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Capacete para criança: por que ele é importante nos esportes?

O capacete reduz significativamente a energia do impacto e, consequentemente, o risco de traumas cranianos graves

Dra. Ana Gandolfi

Dra. Ana Gandolfi

5min • 19 de nov. de 2025

Menina sorri enquanto ajusta o capacete para criança rosa, usando luvas de proteção combinando, pronta para uma atividade ao ar livre com segurança. 

O capacete para criança não evita o impacto, mas diminui a força transferida ao crânio e ao cérebro, reduzindo drasticamente a gravidade da lesão | Foto: Freepik

O uso de capacetes é necessário em uma série de esportes, mesmo naqueles considerados de baixa velocidade ou que envolvem mais contato físico do que velocidade. Seja em uma volta de bicicleta no quarteirão, uma tarde de skate no parque ou uma aula de equitação, o risco de quedas e colisões existe e pode resultar em traumas sérios na cabeça, especialmente em crianças.

De acordo com a neurocirurgiã Ana Gandolfi, a importância do capacete para criança na infância é ainda maior porque a proporção da cabeça em relação ao corpo é significativamente maior nas crianças. Isso faz com que a chance de elas baterem a cabeça em uma queda seja muito superior à dos adultos.

Para complementar, o cérebro infantil ainda está em desenvolvimento, o que o torna mais vulnerável a impactos e possíveis lesões. Mas afinal, em quais esportes o capacete é necessário e como escolher o melhor? Vamos entender, a seguir.

Por que o capacete para crianças é tão importante?

A cabeça da criança é proporcionalmente maior e mais pesada do que o corpo, o que aumenta o risco de bater primeiro com ela ao cair, de acordo com Ana Gandolfi. Além disso, o cérebro infantil ainda está em desenvolvimento, de modo que qualquer impacto pode ter consequências sérias.

De acordo com estudos da American Academy of Pediatrics (AAP), o uso de capacete reduz de 63% a 88% o risco de lesões cerebrais potencialmente fatais em atividades como ciclismo e esportes na neve. Mesmo em quedas de baixa velocidade, como de um patinete ou skate, a energia do impacto pode ser suficiente para causar lesões cerebrais irreversíveis.

Nessa situação, o capacete funciona como um amortecedor de impacto. A camada externa rígida impede que objetos duros penetrem. Já o interior, de espuma densa, absorve a energia do choque, reduzindo a aceleração do cérebro dentro do crânio — o que evita danos como concussões ou traumas mais graves.

Vale apontar que o capacete não evita o impacto, mas diminui a força transferida ao crânio e ao cérebro, reduzindo drasticamente a gravidade da lesão.

É possível ter uma concussão mesmo usando capacete?

A resposta é sim, o trauma pode acontecer do mesmo modo, porque o cérebro, ao sofrer uma pancada, se movimenta dentro do crânio e bate nas paredes internas. A diferença é que, com capacete, a força é muito menor e por isso diminui muito a chance de um trauma moderado ou grave, de acordo com Ana Gandolfi.

A especialista também lembra que a concussão pode ocorrer mesmo sem uma pancada direta na cabeça, basta um impacto forte no tórax ou em outra parte do corpo que provoque o movimento brusco do cérebro dentro do crânio.

Quais esportes exigem capacete para criança?

O capacete é necessário em praticamente todos os esportes com risco de queda, colisão ou impacto na cabeça — e não só nas atividades mais radicais. Veja alguns exemplos:

  • Bicicleta: é o esporte com a maior quantidade de acidentes com trauma de crânio infantil. Todos devem usar capacete, inclusive em trajetos curtos;
  • Patins, skate e patinete: quedas são comuns e costumam atingir a cabeça, cotovelos e joelhos;
  • Esportes na neve (ski e snowboard): responsáveis por até 20% das lesões graves de cabeça em crianças;
  • Equitação: o trauma mais comum é o craniano, e usar capacete reduz em até 96% o risco de hemorragia intracraniana;
  • Esportes de rodas: qualquer atividade com velocidade ou desníveis deve incluir proteção;
  • Hóquei, beisebol e futebol americano: todos exigem capacetes específicos, que reduzem drasticamente o risco de concussões e fraturas faciais.

