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SAÚDE MENTAL & EMOCIONAL

O que é ansiedade e por que ela está aumentando

Ansiedade em alta? Entenda o que é, os tipos, sintomas físicos e emocionais, e por que os casos estão aumentando no mundo todo

Dr. Luiz Dieckmann

Dr. Luiz Dieckmann

5min • 6 de ago. de 2025

O que é ansiedade e por que ela está aumentando

Sentir ansiedade de vez em quando é normal, afinal, aquele frio na barriga antes de uma apresentação importante ou a preocupação com um problema do dia a dia fazem parte da vida. Mas quando esse sentimento vira uma constante, começa a atrapalhar o sono, a rotina e até a saúde, é hora de entender se tem alguma coisa errada e se pode ser algum transtorno de ansiedade.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os transtornos de ansiedade afetam mais de 300 milhões de pessoas no mundo. E os números não param de crescer.

O que é ansiedade, afinal?

A ansiedade é uma reação natural do corpo a situações de estresse, incerteza ou perigo. Ela prepara o organismo para enfrentar ou fugir de uma ameaça, como é chamado o modo “luta ou fuga”. Isso envolve alterações no corpo, como aceleração dos batimentos do coração, respiração rápida, tensão nos músculos e aumento da atenção.

Quando essa resposta acontece com frequência, de forma intensa e sem um motivo claro, ela deixa de ser útil e passa a ser ruim. Aí, estamos falando de um transtorno de ansiedade.

“A ansiedade patológica é um estado de alerta que não desliga, dura ao menos duas semanas, atrapalha trabalho, estudos e relações, e costuma vir com sintomas como falta de ar, palpitações, tensão muscular”, explica o psiquiatra Luiz Dieckmann. “Já a ansiedade normal some quando o problema real passa”, conta.

Tipos de transtornos de ansiedade

Existem vários tipos de transtornos de ansiedade reconhecidos pela medicina. Cada um tem características próprias, mas todos têm em comum o medo ou a preocupação excessiva, que interferem na qualidade de vida da pessoa. Conheça os mais comuns.

Transtorno de ansiedade generalizada (TAG)

O transtorno de ansiedade generalizada é caracterizado por uma preocupação constante e desproporcional com várias situações do cotidiano, mesmo quando não existe um motivo concreto para isso. A pessoa vive em estado de alerta, esperando que algo ruim aconteça.

Síndrome do pânico

Esse transtorno envolve crises súbitas e intensas de medo, chamadas também de ataques de pânico. Os sintomas costumam ser falta de ar, dor no peito, sensação de desmaio e medo de morrer. Muitas vezes, quem sofre de síndrome do pânico evita lugares ou situações por medo de ter uma nova crise.

Fobias específicas

Fobias são medos intensos e irracionais de objetos, animais ou situações. Pode ser medo de altura, de avião, de injeção ou de lugares fechados, mas sem uma real ameaça. Quando esse medo é tão forte que impede a pessoa de levar uma vida normal, ele é considerado um transtorno de ansiedade.

As fobias mais comuns são:

  • Altura (acrofobia);
  • Voar;
  • Dirigir;
  • Injeções;
  • Lugares fechados;
  • Cães;
  • Aranhas.

“Elas aparecem pela combinação de herança genética e experiências ruins. Viram transtorno de ansiedade quando a pessoa evita situações essenciais, por exemplo deixar de trabalhar por medo de elevador”, detalha o psiquiatra.

Porém, em alguns casos, a pessoa pode ter apenas uma fobia e não ser considerada ansiosa. “Existe fobia específica isolada. Quem só teme avião, mas vive bem fora desse contexto, não recebe diagnóstico de transtorno de ansiedade generalizada”, conta Dieckmann.

Por que a ansiedade está aumentando no mundo

Não é apenas impressão, a ansiedade está mesmo em alta. Análises da OMS e da Associação Americana de Psiquiatria mostram que os transtornos ansiosos aumentaram nas últimas décadas, e há vários motivos para isso.

