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BEM-ESTAR & ESTILO DE VIDA

Férias acabando? Saiba como voltar a treinar sem se machucar

Durante a pausa, o organismo inicia um processo de destreinamento que reduz força, fôlego, coordenação e equilíbrio.

Álvaro Menezes

Álvaro Menezes

5min • 1 de dez. de 2025

Mulher realizando puxada na barra em academia, fortalecendo costas e braços durante treino de força.

Voltar aos treinos após as férias pede atenção ao ritmo, técnica e progressão para evitar lesões.

O descanso e os dias livres ficam para trás quando as férias de cada pessoa terminam e, com o retorno da rotina, surge novamente a necessidade de voltar a treinar, recuperar o ritmo perdido e reorganizar os horários para garantir constância ao longo das próximas semanas.

Só que, depois de algumas semanas sem treino, o corpo desacostuma ao esforço, a fadiga aparece com mais facilidade e a força diminui — o que torna importante alguns cuidados para evitar dores incapacitantes, reduzir o risco de lesões e permitir que o organismo recupere gradualmente a capacidade de rendimento. Vamos entender mais, a seguir.

O que acontece com o corpo após semanas sem treinar?

A partir de duas semanas que o treino é interrompido, o condicionamento aeróbico já começa a cair, porque o corpo perde eficiência para usar oxigênio durante esforços moderados. A força costuma diminuir entre a terceira e a quarta semana sem treino, já que o músculo deixa de receber estímulos regulares e reduz a capacidade de gerar tensão.

Em cerca de dez semanas longe da atividade física, pesquisas apontam que a perda de força pode chegar a quase 28%, acompanhada por piora do equilíbrio dinâmico, já que o sistema neuromuscular fica menos preciso.

“Então, quanto maior o tempo de inatividade, mais afetados são os sistemas muscular, esquelético, neural e os demais pelo destreinamento”, explica o profissional de educação física, Álvaro Menezes.

Isso significa que não é seguro retornar a mesma intensidade de treino que tinha antes das férias, pois isso aumenta a chance de dor muscular intensa, sobrecarga articular e até lesões que poderiam ser evitadas com uma progressão mais lenta.

O corpo precisa de um período de adaptação para voltar a tolerar cargas maiores, recuperar coordenação e retomar o nível de resistência e força construído ao longo dos meses anteriores.

Qual período de readaptação é seguro após semanas sem treinar?

O período de readaptação depende de quantas vezes a pessoa vai treinar durante a semana e de sua experiência, de acordo com Álvaro. Mas, de forma geral, ele pode variar entre 8 a 12 semanas para reganho de força e potência.

Já no caso do condicionamento aeróbico, o consumo máximo de oxigênio (VO₂) costuma começar a melhorar entre 4 e 8 semanas, podendo retornar aos níveis anteriores por volta de 12 semanas — principalmente quando o treino é bem individualizado e realizado pelo menos três vezes por semana.

O VO₂ máximo é o indicador que mostra a capacidade do corpo de utilizar oxigênio durante atividades intensas.

Vale apontar que esse período não significa que você está treinando “fraco”, mas sim ajustando a carga para que o corpo volte a responder aos estímulos sem causar dor incapacitante, sobrecarga articular ou lesões.

Com o passar das semanas, é possível elevar gradualmente o peso, o número de séries, a velocidade e o tempo de treino aeróbico, sempre observando sinais como fadiga excessiva, dor persistente ou sensação de queda de desempenho.

Como estruturar volume e intensidade na primeira semana?

O volume e a intensidade na primeira semana de treino depende muito do nível de experiência e da frequência semanal de treino, mas uma sugestão para quem nunca praticou é:

  • 1 a 2 séries por exercício, para evitar sobrecarga inicial;
  • 8 a 15 repetições, priorizando a técnica correta em vez do peso;
  • 4 a 5 exercícios multiarticulares, como agachamentos, remadas, puxadas e flexões, que ativam vários grupos musculares ao mesmo tempo.

O ideal é que os exercícios sejam de baixa complexidade, para facilitar a aprendizagem técnica e favorecendo a adaptação neural. A ideia é evoluir de forma gradual, ajustando carga, repetições e variedade de movimentos a cada 4 a 8 semanas, conforme o corpo responde aos estímulos.

De acordo com Álvaro, os treinos de mobilidade podem contribuir para a prevenção de lesões na retomada das atividades, mas é importante priorizar o treino de força e a melhora da capacidade aeróbica para garantir maior efetividade na redução de riscos. “A mobilidade é apenas um complemento e nem sempre é necessária para todos”, reforça o profissional.

O que evitar na volta dos treinos?

