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PREVENÇÃO & LONGEVIDADE

Cateterismo cardíaco: o que é, para que serve e como é feito

Feito com anestesia local, o exame é considerado seguro e importante para identificar obstruções ou outras alterações na circulação sanguínea

Dra. Edilza Câmara Nóbrega

Dra. Edilza Câmara Nóbrega

5min • 5 de out. de 2025

Cateterismo cardíaco: o que é, para que serve e como é feito

Indicado para o diagnóstico de problemas nas artérias coronárias e no músculo cardíaco, o cateterismo é um exame minimamente invasivo que contribui para apontar se há entupimentos, estreitamentos ou alterações que podem comprometer a circulação do sangue no coração.

Em alguns casos, ele também pode ajudar no tratamento imediato, já que muitas vezes é possível desobstruir a artéria no mesmo momento, devolvendo qualidade de vida e prevenindo complicações graves, como o infarto. Entenda mais para que serve, como é feito e quando o cateterismo é indicado.

O que é cateterismo cardíaco?

O cateterismo cardíaco é um exame em que um tubo fino e flexível, chamado cateter, é introduzido em uma artéria (normalmente pela virilha ou pelo pulso) e guiado até o coração. Ele é usado para diagnosticar e, em alguns casos, tratar problemas nas artérias coronárias e no músculo cardíaco.

Durante o exame, um contraste é injetado para permitir a visualização em tempo real das artérias e estruturas cardíacas por meio de imagens de raio-X — processo conhecido como cinecoronariografia.

Para que serve o cateterismo?

O cateterismo tem diferentes finalidades, mas a principal função é diagnosticar e tratar problemas do coração e das artérias coronárias. Entre as aplicações mais comuns, a cardiologista Edilza Câmara Nóbrega aponta:

  • Identificar estreitamentos ou entupimentos nas artérias do coração;
  • Avaliar o funcionamento das válvulas cardíacas;
  • Medir a pressão dentro das câmaras cardíacas;
  • Preparar o paciente para procedimentos como cirurgia de revascularização (ponte de safena).

Além do diagnóstico, o exame pode ser usado para intervenções terapêuticas, como implantar stents (pequenas molas metálicas que mantêm a artéria aberta) ou realizar angioplastia, procedimento que desobstrui a circulação sanguínea.

Quando ele é indicado?

O exame é indicado em situações específicas, normalmente quando outros métodos, como o eletrocardiograma, ecocardiograma ou teste ergométrico, não são suficientes para esclarecer o problema existente.

Algumas das principais indicações incluem:

  • Dor no peito (angina) de causa não explicada;
  • Suspeita de infarto agudo do miocárdio;
  • Alterações em exames de imagem ou testes de esforço;
  • Avaliação antes de cirurgias cardíacas;
  • Suspeita de problemas nas válvulas cardíacas.

Em casos de urgência, como no infarto, o cateterismo pode ser realizado imediatamente para abrir a artéria bloqueada e salvar o músculo cardíaco.

Como é feito o cateterismo?

O procedimento é relativamente simples, mas envolve alguns cuidados no preparo, conforme explica Edilza.

Primeiro, o paciente recebe anestesia local no ponto de inserção do cateter, geralmente na virilha ou no braço. Dessa forma, ele permanece acordado durante todo o exame, o que é importante para que possa colaborar com pequenas instruções do médico, como prender a respiração por alguns segundos.

Depois, o médico introduz o cateter pela artéria e o conduz até o coração com auxílio das imagens em tempo real. Em seguida, injeta um contraste iodado que permite visualizar o fluxo sanguíneo e possíveis obstruções.

Em geral, o procedimento não causa dor significativa — o que a maioria das pessoas relata é apenas um leve desconforto no momento da punção ou movimentação do cateter.

Quanto tempo dura?

A duração média de um cateterismo é de 30 a 60 minutos, mas pode variar dependendo da complexidade do caso. Após o exame, o paciente é levado a uma sala de recuperação para monitoramento e repouso.

“O tempo de internação costuma ser curto, e a maioria dos pacientes recebe alta no mesmo dia ou no dia seguinte”, explica Edilza.

Qual a diferença entre cateterismo diagnóstico e terapêutico?

Existem dois tipos principais de cateterismo, como explicado por Edilza:

  • Cateterismo diagnóstico: feito apenas para avaliar as condições do coração e das artérias. Ao final do exame, o cateter é retirado;
  • Cateterismo terapêutico (angioplastia): quando durante o exame é identificado um bloqueio, o médico pode decidir intervir imediatamente, inserindo um balão e/ou stent para desobstruir a artéria e restaurar a circulação.

