, ligado ao acúmulo de responsabilidades, pressão no trabalho, conflitos emocionais ou rotina sem pausas;
  • Privação de sono, já que noites curtas ou mal dormidas desorganizam o ciclo circadiano, que controla a liberação do hormônio;
  • Ansiedade persistente, que mantém o sistema nervoso em alerta e estimula a produção contínua de cortisol;
  • Treinos físicos muito intensos sem descanso adequado, que funcionam como estresse para o organismo;
  • Alimentação desregulada, com excesso de açúcar, cafeína e ultraprocessados, que favorecem maior liberação do hormônio;
  • Doenças como depressão, síndrome de Cushing ou resistência à insulina, que podem alterar o funcionamento das glândulas adrenais;
  • Uso prolongado de corticoides, já que medicamentos dessa classe interferem diretamente no eixo que regula o cortisol.

Quais os sintomas do cortisol alto?

A identificação dos sintomas de cortisol alto pode ser difícil no começo, porque muitos sinais aparecem de forma discreta e se confundem com cansaço comum. Entre os mais frequentes, é possível destacar:

  • Ganho de peso, especialmente na região abdominal e no rosto, conhecido como “face de lua cheia”;
  • Aumento da pressão arterial, causado pela constrição dos vasos sanguíneos;
  • Elevação da glicose no sangue (hiperglicemia), devido ao estímulo constante do fígado para liberar mais açúcar;
  • Perda de massa muscular, mesmo com aumento de peso, por causa da maior quebra de proteínas;
  • Alterações emocionais, como ansiedade, irritabilidade e dificuldade de concentração;
  • Mudanças no humor, com maior risco de depressão;
  • Distúrbios de sono, incluindo insônia e noites de sono de má qualidade.

Ter cortisol baixo também pode ser um problema?

Quando a produção do cortisol diminui além do esperado, o corpo perde a capacidade de responder bem ao estresse e de manter o equilíbrio de energia ao longo do dia.

Segundo Juliana, isso pode estar relacionado a uma condição conhecida como insuficiência adrenal (ou doença de Addison), na qual as glândulas suprarrenais não conseguem produzir cortisol em quantidade suficiente.

Os principais sinais de cortisol baixo incluem:

  • Cansaço extremo que não melhora com descanso;
  • Fraqueza muscular;
  • Perda de peso sem explicação;
  • Tontura e queda de pressão;
  • Episódios de hipoglicemia;
  • Náuseas e mal-estar;
  • Irritabilidade e dificuldade de manter o foco.

A condição exige avaliação médica, porque o organismo depende do cortisol para manter a pressão arterial, regular a glicose e responder a situações de estresse.

Como é feita a avaliação dos níveis de cortisol?

A avaliação dos níveis de cortisol é feita por meio de exames que medem a quantidade do hormônio no organismo ao longo do dia, já que a produção varia naturalmente entre manhã e noite. Juliana aponta os principais exames:

  • Cortisol sérico (sangue): coletado normalmente pela manhã, quando o hormônio está no pico natural. Ele ajuda a identificar aumentos ou quedas importantes na produção;
  • Cortisol urinário de 24 horas: a urina é coletada durante um dia inteiro para medir a quantidade total de cortisol livre produzida no período. É útil para investigar aumento persistente do hormônio;
  • Cortisol salivar noturno: avalia a concentração do hormônio à noite, horário em que o nível deveria estar baixo. Valores elevados ajudam no diagnóstico de produção excessiva de cortisol.

Vale destacar que o resultado sempre deve ser interpretado junto com a avaliação do ritmo diário do hormônio, do histórico da pessoa e de outros exames complementares.

Como diminuir o cortisol alto e mantê-lo em equilíbrio?

Como o cortisol é o hormônio do estresse, a melhor maneira de diminuir os níveis é ajustar hábitos diários para ajudar o organismo a sair do estado constante de alerta. Algumas mudanças na rotina já fazem diferença, como:

  • Prática regular de atividade física, que ajuda no metabolismo e na regulação hormonal;
  • Alimentação balanceada, evitando estimulantes em excesso, como cafeína e açúcar;
  • Higiene do sono, mantendo sono adequado e regular, evitando telas à noite e buscando um ambiente escuro e confortável;
  • Técnicas de relaxamento, como respiração profunda;
  • Manter vida social e momentos de lazer, que reduzem o estresse e ajudam a equilibrar os níveis de cortisol.

