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Bronquiolite em bebês: sintomas e quando procurar o médico

Tosse, chiado e dificuldade para respirar podem ser sinais de bronquiolite. Saiba como identificar, quando buscar ajuda médica e como prevenir

Dra. Juliana Sencini

Dra. Juliana Sencini

5min • 27 de ago. de 2025

Bronquiolite em bebês: sintomas e quando procurar o médico

Se o bebê começa com aquele nariz escorrendo e tosse que parece resfriado, muitos pais ficam atentos, mas torcendo para que passe em poucos dias. Em alguns casos, porém, os sintomas pioram e se transformam em algo mais sério: a bronquiolite, uma infecção respiratória comum nos primeiros anos de vida.

O problema é que, por começar parecido com uma gripe, a bronquiolite pode ser confundida e atrasar o diagnóstico. Conversamos com a pneumologista pediátrica Juliana Sencini, que explicou como identificar os sinais, quando é hora de procurar ajuda médica e quais são as novidades em prevenção.

O que é bronquiolite

A bronquiolite é uma infecção das vias aéreas inferiores, que atinge principalmente crianças menores de 2 anos.

“O grande causador da bronquiolite é o vírus sincicial respiratório (VSR)”, explica a pneumologista pediátrica. Outros vírus, como rinovírus, influenza, adenovírus e metapneumovírus, também podem estar envolvidos, mas o VSR é o principal.

Ela reforça que, em crianças maiores de dois anos, não se usa mais o termo bronquiolite. “Depois dessa idade, quando há repetição dos sintomas, pensamos em outros diagnósticos, como lactente sibilante ou asma”, completa.

Sintomas da bronquiolite em bebês e crianças

No início, a bronquiolite engana, pois parece apenas um resfriado, com febre baixa, nariz entupido e tosse. Mas, segundo a pneumopediatra, essa tosse vai ficando cada vez mais intensa e começa a gerar dificuldade respiratória.

Os sinais mais típicos costumam aparecer no segundo ou terceiro dia da doença: chiado, secreção nos pulmões e sinais de esforço para respirar. É justamente aí que os pais devem ficar atentos para procurar ajuda médica o quanto antes.

Diferença entre resfriado e bronquiolite

Nem todo nariz escorrendo é bronquiolite. O resfriado comum é leve, se resolve espontaneamente e a criança continua se alimentando bem. Já a bronquiolite evolui com piora da tosse, chiado no peito e cansaço para respirar.

Em alguns hospitais, é possível confirmar a presença do vírus sincicial respiratório com exames rápidos, mas o diagnóstico principal é clínico, feito pela avaliação médica.

Quando a bronquiolite é grave?

De acordo com Juliana Sencini, quando a criança consegue mamar, manter a hidratação e não apresenta queda de oxigênio, o tratamento pode ser feito em casa, com lavagem nasal, inalação com soro e bastante líquido.

Mas há sinais de gravidade que exigem internação:

  • Dificuldade para mamar ou se alimentar;
  • Cansaço excessivo para respirar;
  • Queda da saturação de oxigênio;
  • Esforço respiratório intenso.

No hospital, o suporte pode incluir oxigênio, cateter de alto fluxo e, em casos mais graves, até intubação. “O uso de cateter de alto fluxo nos últimos anos ajudou muito a reduzir a necessidade de intubação”, explica a médica.

Existe tratamento específico?

A resposta é não. “Não existe medicação que modifique a evolução da bronquiolite. O tratamento é de suporte”, afirma a especialista.

Isso significa ajudar a criança a respirar melhor, manter a hidratação e observar a evolução. Antibióticos só entram em cena se houver complicações, como pneumonia bacteriana.

Como prevenir a bronquiolite

Por muito tempo, só havia uma opção de prevenção contra o vírus sincicial respiratório, o principal vírus causador da bronquiolite: o palivizumabe, um remédio (anticorpo monoclonal) aplicado em bebês prematuros extremos ou de alto risco. De 2024 para cá, no entanto, surgiram novidades importantes:

  • Vacinação da mãe: a gestante recebe uma vacina contra bronquiolite entre 30 e 36 semanas. “A vacina aumenta os anticorpos que passam via placenta para o bebê, protegendo-o nos primeiros meses de vida”, explica a médica;
  • Nirsevimabe: anticorpo monoclonal de longa duração que protege bebês saudáveis por até seis meses. Ele deve ser aplicado antes da época de circulação do vírus sincicial respiratório, que em São Paulo, por exemplo, vai de abril a julho.

Essas estratégias vêm mudando o cenário da bronquiolite e oferecem proteção já nos primeiros meses de vida, fase em que a doença costuma ser mais grave.

Bronquiolite aumenta o risco de asma no futuro?

Sim. “Algumas crianças que apresentam bronquiolite podem evoluir para quadros recorrentes de sibilância, o que acende o alerta para asma”, explica a médica. No entanto, ela reforça que não se pode considerar cada episódio de chiado como nova bronquiolite, principalmente após os dois anos.

Perguntas frequentes sobre bronquiolite

1. Bronquiolite é a mesma coisa que bronquite?

Não. A bronquiolite é típica de bebês e crianças pequenas (até 2 anos), geralmente causada por vírus, especialmente o vírus sincicial respiratório.

2. Todo bebê com tosse tem bronquiolite?

Não. Tosse pode ser sinal de resfriado, alergia ou outras infecções. A bronquiolite geralmente inclui chiado e esforço para respirar.

3. Como saber se preciso levar meu filho ao hospital?

Se houver dificuldade para mamar, respiração acelerada, cansaço extremo ou queda na saturação, é hora de procurar atendimento imediato.

4. Existe algum remédio que cura bronquiolite?

Não. O tratamento é apenas de suporte, com hidratação, lavagem nasal e, em casos graves, internação hospitalar.

5. Criança que já teve bronquiolite vai ter de novo?

Pode ter outros episódios de chiado, mas após os dois anos, o diagnóstico passa a ser outro, como lactente sibilante ou asma.

6. É possível prevenir bronquiolite?

Sim. Hoje existe uma vacina para as grávidas e o uso de nirsevimabe, além de medidas simples como higienizar as mãos e evitar contato com pessoas com sintomas de gripe.

7. Bronquiolite sempre exige internação?

Não. Casos leves podem ser tratados em casa, com observação e cuidados básicos. Apenas os quadros mais graves precisam de internação.

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Escrito por Dra. Juliana Sencini

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Pediatra e pneumo-pediatra

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