PREVENÇÃO & LONGEVIDADE
Método contraceptivo após o parto: quais os mais indicados?
A escolha do contraceptivo deve considerar diversos fatores, como tipo de parto, amamentação e histórico da saúde da mãe

Dra. Andreia Sapienza
5min • 17 de out. de 2025

Consulta pós-parto é momento ideal para discutir qual o melhor método contraceptivo durante a amamentação
Depois do nascimento do bebê, o corpo feminino experimenta uma série de mudanças físicas e hormonais. Aos poucos, os tecidos cicatrizam, o útero retorna ao tamanho habitual e os hormônios voltam a se estabilizar. É uma fase delicada, em que é comum surgir dúvidas sobre quando retomar o uso de contraceptivo após o parto.
Primeiro, não é necessário esperar a menstruação voltar para iniciar um método. A ovulação pode acontecer antes dela, o que aumenta o risco de uma nova gravidez não planejada.
Por isso, a escolha deve considerar fatores como tipo de parto, amamentação, tempo de recuperação e condições de saúde, mas sempre com orientação de um médico.
Quando é seguro retomar a vida sexual após o parto?
De acordo com a ginecologista e obstetra Andreia Sapienza, após o parto, seja normal ou cesárea, não é recomendado ter relações sexuais antes de completar seis semanas, cerca de 42 dias.
O período é conhecido como puerpério e corresponde ao tempo necessário para que o útero e os tecidos íntimos cicatrizem e o corpo retorne ao estado pré-gestação.
Antecipar a relação antes do período pode trazer alguns riscos, como dor, sangramentos e aumento do risco de infecções uterinas — especialmente em casos de parto cesárea.
É possível engravidar logo após o parto?
Mesmo antes da primeira menstruação, é possível engravidar novamente, especialmente se a mulher não estiver em amamentação exclusiva. O retorno da ovulação pode ocorrer de forma imprevisível, e por isso é fundamental adotar um método contraceptivo seguro assim que possível.
De acordo com Andreia, a amamentação exclusiva até os seis meses pode funcionar como um método natural chamado amenorreia lactacional, que oferece eficácia de aproximadamente 80%.
No entanto, não é um método totalmente seguro e deve sempre ser associado a outro método contraceptivo. A especialista ainda aponta que basta a introdução de fórmula, sucos ou até mesmo a redução na frequência das mamadas para a proteção cair significativamente.
Quais métodos contraceptivos podem ser usados durante a amamentação?
Segundo Andreia, durante a amamentação não se pode usar métodos que contenham estrogênio, pois o hormônio pode passar para o leite e prejudicar o bebê.
As opções mais indicadas nesse período são:
Métodos de barreira
Os métodos de barreira funcionam criando uma proteção física que impede a entrada dos espermatozoides no útero. Eles não contêm hormônios, podem ser usados por qualquer mulher e são opções seguras durante a amamentação. Os mais indicados são:
- Preservativo masculino e feminino;
- Diafragma;
- Esponja contraceptiva;
- DIU de cobre.
Métodos hormonais à base de progesterona
Os métodos hormonais à base de progesterona utilizam versões sintéticas do hormônio para inibir a ovulação ou alterar o muco cervical, dificultando a chegada dos espermatozoides ao óvulo.
Eles são considerados muito eficazes, podem ser de curta ou longa duração e são seguros para mulheres que estão amamentando, já que não contêm estrogênio. Os principais incluem:
- DIU medicado (levonorgestrel, como o Mirena);
- Implante subdérmico (etonogestrel);
- Pílula contínua de desogestrel;
- Injetáveis trimestrais de medroxiprogesterona.
O DIU pode ser colocado logo após o parto?
O DIU pode até ser colocado logo após o parto, mas Andreia aponta que não é o momento ideal, pois o útero ainda está voltando ao tamanho normal e há maior risco de expulsão.