Se mesmo com ajustes na rotina, técnicas de relaxamento, alimentação equilibrada e melhora do sono, os sintomas de desequilíbrio persistirem, é fundamental procurar ajuda de um médico.

A longo prazo, o cortisol alto pode favorecer o ganho de peso, prejudicar o metabolismo, aumentar o risco cardiovascular e alterar o funcionamento de vários sistemas do organismo.

Leia também: Tirzepatida é aprovada para apneia do sono: o que isso significa

Perguntas frequentes

Dormir mal aumenta o cortisol?

O ato de dormir pouco ou dormir com interrupções altera o ciclo circadiano, que controla a liberação natural do hormônio. O corpo interpreta a privação de sono como um estressor e mantém a liberação alta mesmo quando deveria reduzir.

Além disso, uma noite mal dormida faz o organismo despertar cansado, menos focado e ainda mais vulnerável ao estresse do dia seguinte, criando um ciclo prejudicial. Com o tempo, o padrão interfere no humor, na memória, na regulação da glicose e na disposição física.

O uso de café e energéticos aumenta o cortisol?

O consumo frequente de cafeína estimula o sistema nervoso central e aumenta a liberação do hormônio, especialmente quando ingerido em grande quantidade ou próximo da hora de dormir.

A substância prolonga o estado de alerta e prejudica o descanso, favorecendo um padrão de liberação irregular do hormônio. O uso de energéticos também interfere no ritmo natural do organismo, aumentando a sensação de tensão e contribuindo para noites mal dormidas.

Qual vitamina regula o cortisol?

A vitamina mais associada ao controle natural do cortisol é a vitamina C, que atua diretamente no funcionamento das glândulas adrenais, responsáveis pela produção do hormônio.

Quando o organismo enfrenta períodos longos de estresse, a demanda por vitamina C aumenta, e o corpo passa a utilizá-la mais rapidamente. Por isso, o consumo regular de alimentos ricos no nutriente ajuda a evitar uma liberação exagerada de cortisol e favorece uma recuperação mais rápida após momentos de tensão.

Algumas boas fontes de vitamina C incluem laranja, kiwi, acerola, morango, pimentão e brócolis são boas fontes. Além da vitamina C, a vitamina D e algumas vitaminas do complexo B também contribuem para o equilíbrio emocional e para o bom funcionamento do sistema nervoso.

Qual o melhor remédio para baixar o cortisol?

A escolha do remédio para baixar o cortisol depende totalmente da causa do desequilíbrio, então existe um medicamento único indicado para todas as pessoas.

O tratamento pode incluir reposição hormonal, ajuste de doses de corticoides já usados ou medicamentos específicos para condições como síndrome de Cushing.

Quando o aumento está relacionado ao estresse, ansiedade ou depressão, o médico pode recomendar outras abordagens, como terapia, mudanças de estilo de vida ou, em alguns casos, medicamentos para estabilizar o humor e diminuir a resposta ao estresse. É fundamental não se automedicar!

O cortisol alto afeta a imunidade?

Quando o hormônio fica elevado por muito tempo, a resposta imunológica fica prejudicada, fazendo com que o organismo tenha mais dificuldade para combater vírus e bactérias. Como consequência, infecções simples podem surgir com mais frequência e em intervalos menores.

A inflamação também aumenta, deixando o corpo em constante desgaste. A pessoa começa a sentir mais cansaço, demora mais para se recuperar de doenças e nota maior sensibilidade a alergias e irritações na pele.

O cortisol muda ao longo do ciclo menstrual?

O hormônio pode sofrer alterações durante o ciclo menstrual, especialmente em períodos de maior sensibilidade emocional ou dor. A fase pré-menstrual costuma deixar o organismo mais reativo, o que facilita o aumento temporário da resposta ao estresse.

No entanto, quando a oscilação se torna intensa e interfere na rotina, vale conversar com um ginecologista para investigar possíveis desequilíbrios hormonais associados.

Veja mais: Colesterol HDL: o que é, valores e como aumentar

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Escrito por Dra. Juliana Soares

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