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Candidíase vaginal: o que é, causas, sintomas e como tratar

A candidíase pode ser causada por uma série de fatores, como uso de antibióticos, imunidade baixa e alterações hormonais.

Dra. Ana Paula Beck

Dra. Ana Paula Beck

5min • 18 de set. de 2025

Candidíase vaginal: o que é, causas, sintomas e como tratar

Coceira intensa, corrimento branco e vermelhidão na área vaginal são alguns dos principais sintomas de candidíase, uma infecção fúngica causada predominantemente por espécies do gênero Candida — especialmente a Candida albicans.

Normalmente, ela surge quando há um desequilíbrio na flora vaginal, que permite a proliferação excessiva do fungo, e pode impactar diretamente a qualidade de vida. Por isso, é fundamental saber reconhecer os sinais precocemente e buscar orientação médica para confirmar o diagnóstico.

Conversamos com a ginecologista e obstetra Ana Paula Beck para esclarecer as principais dúvidas sobre a condição, como ela se manifesta e os métodos de tratamento. Confira!

O que é candidíase vaginal?

A candidíase vulvovaginal é uma infecção causada por fungos do gênero Candida, especialmente a Candida albicans, que vive naturalmente no corpo humano, principalmente na boca, no intestino e na região genital.

No entanto, em situações de desequilíbrio, como baixa imunidade, uso de antibióticos ou alterações hormonais, o fungo pode se multiplicar em excesso e causar a infecção. Apesar do Candida albicans ser o principal responsável pela condição, Ana Paula Beck aponta que outras espécies, como a C. glabrata, também possam estar envolvidas — principalmente em casos complicados ou recorrentes.

Causas da candidíase vaginal

A candidíase surge quando há desequilíbrio na flora vaginal, o que favorece o crescimento excessivo do fungo. Entre os principais fatores que contribuem para o desenvolvimento da candidíase estão:

  • Uso frequente de antibióticos, que reduzem a flora vaginal protetora;
  • Alterações hormonais, como gravidez, uso de anticoncepcionais ou reposição hormonal;
  • Diabetes mal controlado;
  • Imunossupressão (HIV, quimioterapia, uso de corticoides);
  • Estresse e noites mal dormidas, que enfraquecem a imunidade;
  • Roupas íntimas sintéticas e apertadas, que aumentam a umidade e o calor local.

“O fungo é parte da microbiota vaginal normal em até 20% das mulheres assintomáticas, mas pode causar doença quando há desequilíbrio local ou sistêmico”, complementa Ana Paula Beck.

Quais são os sintomas da candidíase vaginal?

Os sintomas da candidíase são bastante característicos, mas podem variar de intensidade de pessoa para pessoa. Segundo Ana Paula, os sinais mais comuns incluem:

  • Coceira intensa (prurido vulvar), normalmente é o sintoma mais incômodo;
  • Corrimento branco e espesso: com aspecto semelhante ao leite coalhado, sem odor;
  • Ardência e dor ao urinar;
  • Dor durante a relação sexual;
  • Irritação, vermelhidão e inchaço na vulva;
  • Possíveis fissuras e escoriações na pele da região íntima.

Como diferenciar candidíase de outras infecções vaginais?

Para diferenciar a candidíase de outras infecções vaginais, é importante observar as características de cada uma. A ginecologista Ana Paula Beck aponta:

  • Candidíase: pH vaginal geralmente normal (<4,5), corrimento branco e grumoso, sem odor;
  • Vaginose bacteriana: corrimento acinzentado e com odor desagradável (semelhante a peixe);
  • Tricomoníase: corrimento amarelado ou esverdeado, espumoso, pH elevado (>4,5), e sintomas como dor abdominal.

O diagnóstico definitivo pode ser feito pelo médico com exames laboratoriais, como a microscopia ou cultura de Candida.

A candidíase só acontece durante a menstruação?

A candidíase pode surgir em qualquer fase do ciclo menstrual. No entanto, muitas mulheres relatam sintomas mais intensos alguns dias antes da menstruação, possivelmente devido a alterações hormonais que favorecem o crescimento do fungo.

Veja também: Seu ciclo está bagunçado? Saiba quando a menstruação irregular é sinal de alerta

Como é feito o diagnóstico de candidíase vaginal?

O diagnóstico da candidíase vaginal é feito a partir da história clínica e do exame ginecológico. O médico avalia os sintomas relatados pela pessoa e observa características como corrimento, vermelhidão e lesões.

Para confirmar, ele pode solicitar alguns exames, como:

  • Microscopia com KOH: mostra a presença do fungo Candida, como leveduras e filamentos (hifas ou pseudohifas);
  • Cultura vaginal: usada em casos de candidíase recorrente ou resistente;
  • Medição do pH vaginal: ajuda a diferenciar de outras infecções.

É importante ressaltar que a automedicação pode mascarar sintomas e dificultar o diagnóstico. Por isso, procurar atendimento médico é fundamental quando os sintomas persistem.

Como tratar a candidíase vaginal?

O tratamento da candidíase geralmente é feito com antifúngicos, que podem ser aplicados direto na região íntima, como cremes e óvulos, ou tomados por via oral, como o remédio fluconazol. Em gestantes, a recomendação é usar apenas os medicamentos locais.

Em casos causados por fungos diferentes do mais comum (Candida albicans), como a Candida glabrata, pode ser preciso usar outras opções, como cápsulas vaginais de ácido bórico ou outros medicamentos, de acordo com Ana Paula.

Candidíase recorrente: o que é e por que acontece?

