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DOENÇAS & CONDIÇÕES

Apendicite aguda: como reconhecer os sintomas e quando correr para o hospital 

A dor abdominal pode ser um sinal de emergência; saiba identificar os primeiros sintomas para procurar ajuda médica sem demora

Dra. Juliana Soares

Dra. Juliana Soares

5min • 16 de nov. de 2025

Médica examina abdômen de mulher com dor e suspeita de apendicite aguda.

A apendicite pode ocorrer em qualquer pessoa, mas é um pouco mais frequente em homens | Foto: Freepik

A apendicite aguda é uma das emergências abdominais mais frequentes no mundo e uma das principais causas de cirurgia de urgência. Ela acontece quando o apêndice, um pequeno tubo localizado no lado inferior direito do abdome, inflama rapidamente, o que provoca dor e risco de complicações graves se não for tratada a tempo.

Embora possa ocorrer em qualquer idade, é mais comum entre os 5 e 45 anos, especialmente em jovens adultos. Reconhecer os sinais cedo e buscar atendimento médico imediato faz toda a diferença para evitar a evolução para quadros graves, como perfuração e infecção generalizada.

Por que a apendicite acontece

A apendicite geralmente começa quando o interior do apêndice (o lúmen) fica obstruído, dificultando a saída do muco produzido no local. Várias situações podem causar essa obstrução:

  • Fecalitos (fezes endurecidas);
  • Aumento do tecido linfático;
  • Parasitas;
  • Pequenos tumores.

Quando o conteúdo não consegue sair, aumenta a pressão dentro do apêndice. Isso prejudica a circulação de sangue e oxigênio no tecido, levando à inflamação, infecção e até necrose.

Além disso, bactérias do intestino podem se multiplicar no local, agravando o quadro. Se não for tratada rapidamente, o apêndice pode romper, liberando pus e bactérias na cavidade abdominal — uma situação grave chamada peritonite.

Quem pode ter apendicite

A apendicite pode ocorrer em qualquer pessoa, mas é um pouco mais frequente em homens.

  • Crianças: costuma estar ligada ao aumento do tecido linfático do apêndice;
  • Adultos: o mais comum é o bloqueio por fezes endurecidas ou pequenas massas benignas.

O que acontece no corpo durante a apendicite

No início, a dor costuma ser difusa, muitas vezes em volta do umbigo. Com o avanço da inflamação, ela se desloca e se intensifica no lado inferior direito do abdome, onde o apêndice está localizado.

Outras manifestações são:

  • Febre;
  • Náuseas e vômitos;
  • Falta de apetite;
  • Inchaço abdominal;
  • Mal-estar geral.

Em quadros graves, pode haver formação de abscesso ou perfuração, aumentando muito o risco de complicações.

Sinais e sintomas

Os sinais mais típicos de apendicite são:

  • Dor abdominal que começa perto do umbigo e migra para o lado inferior direito;
  • Náuseas e vômitos;
  • Febre leve a moderada;
  • Falta de apetite;
  • Inchaço ou desconforto abdominal;
  • Diarreia ou constipação.

Crianças pequenas e idosos podem ter sintomas menos típicos, o que dificulta o diagnóstico e torna a avaliação médica ainda mais importante.

Como é feito o diagnóstico

O diagnóstico começa com um exame clínico detalhado. O médico pressiona áreas específicas do abdome para avaliar sensibilidade, como no ponto de McBurney, localizado entre o umbigo e o quadril direito.

Exames complementares ajudam a confirmar:

  • Exames de sangue: detectam sinais de infecção;
  • Ultrassom abdominal: útil especialmente em crianças e gestantes;
  • Tomografia computadorizada (TC): é o exame mais preciso para identificar inflamação e complicações;
  • Ressonância magnética: usada em casos selecionados.

Esses exames permitem diferenciar apendicite simples (não complicada) de casos graves (com pus, perfuração ou abscesso).

Tratamento da apendicite

O tratamento clássico é a cirurgia para retirada do apêndice, chamada apendicectomia.

Hoje, a técnica mais utilizada é a laparoscopia, que faz pequenas incisões e usa uma câmera para guiar o procedimento. Isso reduz a dor pós-operatória e acelera a recuperação.

Tratamento com antibióticos

Estudos recentes sugerem que alguns casos leves (sem perfuração) podem ser tratados apenas com antibióticos, evitando a cirurgia. Mas isso só é indicado quando:

  • Exames de imagem confirmam que não houve rompimento;
  • Não há pus ou complicações;
  • O paciente tem acompanhamento médico rigoroso.

Ainda há debate sobre essa abordagem, e ela não substitui a cirurgia em casos moderados ou graves.

Casos complicados

Se houver perfuração, abscesso ou peritonite, o tratamento cirúrgico é obrigatório. Pode ser necessário:

  • Uso de drenos;
  • Antibióticos mais potentes;
  • Internação prolongada.

Recuperação e cuidados após o tratamento

A recuperação varia conforme a gravidade e o tipo de tratamento.

Após cirurgia laparoscópica, a alta costuma ocorrer em poucos dias e a dor tende a ser leve e melhora rapidamente.

Cuidados recomendados:

  • Evitar esforço físico intenso nas primeiras semanas;
  • Manter alimentação leve;
  • Usar os medicamentos prescritos corretamente;
  • Retornar às consultas de acompanhamento.

Quando procurar ajuda médica

Procure atendimento urgente se houver:

  • Dor abdominal que piora rapidamente;
  • Dor que começa no umbigo e migra para o lado direito;
  • Febre com dor abdominal;
  • Náuseas e vômitos persistentes;
  • Dificuldade para andar ou se mexer devido à dor.

A apendicite é comum, mas pode evoluir rapidamente. A avaliação precoce evita complicações e salva vidas.

Veja mais: Quando a dor nas costas pode ser preocupante? Entenda os sinais de alerta

Perguntas frequentes sobre apendicite

1. A apendicite pode melhorar sozinha?

Não. Sem tratamento, o risco de perfuração é alto.

2. Toda dor do lado direito é apendicite?

Não. Outras condições podem causar dor nessa região, por isso é importante avaliação médica.

3. Após tirar o apêndice, posso ter problemas digestivos?

Não. A vida segue normalmente, sem impacto na digestão.

4. Crianças pequenas têm sintomas diferentes?

Sim, muitas vezes menos típicos, o que dificulta o diagnóstico.

5. Antibiótico pode substituir a cirurgia?

Em alguns casos muito leves, sim, mas apenas com confirmação por exames e acompanhamento médico rigoroso.

6. O apêndice pode inflamar mais de uma vez?

Não. Uma vez removido, não volta a inflamar.

7. Quanto tempo demora para voltar às atividades normais?

Geralmente de 1 a 3 semanas após cirurgia por via laparoscópica.

Leia mais: Dor abdominal: quais podem ser as causas desse sintoma tão frequente?

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Foto de Dra. Juliana Soares

Escrito por Dra. Juliana Soares

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