DOENÇAS & CONDIÇÕES
Bexiga hiperativa: entenda mais sobre quando o controle da urina fica difícil
A vontade urgente e frequente de urinar pode indicar uma condição comum, que tem tratamento e melhora com hábitos simples e acompanhamento médico

Dra. Juliana Soares
5min • 31 de out. de 2025

Embora a bexiga hiperativa seja mais comum em mulheres e pessoas mais velhas, também pode afetar homens de diferentes idades | Foto: Freepik
Sentir vontade de fazer xixi várias vezes ao dia, inclusive durante a noite, pode parecer algo banal, mas nem sempre é. A bexiga hiperativa é uma condição que provoca urgência urinária, às vezes tão intensa que a pessoa não consegue chegar ao banheiro a tempo.
Embora não seja uma doença grave, o problema interfere na rotina, no sono e na autoestima, e afeta milhões de pessoas, especialmente mulheres e idosos. Com diagnóstico correto e tratamento adequado, é possível recuperar o controle e a tranquilidade no dia a dia.
O que é bexiga hiperativa
A bexiga hiperativa é uma síndrome caracterizada pela vontade súbita e frequente de urinar, mesmo quando a bexiga ainda não está cheia. Em alguns casos, essa urgência vem acompanhada de perda involuntária de urina, o que pode causar desconforto e constrangimento.
A condição ocorre quando o músculo da bexiga (detrusor) se contrai de forma descontrolada e envia sinais errados ao cérebro, provocando a sensação de urgência.
Embora seja mais comum em mulheres e pessoas mais velhas, também pode afetar homens de diferentes idades.
Por que isso acontece
A bexiga funciona como um reservatório natural, armazenando a urina até o momento certo para eliminá-la. Na bexiga hiperativa, o músculo detrusor se contrai involuntariamente, mesmo quando a bexiga ainda está parcialmente vazia.
Essas contrações indevidas podem acontecer por diversos motivos:
- Alterações nos nervos que controlam a bexiga, como em doenças neurológicas ou traumas na medula;
- Mudanças no funcionamento muscular, tornando a bexiga mais sensível;
- Defeitos anatômicos que afetam o suporte da bexiga e da uretra;
- Alterações no microbioma, que é o desequilíbrio das bactérias naturais da bexiga;
- Ou ainda sem causa identificável, o que é bastante comum.
Fatores de risco
Diversos fatores podem aumentar a chance de desenvolver bexiga hiperativa:
- Doenças neurológicas, como AVC, Parkinson e esclerose múltipla;
- Infecções urinárias de repetição;
- Alterações hormonais, especialmente após a menopausa;
- Uso de medicamentos diuréticos;
- Consumo excessivo de café, chá, álcool e refrigerantes;
- Estresse e fatores emocionais;
- Obesidade e envelhecimento.
Principais sintomas
Os sintomas variam de pessoa para pessoa, mas geralmente são:
- Vontade súbita e intensa de urinar;
- Urinar muitas vezes ao dia (aumento da frequência urinária);
- Levantar várias vezes à noite para urinar (noctúria);
- Perda involuntária de urina antes de chegar ao banheiro;
- Sensação de bexiga cheia o tempo todo, mesmo após urinar.
Nem todas as pessoas apresentam incontinência — em muitos casos, há apenas a urgência e o aumento da frequência urinária.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito a partir da avaliação clínica e dos sintomas relatados pelo paciente. O médico costuma perguntar sobre a frequência urinária, a presença de escapes e os hábitos diários.
Exames complementares que podem ser solicitados:
- Exame de urina e urocultura: para descartar infecção urinária;
- Ultrassonografia das vias urinárias: para avaliar bexiga, rins e uretra;
- Exame urodinâmico: mede o funcionamento da bexiga durante o enchimento e o esvaziamento;
- Avaliação ginecológica ou urológica, conforme o caso.
Tratamento
O tratamento busca controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. Ele costuma ser feito em etapas, começando por medidas simples e evoluindo conforme a necessidade.
1. Mudanças de hábitos e fisioterapia
É o primeiro passo do tratamento e traz ótimos resultados. Ele pode ser feito da seguinte forma:
- Reduzir o consumo de café, refrigerantes, bebidas alcoólicas e frutas cítricas;
- Evitar líquidos à noite para diminuir as idas ao banheiro;
- Treinar a bexiga, espaçando o tempo entre as micções;
- Fazer exercícios do assoalho pélvico (fisioterapia pélvica) para fortalecer os músculos que controlam a urina;
- Manter o peso saudável e praticar atividade física regularmente.
2. Medicamentos
Se as mudanças de comportamento não forem suficientes, o médico pode indicar remédios que relaxam a bexiga e reduzem as contrações involuntárias. Em alguns casos, dois tipos de medicamento podem ser combinados para potencializar o efeito.
3. Tratamentos complementares
Quando os sintomas persistem, existem alternativas eficazes:
- Toxina botulínica: aplicada na parede da bexiga para reduzir as contrações;
- Neuromodulação: estimulação elétrica dos nervos que controlam a bexiga, feita com impulsos leves;
- Cirurgia: em casos muito graves e raros, pode ser indicada para aumentar a capacidade da bexiga.
Viver bem com bexiga hiperativa
Mesmo sendo uma condição crônica e sem cura definitiva, a bexiga hiperativa pode ser controlada. Com acompanhamento médico e adesão ao tratamento, a maioria das pessoas recupera o conforto e a autoconfiança.
Buscar ajuda é fundamental: sentir urgência urinária frequente não é normal e merece atenção. O diagnóstico precoce faz toda a diferença para preservar o bem-estar e evitar constrangimentos.
Leia também: Infecção urinária: sintomas, causas e tratamento
Perguntas frequentes sobre bexiga hiperativa
1. O que é bexiga hiperativa?
É uma condição em que o músculo da bexiga se contrai de forma involuntária, provocando vontade súbita e frequente de urinar.
2. Quem pode ter bexiga hiperativa?
É mais comum em mulheres e idosos, mas também pode afetar homens e pessoas mais jovens.
3. A bexiga hiperativa tem cura?
Não há cura definitiva, mas os sintomas podem ser controlados com tratamento e mudanças de hábitos.
4. Beber menos água ajuda a melhorar?
Não. O ideal é ajustar a ingestão, evitando excessos à noite, mas sem restringir líquidos de forma exagerada.
5. Quais bebidas pioram os sintomas?
Café, chá preto, refrigerantes, álcool e sucos cítricos estimulam a bexiga e devem ser evitados.
6. A fisioterapia pélvica realmente ajuda?
Sim. Os exercícios fortalecem os músculos que controlam a urina e melhoram o controle da bexiga.
7. Quando procurar um médico?
Se houver urgência urinária frequente, noctúria ou perda involuntária de urina, é importante consultar um urologista ou ginecologista.
Leia também: 5 hábitos diários que ajudam a prevenir doenças urológicas

