SINAIS & SINTOMAS
Saiba quando os batimentos acelerados estão relacionados a uma arritmia cardíaca
Nem toda aceleração do coração é perigosa: em alguns casos, os batimentos rápidos indicam apenas uma resposta normal do corpo

Dr. Pablo Cartaxo
5min • 12 de set. de 2025

Sentir o coração disparar de repente é uma experiência que assusta qualquer pessoa. Muitas vezes, essa aceleração é apenas uma resposta natural do corpo — pode acontecer durante a prática de exercícios, em situações de estresse ou logo após um susto.
Mas nem sempre é algo passageiro. Em alguns casos, os batimentos rápidos e fora do ritmo podem indicar uma arritmia cardíaca, um distúrbio no sistema elétrico que comanda o funcionamento do coração. Reconhecer essa diferença é muito importante para saber quando é hora de procurar ajuda médica.
O que causa batimentos acelerados?
É normal que nosso coração acelere em resposta a vários fatores, como durante um exercício físico, uma emoção forte ou um susto. “Isso é chamado de taquicardia sinusal, um ritmo cardíaco normal, apenas mais rápido”, explica o cardiologista Pablo Cartaxo.
Uma arritmia cardíaca, por outro lado, é uma alteração nesse ritmo considerado normal. Na arritmia, o coração pode bater rápido demais (taquiarritmia), mas também devagar demais (bradiarritmia) ou de forma totalmente irregular.
“A arritmia é como uma falha no ‘circuito elétrico’ que comanda o coração, podendo ocorrer até mesmo em repouso”, diz o médico.
Ou seja, os batimentos acelerados podem ter relação ou não com arritmias. Algumas causas são normais e fisiológicas, outras estão ligadas a doenças e a outros problemas:
- Acelerações normais (sinusais): esforço físico, ansiedade, estresse, excesso de cafeína, febre e desidratação;
- Causas não cardíacas: alterações da tireoide, apneia do sono, desequilíbrio de eletrólitos no sangue;
- Causas cardíacas: cicatrizes de infarto, dilatação das câmaras do coração ou doenças congênitas que afetam o sistema elétrico.
Além disso, ansiedade e estresse também podem causar aceleração sem ser, de fato, uma arritmia cardíaca. “Eles ativam o sistema de ‘luta ou fuga’ do corpo, liberando adrenalina, e um dos efeitos diretos é o aumento da frequência cardíaca”, diz o médico.
Essa é uma sensação desconfortável, mas que não costuma representar perigo. No entanto, em pessoas com predisposição, picos de estresse podem servir de gatilho para arritmias verdadeiras.
Sinais de alerta de arritmia cardíaca
As palpitações já merecem investigação, mas há sintomas que exigem ainda mais atenção, já que podem estar relacionados a uma arritmia cardíaca:
- Tontura ou sensação de desmaio;
- Desmaio (síncope);
- Falta de ar intensa;
- Dor ou desconforto no peito.
Esses sinais indicam que a arritmia cardíaca pode estar comprometendo a circulação sanguínea do corpo, o que requer atendimento médico imediato.
Exames de diagnóstico e tratamento para arritmias
O diagnóstico começa no consultório, com avaliação clínica detalhada. Mas, como muitas arritmias são intermitentes, exames complementares são indispensáveis:
- Eletrocardiograma (ECG): registra a atividade elétrica do coração no momento do exame;
- Holter 24 horas: monitora continuamente os batimentos ao longo de um dia inteiro;
- Ecocardiograma: avalia a estrutura e a função do coração;
- Teste ergométrico (teste de esforço): analisa como o coração reage durante atividade física.
O médico destaca que nem toda arritmia cardíaca precisa de tratamento. Há arritmias benignas que não exigem intervenção, mas o tratamento é fundamental quando há risco de complicações.
“A intervenção é indicada quando a arritmia causa sintomas, afeta a qualidade de vida ou, mais importante, quando representa risco de complicações graves, como AVC, interferência na função cardíaca ou morte súbita.”
Nesses casos, o tratamento das arritmias depende do tipo e da gravidade. Em alguns pacientes, o controle pode ser feito apenas com medicamentos antiarrítmicos.
Quando há maior risco, podem ser indicados procedimentos como a ablação por cateter, que elimina os focos elétricos anormais, ou o implante de dispositivos, como o marca-passo.
Veja mais: Teste ergométrico: o exame da esteira que coloca o coração à prova
Fatores de risco para arritmias e como prevenir
Algumas condições aumentam a probabilidade de desenvolver arritmias:
- Idade avançada;
- Pressão alta;
- Diabetes;
- Obesidade;
- Consumo excessivo de álcool ou cafeína;
- Tabagismo;
- Apneia do sono;
- Presença de doença cardíaca prévia, como a coronariana.
A prevenção de arritmias envolve cuidados com o estilo de vida e controle de doenças associadas.
“Isso inclui dieta balanceada, atividade física regular, gerenciamento do estresse, sono de qualidade, moderação no álcool e na cafeína e, fundamentalmente, o tratamento adequado de condições como pressão alta e diabetes”, reforça o especialista.
O check-up cardiológico regular é a melhor forma de identificar e tratar problemas precocemente.
Leia mais: Falta de ar: quando pode ser problema do coração
Perguntas Frequentes sobre arritmia e batimentos acelerados
1. Batimentos acelerados sempre indicam arritmia cardíaca?
Não. Eles podem ser apenas resposta a esforço físico, ansiedade, febre ou consumo de cafeína.
2. Como diferenciar taquicardia normal de arritmia cardíaca?
Na taquicardia sinusal (“normal”) o coração bate mais rápido, mas o ritmo continua organizado e previsível, comum em situações como esforço físico e estresse. Já nas arritmias, o ritmo se torna irregular ou anormal, podendo acelerar, desacelerar ou apresentar batidas fora de ordem, mesmo em repouso.
3. A ansiedade pode causar palpitações perigosas?
Geralmente não, mas pode funcionar como gatilho para arritmias em pessoas predispostas.
4. Quais exames ajudam a diagnosticar arritmia?
Eletrocardiograma, Holter de 24h, ecocardiograma e teste ergométrico são os principais.
5. Toda arritmia precisa de tratamento?
Não. Algumas são benignas. O tratamento é necessário quando causam sintomas, afetam a vida ou oferecem risco de complicações.
6. Quais fatores aumentam o risco de arritmia?
Idade avançada, pressão alta, diabetes, obesidade, álcool, cafeína, tabagismo, apneia do sono e doenças cardíacas.
7. Como prevenir arritmias?
Com estilo de vida saudável, controle de doenças como hipertensão e diabetes, sono de qualidade, menos estresse e check-ups regulares.
Confira: Palpitações no coração: o que pode ser e quando procurar atendimento médico