Na volta dos treinos, é importante evitar comportamentos que aumentam risco de dor intensa, sobrecarga e lesões, como:

  • Não voltar usando cargas altas, porque os músculos, tendões e articulações ainda não readaptaram ao esforço;
  • Evitar excesso de repetições e séries, já que o volume elevado favorece dor muscular tardia incapacitante;
  • Não treinar muitos dias seguidos, pois o corpo precisa de pausas para recuperar coordenação, força e resistência;
  • Evitar movimentos complexos sem preparo, como variações avançadas de agachamentos, saltos ou exercícios olímpicos;
  • Evitar treinos muito longos, que costumam gerar acúmulo de estresse e dificultam a recuperação;
  • Não ignorar sinais de dor aguda, sensação de puxão, instabilidade ou cansaço extremo.

O ideal é retomar aos poucos, respeitando o ritmo do corpo e ajustando cargas conforme a resposta nas primeiras semanas.

Sinais de alerta para ficar atento

Se qualquer um dos sinais surgir na sua rotina, pode ser um momento de reaver a rotina, hábitos e até consultar um médico para avaliar a necessidade de um detalhamento mais profundo a respeito de sua saúde física e mental.

Segundo Álvaro, os sinais de alerta incluem:

  • Noites de sono irregulares;
  • Alimentação inadequada;
  • Estresse mental elevado;
  • Sinais de cansaço constante;
  • Sonolência ao longo do dia;
  • Exercícios habituais se tornando exaustivos;
  • Desânimo e vontade de interromper o treino no meio;
  • Queda da imunidade;
  • Falta de paciência.

Se, durante o treino, você apresentar sintomas mais sérios, como falta de ar fora do habitual, dor no peito, tontura intensa, palpitações, náuseas persistentes ou sensação de desmaio, interrompa a atividade e busque a avaliação de um médico.

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Perguntas frequentes

Por que o condicionamento aeróbico cai tão rápido durante uma pausa?

A capacidade cardiorrespiratória depende do trabalho eficiente de pulmões, coração e músculos. Quando o treino é interrompido, o corpo reduz a habilidade de transportar e utilizar oxigênio durante o esforço.

Em cerca de duas semanas, já existe queda perceptível de desempenho, pois o sistema cardiovascular não é mais desafiado com a mesma regularidade. Isso explica por que subir escadas, fazer caminhadas longas ou realizar atividades habituais pode parecer mais cansativo logo após a volta.

Como identificar quando o treino está pesado demais?

Os principais sinais de que você está exagerando no treino incluem cansaço desproporcional, falta de paciência, sonolência persistente, queda de desempenho, dores que não melhoram após alguns dias, irritabilidade e perda de motivação.

Quando exercícios comuns parecem impossíveis de fazer, existe grande chance de sobrecarga. A solução é reduzir volume e intensidade, priorizar técnica e incluir dias extras de descanso.

É normal sentir cansaço nas primeiras semanas de treino?

Sim, pois o corpo está reaprendendo a distribuir energia, coordenar movimentos e lidar com cargas. O cansaço diminui à medida que a readaptação progride, contudo, não é normal sentir exaustão extrema, dor aguda, tontura intensa ou falta de ar exagerada. Nesses casos, o treino deve ser interrompido imediatamente.

Quem está acima do peso precisa de adaptações diferentes?

Pessoas acima do peso podem sentir maior impacto nas articulações inferiores, como joelhos, quadris e tornozelos. Por isso, é interessante priorizar movimentos com boa técnica, evitar saltos e escolher exercícios que reduzam a compressão articular.

O treino de força é fundamental para melhorar a estabilidade e reduzir risco de lesões, enquanto o treino aeróbico pode começar em modalidades com menor impacto, como bicicleta, elíptico ou caminhada. Com a evolução gradual, outras modalidades podem ser incluídas de forma mais segura.

Pessoas que já treinavam pesado antes voltam mais rápido ao nível anterior?

Pessoas com histórico de treinos consistentes apresentam recuperação mais rápida, porque possuem maior base de força, coordenação e resistência. A memória muscular facilita o retorno da capacidade física, o que permite uma adaptação mais eficiente aos estímulos.

Mesmo assim, a retomada não deve ser apressada, e o fato de treinar mais pesado antes não significa que o corpo aguenta cargas máximas logo de início. A progressão segue sendo importante para evitar sobrecarga.

Quanto tempo pode voltar a treinar depois da cesárea?

Após a cesárea, é possível voltar a treinar entre seis e oito semanas para atividades leves, enquanto exercícios mais intensos, como musculação ou corrida, costumam ser liberados a partir de 12 semanas ou conforme avaliação do médico.

É fundamental consultar o obstetra para verificar a cicatrização da cirurgia antes de retomar qualquer prática física, sobretudo após os primeiros 30 dias.

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Escrito por Álvaro Menezes

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