A candidíase de repetição, também conhecida como candidíase recorrente, é quando uma pessoa tem quatro ou mais episódios de candidíase ao longo de um ano. De acordo com Paula, ela pode acontecer devido às seguintes situações:

  • Aumento dos níveis de estrogênio, tais como o uso de anticoncepcionais orais ou durante a gravidez;
  • Uso de antibióticos;
  • Diabetes;
  • Imunossupressão;
  • Uso de corticosteroides;
  • Predisposição genética.

Em casos de candidíase de repetição, o médico pode indicar um tratamento mais longo: primeiro para controlar os sintomas e depois uma fase de manutenção, com fluconazol semanal por alguns meses. Mesmo assim, cerca de metade das mulheres pode ter nova recaída depois que o remédio é suspenso.

“Novos agentes, como oteseconazol, estão aprovados pelo FDA nos Estados Unidos para prevenção de candidíase recorrente em mulheres que não estejam em planejamento de gravidez”, complementa a ginecologista.

É possível prevenir a candidíase?

Nem sempre é possível prevenir um quadro de candidíase, mas algumas mudanças de hábitos no dia a dia ajudam a diminuir o risco, como:

  • Evitar duchas vaginais e uso excessivo de sabonetes íntimos;
  • Optar por roupas íntimas de algodão e mais soltas;
  • Manter a região íntima seca sempre que possível;
  • Reduzir o consumo excessivo de açúcares, já que a glicose favorece a proliferação do fungo;
  • Usar antibióticos apenas quando realmente necessário e com acompanhamento médico;
  • Avaliar, junto ao ginecologista, outras opções de anticoncepcionais, caso haja relação com os episódios.

Candidíase vaginal tem cura?

Na maioria dos casos, sim. A ginecologista e obstetra Ana Paula explica que a candidíase aguda e não complicada costuma responder bem ao tratamento com antifúngicos, seja em creme vaginal (clotrimazol, miconazol) ou comprimido oral (fluconazol em dose única).

Contudo, quando a candidíase é recorrente, o tratamento precisa ser mais longo, geralmente com antifúngico por semanas, seguido de doses de manutenção para evitar novas crises.

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Perguntas frequentes

1. Candidíase é uma infecção sexualmente transmissível?

A candidíase não é uma infecção sexualmente transmissível. Ela é causada pelo crescimento descontrolado do fungo Candida albicans, que vive naturalmente no corpo, devido a fatores que desequilibram a flora natural.

A infecção pode ser transmitida durante a relação sexual, mas é um caso raro. O tratamento de parceiros só é indicado se houver sintomas, como coceira, irritação ou lesões, ou em casos de candidíase recorrente.

2. A candidíase pode aparecer durante a gravidez?

Sim, e é até mais comum nesse período, devido a alterações hormonais e diminuição da imunidade da gestante. O tratamento deve ser sempre feito com medicamentos tópicos, como cremes, já que os comprimidos orais não são recomendados para gestantes.

3. Existe relação entre candidíase e estresse?

Sim! O estresse intenso pode enfraquecer o sistema imunológico e alterar o equilíbrio da flora vaginal, facilitando o crescimento da Candida.

Além disso, situações de estresse costumam vir acompanhadas de má alimentação, noites mal dormidas e uso excessivo de estimulantes, como café, o que pode aumentar ainda mais o risco de crises.

4. Qual a relação entre candidíase e antibióticos?

O uso de antibióticos de amplo espectro pode desequilibrar a flora natural da boca ou da vagina. Isso acontece porque o remédio elimina várias bactérias que normalmente controlam o crescimento de fungos, como a Candida.

Quando essa “barreira protetora” some, o fungo encontra espaço para se multiplicar. Por isso, pessoas que usam antibióticos com frequência ou passam por tratamentos longos no hospital têm maior risco de desenvolver candidíase, seja na região íntima ou na boca.

5. O uso de roupas apertadas aumenta o risco de candidíase?

Sim, pois roupas muito justas e de tecido sintético dificultam a ventilação da região íntima, retêm calor e umidade — criando um ambiente perfeito para o crescimento do fungo. O ideal é usar calcinhas de algodão e evitar o uso prolongado de roupas como calças jeans muito justas ou biquínis molhados.

6. Probióticos ajudam a prevenir a candidíase?

Os probióticos podem ajudar a equilibrar a flora vaginal e intestinal, reforçando as bactérias de defesa. Ainda não existem evidências científicas fortes de que eles possam prevenir definitivamente a candidíase, mas algumas pesquisas indicam benefícios como redução da recorrência. Eles não substituem o tratamento médico, mas podem ser usados como complemento.

7. Homens podem ter candidíase?

A resposta é sim. O fungo Candida está presente em todos os corpos e, quando cresce em excesso, pode causar a infecção. A região da virilha, inclusive, é mais vulnerável por causa da umidade e das dobras de pele. Na maioria dos casos, a candidíase peniana surge após relação sexual sem preservativo com uma parceira infectada.

Os sintomas podem ser sutis, mas incluem vermelhidão, placas brancas no pênis e coceira ou ardência. No surgimento dos sintomas, é importante procurar um médico para confirmar o diagnóstico e iniciar o tratamento adequado.

8. Quais os primeiros sinais de candidíase?

Os primeiros sinais mais comuns de candidíase costumam ser bem característicos, como:

  • Coceira intensa na região íntima, que pode piorar à noite ou após urinar;
  • Ardência ou queimação na vulva ou vagina;
  • Corrimento branco espesso e grumoso, parecido com leite talhado, geralmente sem odor forte;
  • Vermelhidão e inchaço na região genital;
  • Desconforto ou dor durante a relação sexual;
  • Em alguns casos, dor leve ao urinar.

Leia também: Higiene menstrual: conheça os principais cuidados durante o ciclo

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Escrito por Dra. Ana Paula Beck

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