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Como cuidar do coração durante o tratamento do câncer
Tratamento do câncer pode afetar o coração. Veja cuidados essenciais, exames e dicas do cardiologista para manter a saúde cardiovascular em dia

Dr. Giovanni Henrique Pinto
5min • 11 de ago. de 2025

O tratamento contra o câncer é uma batalha que envolve força, coragem e, muitas vezes, uma agenda cheia de consultas e exames. Mas existe um detalhe que não pode ficar de fora dessa rotina, que é o cuidado com o coração.
O cardiologista Giovanni Henrique Pinto, que faz parte do corpo clínico do Hospital Albert Einstein, explica que alguns medicamentos e terapias contra o câncer podem afetar diretamente o coração. “Além disso, o próprio câncer e o estado inflamatório aumentam o risco de eventos cardiovasculares”, alerta.
É por isso que é importante cuidar do coração durante o tratamento do câncer.
Por que o tratamento do câncer pode afetar o coração
O coração pode sofrer pelos efeitos colaterais de certos remédios e pela própria resposta do corpo ao câncer. Isso significa que, além de cuidar do tumor, é importante prevenir que o tratamento traga problemas para o coração.
Tratamentos oncológicos que merecem atenção para o coração
Algumas terapias têm maior potencial de afetar o coração, segundo o cardiologista. Veja quais são:
- Quimioterápicos: como as antraciclinas, usadas no tratamento de vários tipos de câncer;
- Medicamentos-alvo: como o trastuzumabe, muito utilizado no câncer de mama;
- Imunoterapia: pode causar inflamação no músculo cardíaco;
- Radioterapia no tórax: pode lesionar diretamente estruturas do coração, como pericárdio, artérias coronárias e músculo cardíaco.
“Esses tratamentos podem causar danos temporários ou permanentes ao coração, por isso é importante o acompanhamento cardiológico nesses pacientes”, explica o médico.
Principais riscos cardíacos durante o tratamento
O cardiologista conta alguns problemas que podem surgir durante o tratamento contra um câncer:
- Insuficiência cardíaca: geralmente pelo uso de remédios como antraciclinas e trastuzumabe;
- Arritmias: pelo uso de remédios como platinas e taxanos;
- Pressão alta: pelo uso de inibidores da tirosina kinase e inibidores fator de crescimento angiogênico;
- Isquemia miocárdica: por conta do remédio 5 fluoruracila;
- Miocardite: principalmente por conta da imunoterapia.
Exames importantes antes, durante e depois do tratamento do câncer
Para acompanhar a saúde do coração, o médico que acompanha a pessoa em tratamento de câncer poderá solicitar:
- Ecocardiograma com strain
- Eletrocardiograma
- Biomarcadores cardíacos
- Testes de função cardíaca
O papel do cardio-oncologista
Por conta de remédios para tratamento de câncer causarem danos ao coração, hoje, inclusive, existem médicos especializados em cardio-oncologia, aptos a lidar e tratar questões cardíacas em decorrência do câncer.
Esse profissional trabalha junto com o oncologista para garantir a segurança do tratamento. “O cardio-oncologista avalia o risco cardiovascular, monitora a função cardíaca e intervém precocemente caso surjam efeitos colaterais. O objetivo é manter o tratamento oncológico com segurança cardíaca”, destaca Giovanni Henrique Pinto.
É possível prevenir danos ao coração?
Sim. O médico explica que ajustar doses, monitorar precocemente e usar remédios que possam proteger o coração, como betabloqueadores, IECA ou estatinas, pode reduzir o risco.
O que o paciente pode fazer no dia a dia
- Evitar o sedentarismo, mas sempre com orientação médica;
- Controlar a pressão e o colesterol;
- Ter uma alimentação equilibrada;
- Avisar o médico sobre qualquer sintoma novo no coração;
- Continuar o acompanhamento mesmo após o fim do tratamento.
Perguntas frequentes sobre cuidar do coração no tratamento do câncer
1. Todo tratamento contra o câncer afeta o coração?
Não. Apenas alguns remédios e terapias têm mais risco de afetar o coração, mas todos devem ser monitorados.
2. Posso continuar fazendo exercícios durante o tratamento?
Sim, desde que com liberação médica e acompanhamento adequado.
3. A radioterapia sempre causa problemas no coração?
Não, mas quando feita na região do tórax, pode afetar estruturas cardíacas.
4. É preciso continuar acompanhando o coração depois do tratamento do câncer?
Sim. É preciso fazer acompanhamento até o médico cardiologista liberar.
5. Remédios cardioprotetores têm efeitos colaterais?
Podem ter, mas os benefícios muitas vezes superam os riscos, especialmente com acompanhamento médico.
6. Cuidar do coração durante o tratamento atrapalha o combate ao câncer?
Pelo contrário, o objetivo de cuidar do coração durante o tratamento do câncer é fazer com que ele seja feito com segurança.