Orientações para crianças pequenas

Segundo Ana Gandolfi, crianças menores possuem equilíbrio mais instável, já que o sistema locomotor está em formação. Por isso, elas estão mais propensas a cair, principalmente em esportes com rodas, como patinete, patins e skate.

A recomendação é que essas atividades comecem apenas a partir dos 4 ou 5 anos de idade — quando a criança já tem um controle corporal mais maduro e consegue se equilibrar melhor.

Como escolher o melhor capacete para criança?

Na hora de escolher o melhor capacete esportivo para crianças, o primeiro passo é verificar se ele segue padrões de segurança reconhecidos. O ideal é optar por modelos fabricados por marcas confiáveis, com materiais resistentes, boa ventilação, ajuste firme na cabeça e sistema de fixação seguro.

Na hora de comprar o capacete, vale observar alguns pontos importantes, como:

  • Tamanho correto: deve encaixar bem, sem folgas ou aperto excessivo;
  • Ajuste regulável: alças e presilhas ajustáveis garantem melhor fixação;
  • Forração interna: espuma macia, removível e que absorve impacto;
  • Ventilação: aberturas que mantêm a cabeça fresca;
  • Peso leve: facilita o uso contínuo;
  • Cores vivas: aumentam a visibilidade e segurança.

Substitua o capacete após qualquer impacto forte, mesmo que pareça intacto. O material interno perde eficiência após uma pancada.

Quais as outras formas de proteção?

Além do capacete, Ana Gandolfi aponta outros acessórios essenciais:

  • Cotoveleiras e joelheiras: protegem contra cortes e fraturas;
  • Luvas: evitam escoriações nas mãos;
  • Roupas adequadas: leves, elásticas e respiráveis para facilitar movimentos.

Meu filho bateu a cabeça. O que devo fazer?

Depois de uma queda, mesmo com capacete, observe se aparecem:

  • Dor de cabeça forte;
  • Sonolência ou confusão;
  • Dificuldade para andar ou falar;
  • Náuseas ou vômitos;
  • Alterações de força ou sensibilidade.

Se houver qualquer um desses sinais, procure o pronto-socorro imediatamente.

Saiba mais: Esportes de contato: pancadas repetitivas na cabeça fazem mal?

Perguntas frequentes sobre capacete para criança

1. A partir de que idade a criança pode praticar esportes com rodas?

De acordo com a neurocirurgiã Ana Gandolfi, a partir dos 4 ou 5 anos, quando o equilíbrio corporal está mais desenvolvido.

2. Preciso trocar o capacete depois de uma queda?

Sim. Mesmo que pareça intacto, o capacete perde capacidade de absorção após um impacto forte.

3. O que fazer se a criança cair mesmo usando capacete?

Observe por horas seguintes. Se houver dor de cabeça intensa, sonolência, confusão, dificuldade para andar, náuseas ou fala alterada, vá ao pronto-socorro.

4. O que acontece no cérebro durante uma pancada na cabeça?

O cérebro se move dentro do crânio, podendo bater nas paredes internas. Isso causa lesão por aceleração e desaceleração.

5. Como identificar se uma batida na cabeça foi grave?

Procure ajuda urgente se houver perda de consciência, vômitos repetidos, desequilíbrio, sangramento por nariz ou ouvido, sonolência excessiva ou confusão mental.

6. É normal a criança dormir após uma batida?

Não é ideal deixá-la dormir imediatamente, pois isso pode mascarar sinais de gravidade. Mantenha acordada e observe.

Veja mais: Capacete protege mesmo contra lesões cerebrais?

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Foto de Dra. Ana Gandolfi

Escrito por Dra. Ana Gandolfi

Sobre

Médica e Neurocirurgiã pela EPM/UNIFESP. Doutorado em medicina baseada em evidências na EPM/UNIFESP. Coordenadora do setor de neurotrauma e distúrbios da circulação liquórica e preceptora da residência da Disciplina de Neurocirurgia da EPM/UNIFESP. Preceptora do Ambulatório de Concussão Cerebral do Centro de Traumatologia do Esporte da EPM/UNIFESP. Preceptora da residência médica em neurocirurgia da UNIFESP/EPM. Desde de 2024 é também podcaster, sendo co-fundadora do Podcast Médico de quê?.

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Neurocirurgia - CRM/SP 133.791

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