Cateterismo é perigoso?

Em geral, não. O exame é considerado seguro e realizado de forma rotineira em hospitais. No entanto, como qualquer procedimento invasivo, pode haver riscos, como:

  • Sangramento no local da punção;
  • Infecção;
  • Reação alérgica ao contraste;
  • Arritmias cardíacas;
  • Em casos muito raros, complicações mais graves, como infarto ou acidente vascular cerebral.

Vale ressaltar que os riscos são muito baixos e a maioria dos pacientes realiza o exame sem maiores problemas.

Cuidados após o cateterismo

Depois do procedimento, o paciente é levado a uma sala de recuperação, onde permanece em observação por algumas horas. Dependendo do caso, pode ter alta no mesmo dia ou no dia seguinte.

Alguns cuidados importantes após o exame incluem:

  • Repouso relativo nas primeiras 24 a 48 horas;
  • Evitar esforços físicos intensos na primeira semana;
  • Beber bastante líquido para ajudar a eliminar o contraste;
  • Observar sinais como dor, sangramento ou inchaço no local da punção.

A recuperação costuma ser rápida, e a maioria das pessoas consegue retomar suas atividades normais em poucos dias.

Confira: Doença coronariana: o que é, como identificar os sintomas e quais os tratamentos indicados

Perguntas frequentes sobre cateterismo cardíaco

1. O cateterismo cardíaco dói?

A maioria dos pacientes relata que o cateterismo cardíaco não causa dor significativa, uma vez que o exame é feito com anestesia local no local da punção, normalmente no braço ou na virilha.

Durante a introdução do cateter, pode haver apenas uma sensação de pressão ou um leve desconforto.

Além disso, a injeção do contraste pode causar uma sensação passageira de calor pelo corpo, mas que dura poucos segundos.

O que costuma incomodar mais é o repouso após o exame, principalmente se a punção for feita na virilha, já que será necessário ficar deitado por algumas horas para evitar sangramentos.

2. Preciso ficar internado para fazer o exame?

Na maioria dos casos, o cateterismo é feito em regime de internação curta, muitas vezes de apenas um dia. O paciente chega ao hospital, faz os exames preparatórios, realiza o procedimento e, após algumas horas de observação, pode receber alta.

Em situações de maior complexidade, como quando há necessidade de angioplastia, o tempo de internação pode ser maior, chegando a dois ou três dias, para garantir uma boa recuperação e monitoramento do paciente.

3. Quem tem alergia a contraste pode fazer cateterismo?

Sim, mas é preciso alguns cuidados especiais. O contraste usado no cateterismo é iodado, e algumas pessoas podem ter reações alérgicas. Nesses casos, o médico pode prescrever medicamentos antialérgicos e corticoides antes do exame para reduzir o risco.

Em pacientes com histórico de reação grave, pode ser necessário avaliar alternativas ou adiar o procedimento.

4. Cateterismo cardíaco pode ser feito em crianças?

Sim, o cateterismo também pode ser indicado em crianças, especialmente naquelas com malformações cardíacas congênitas. Nesses casos, o procedimento pode ter tanto caráter diagnóstico quanto terapêutico, ajudando a corrigir problemas estruturais do coração desde cedo.

5. Quem tem marca-passo pode fazer cateterismo?

Sim, pacientes com marca-passo ou desfibrilador cardíaco implantado podem realizar o cateterismo normalmente. O procedimento não interfere no funcionamento dos dispositivos, mas é fundamental informar o médico e o cardiologista, para que ele possa ser avaliado e, se necessário, ajustado antes e depois do procedimento.

6. Existe limite de idade para fazer cateterismo cardíaco?

Não há um limite de idade para realizar o exame. O que define se uma pessoa pode ou não passar pelo exame é o estado geral de saúde. Inclusive, pacientes idosos frequentemente realizam cateterismo, inclusive com bons resultados, já que muitos desenvolvem obstruções coronárias ao longo da vida.

O que muda é o cuidado com doenças associadas, como insuficiência renal, diabetes ou problemas de coagulação, que podem demandar mais atenção.

7. O cateterismo pode ser feito sem contraste?

Não, pois o uso do contraste iodado é fundamental para visualizar as artérias coronárias. Em situações específicas, como pacientes com alergia grave ao contraste ou insuficiência renal avançada, podem ser avaliados outros exames para diagnóstico.

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Escrito por Dra. Edilza Câmara Nóbrega

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