A recomendação é aguardar o resguardo de 42 dias e garantir que o útero já esteja próximo ao tamanho normal, oferecendo mais segurança e eficácia para o método contraceptivo.
Métodos contraceptivos disponíveis no SUS após o parto
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece diversos métodos contraceptivos gratuitos para o pós-parto, incluindo:
- Preservativos masculinos e femininos;
- DIU de cobre e hormonal;
- Injetável mensal ou trimestral;
- Anticoncepcionais orais (variações com progesterona).
Também existem métodos definitivos, como a laqueadura. A escolha deve ser feita junto ao médico, levando em conta a saúde da mulher, a amamentação e as características de cada método.
Veja também: Sinais de ovulação: descubra como o corpo mostra que você está no período fértil
Quais cuidados devo ter ao reiniciar a vida sexual após o parto?
Depois do parto, o corpo precisa de tempo para se recuperar, então é fundamental ter alguns cuidados para evitar riscos, como:
- Respeitar os 42 dias de quarentena: tempo necessário para a cicatrização do útero e recuperação geral do corpo;
- Usar preservativo desde a primeira relação: até que o método contraceptivo definitivo seja escolhido, a camisinha garante proteção contra gravidez e infecções;
- Fazer consulta de revisão com o ginecologista: avaliação fundamental antes da liberação das relações e para discutir a contracepção ideal;
- Observar sinais de alerta: dor intensa, sangramento fora do esperado ou secreção com odor devem ser investigados;
- Não confiar apenas na amamentação: mesmo exclusiva, a amamentação não é 100% eficaz como contraceptivo.
Confira: DIU de cobre: o que é, como funciona e efeitos colaterais
Perguntas frequentes sobre contraceptivo após o parto
1. O que é o puerpério?
O puerpério é o período que vai do nascimento do bebê até, em média, 42 dias após o parto. Nesse tempo, o útero e os demais órgãos reprodutivos voltam ao estado normal, e o corpo da mulher passa por ajustes hormonais e físicos importantes.
É justamente nessa fase que deve ser escolhida a estratégia de contracepção, pois uma gestação muito próxima pode aumentar riscos para a mãe e para o bebê.
2. Quando posso voltar a ter relações sexuais depois do parto?
A recomendação médica é esperar seis semanas (42 dias) após o parto, seja normal ou cesárea. O período, chamado de quarentena, resguardo ou puerpério, serve para que o útero e os órgãos reprodutivos voltem ao estado normal — reduzindo riscos de sangramento, dor e infecções. Antes desse tempo, as relações não são indicadas.
3. Posso engravidar logo após o parto, mesmo sem menstruar?
Sim, a ovulação pode voltar antes da primeira menstruação do pós-parto, e isso aumenta o risco de uma gravidez inesperada. Por isso, é importante escolher e iniciar um método contraceptivo assim que possível, principalmente após o período de resguardo.
4. O DIU de cobre afeta a amamentação?
Não. O DIU de cobre não libera hormônios, portanto não afeta o leite materno nem a saúde do bebê. É um dos métodos mais recomendados para mulheres que estão amamentando.
5. É necessário usar anticoncepcional se estou no resguardo e sem relações?
Se não houver atividade sexual durante o período de resguardo, não há risco de gravidez. No entanto, é importante lembrar que o corpo pode voltar a ovular antes mesmo da primeira menstruação pós-parto.
Por isso, os médicos recomendam que a mulher já defina um método contraceptivo nessa fase, mesmo que ainda não tenha retomado as relações. Assim, quando a vida sexual voltar ao normal, não haverá intervalos sem proteção e o risco de uma gestação não planejada será reduzido.
6. Quem fez laqueadura no parto precisa usar contraceptivo?
A laqueadura feita no parto é um método definitivo e impede a gravidez de forma permanente. Porém, ela não protege contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), por isso o uso de preservativo ainda pode ser importante em relações sem parceiro fixo ou com risco de exposição a ISTs.
Leia mais: DIU hormonal: o que é, tipos, vantagens e desvantagens