DOENÇAS & CONDIÇÕES
Coqueluche: a ‘tosse comprida’ que pode ser perigosa para bebês
Altamente contagiosa, a coqueluche é uma infecção respiratória bacteriana que provoca uma tosse forte e prolongada, mas pode ser prevenida com vacinação
Dra. Isabella Segura
5min • 1 de nov. de 2025

A coqueluche pode afetar qualquer idade, mas é especialmente perigosa em bebês com menos de 1 ano | Foto: Freepik
Uma tosse seca, intensa e que parece não ter fim pode ser mais do que um simples resfriado. A coqueluche, também conhecida como tosse comprida, é uma infecção respiratória causada pela bactéria Bordetella pertussis. Ela provoca crises de tosse que podem durar semanas e, em casos graves, trazer risco à vida, especialmente em bebês que ainda não completaram o esquema de vacinação.
Extremamente contagiosa, a doença ainda preocupa os especialistas. Estima-se que até 90% das pessoas não vacinadas que convivem com alguém infectado podem contrair a coqueluche. Por isso, a vacinação e o diagnóstico precoce são fundamentais para conter a transmissão e proteger os mais vulneráveis.
O que é coqueluche
A coqueluche é uma infecção respiratória bacteriana aguda que atinge as vias respiratórias e provoca tosse seca, intensa e prolongada. O agente causador é a bactéria Bordetella pertussis, que se espalha facilmente de pessoa para pessoa.
A doença pode afetar qualquer idade, mas é especialmente perigosa em bebês com menos de 1 ano, que ainda não completaram o esquema vacinal.
Como acontece a infecção
A transmissão ocorre por gotículas eliminadas pela tosse ou espirro da pessoa infectada. Ao serem inaladas, essas partículas levam a bactéria até o revestimento interno das vias respiratórias (epitélio ciliado), onde ela se fixa e libera toxinas.
Essas substâncias danificam os cílios das células respiratórias, responsáveis por limpar secreções e impurezas. O resultado é uma tosse intensa e persistente, característica da doença.
Quem corre mais risco
Embora qualquer pessoa possa contrair coqueluche, os bebês menores de 1 ano são os mais vulneráveis. Neles, a doença pode evoluir com complicações graves, como:
- Pneumonia;
- Pausas na respiração (apneia);
- Coloração arroxeada dos lábios (cianose);
- Dificuldade para respirar, o que pode levar à morte.
Por isso, a vacinação das gestantes é muito importante. Ela protege o bebê nos primeiros meses de vida, antes que possa ser vacinado.
Sintomas
Os sintomas variam conforme a idade e a resposta ao tratamento, mas geralmente a doença evolui em três fases distintas.
Primeira fase: catarral
Se assemelha a um resfriado comum, com:
- Coriza;
- Febre baixa;
- Espirros;
- Tosse leve.
Segunda fase: paroxística
Começa após cerca de uma semana e dura de duas a seis semanas. A tosse se torna mais intensa, em crises repetidas e rápidas, seguidas de um som característico na inspiração, o “guincho”. Podem acontecer:
- Vômitos após a tosse;
- Cansaço extremo;
- Dificuldade para respirar;
- Em bebês, apneia e coloração arroxeada dos lábios.
Terceira fase: convalescença
Os sintomas diminuem gradualmente, e a tosse melhora aos poucos. Essa fase pode durar semanas ou até meses.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito com base na história clínica e nos sintomas. Nos primeiros dias, a coqueluche pode se confundir com resfriados, dificultando a detecção.
Para confirmar, o médico pode solicitar:
- Cultura ou PCR para identificar a Bordetella pertussis;
- Exames de sangue e radiografias, quando há suspeita de outras doenças respiratórias.
O reconhecimento precoce é importante para iniciar o tratamento rapidamente e evitar a transmissão.
Tratamento
O tratamento deve ser iniciado o mais cedo possível, pois reduz a gravidade e o risco de contágio.
Principais medidas de tratamento
- Antibióticos, para eliminar a bactéria;
- Repouso e boa hidratação;
- Medicamentos para aliviar os sintomas;
- Bebês menores de 6 meses ou prematuros têm maior risco de complicações (como apneia) e devem ser internados para acompanhamento hospitalar.
Os demais pacientes são avaliados caso a caso, podendo receber tratamento ambulatorial.
Isolamento
Como a coqueluche é altamente contagiosa, o paciente deve ser mantido em isolamento, preferencialmente em quarto individual, durante os primeiros dias de antibiótico.
Prevenção
A vacinação é a principal forma de prevenção da coqueluche.
No Brasil, ela está incluída na vacina pentavalente (DTP + Hib + Hepatite B), aplicada em:
- Três doses, a partir dos 2 meses de idade;
- Reforços aos 15 meses e entre 4 e 6 anos.
Gestantes devem receber a vacina dTpa a partir da 20ª semana de gestação, garantindo a proteção do bebê após o nascimento.
Mesmo quem já teve coqueluche pode se infectar novamente, pois a imunidade não é permanente. É essencial manter o calendário de vacinas atualizado e procurar o médico em casos de tosse persistente, principalmente em crianças pequenas.
Com diagnóstico precoce, tratamento adequado e vacinação, é possível controlar a disseminação da doença e proteger os mais vulneráveis.
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Perguntas frequentes sobre coqueluche
1. O que é coqueluche?
É uma infecção respiratória bacteriana causada pela Bordetella pertussis, conhecida pela tosse seca e intensa que pode durar semanas.
2. Como a coqueluche é transmitida?
Por gotículas eliminadas pela tosse ou espirro de pessoas infectadas.
3. Quem corre mais risco?
Bebês menores de 1 ano, principalmente os que ainda não completaram o esquema vacinal.
4. A coqueluche tem cura?
Sim. Com tratamento adequado e uso de antibióticos, a infecção é controlada e o paciente se recupera.
5. A vacina protege totalmente?
A vacina é muito eficaz, mas a imunidade diminui com o tempo, exigindo reforços conforme o calendário vacinal.
6. Por que gestantes devem tomar a vacina?
Porque os anticorpos da mãe são transferidos ao bebê, protegendo-o nos primeiros meses de vida.
7. É possível pegar coqueluche mais de uma vez?
Sim, pois a imunidade natural após a infecção não é permanente.
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