Fatores sociais e tecnológicos

Hoje, a maioria das pessoas vive conectada o tempo todo, bombardeada por informações, notícias ruins e cobranças de produtividade. As redes sociais também são ruins para a saúde mental: a comparação constante com a vida alheia pode alimentar sentimentos de inadequação e estresse.

“Conexão constante a telas, pressão por responder mensagens fora do expediente, sono curto e poucas atividades de lazer de verdade somam forças para o crescimento da ansiedade”, explica o médico.

Impacto da pandemia

Quando a covid-19 virou o mundo de cabeça para baixo, além do medo do vírus, milhões de pessoas enfrentaram luto, desemprego, isolamento social e incertezas. Isso foi uma combinação perfeita para desencadear ou piorar quadros de ansiedade.

Segundo dados da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), ligada à OMS, os atendimentos por transtornos mentais cresceram bastante durante e depois da pandemia.

Pressões da vida moderna

A pressão por sucesso, a sobrecarga de trabalho, a falta de tempo para lazer e descanso e o ritmo acelerado da vida moderna também são responsáveis pelo aumento da ansiedade. Em muitos casos, as pessoas não têm tempo nem para perceber que estão esgotadas.

Sintomas físicos e psicológicos da ansiedade

A ansiedade pode se manifestar de várias formas, e nem sempre de maneira óbvia. Veja alguns dos sintomas mais comuns:

Sintomas físicos da ansiedade

  • Coração acelerado;
  • Falta de ar;
  • Suor em excesso;
  • Tensão nos músculos;
  • Dor no peito ou no estômago;
  • Boca seca;
  • Tontura ou sensação de desmaio;
  • Problemas para dormir.

Sintomas emocionais e comportamentais da ansiedade

  • Medo constante de que algo ruim aconteça;
  • Irritação;
  • Pensamentos acelerados;
  • Dificuldade de concentração;
  • Sensação de que vai “perder o controle”;
  • Fuga de situações sociais ou mais difíceis.

“Muitos sentem o pacote completo (preocupação, insônia, tensão), mas outros mostram só queixas físicas, como dor de estômago crônica sem motivo clínico detectável”, explica Dieckmann.

Crise de ansiedade: o que é e o que fazer

Uma crise de ansiedade pode surgir de repente, mesmo sem um motivo claro. O coração dispara, a respiração fica curta, pode faltar o ar, as mãos suam, e a sensação é de que algo muito ruim está para acontecer. Muita gente confunde esse momento com um infarto, de tão intensa que a reação do corpo pode ser.

Essa é uma resposta exagerada do organismo a uma situação de estresse, medo ou preocupação. É como se o cérebro apertasse um alarme de emergência, mesmo quando não há um perigo real.

“Taquicardia, dor no peito e sudorese podem, de fato, imitar infarto. Como o leigo não diferencia, a regra é procurar pronto-socorro se a dor for forte ou se houver histórico cardíaco”, aconselha o psiquiatra.

O bom é que existem formas de controlar uma crise de ansiedade. Aprender a respirar profundamente, focar no momento presente e repetir frases de tranquilização mentalmente, como “isso vai passar” e “estou seguro”, podem ajudar durante a crise. Técnicas de respiração lenta e consciente costumam ser muito eficazes.

Quando buscar ajuda médica

Sentir ansiedade de vez em quando é normal. Mas se ela interfere nas suas atividades, relações ou qualidade de vida, é bem importante procurar ajuda. O tratamento para ansiedade pode envolver psicoterapia, remédios, mudanças no estilo de vida ou uma combinação dessas abordagens.

Alguns sinais de alerta para procurar um médico são:

  • Ansiedade frequente sem motivo claro;
  • Crises intensas com sintomas físicos;
  • Dificuldade para dormir por causa da preocupação;
  • Evitar compromissos por medo ou vergonha;
  • Sentimento de que não consegue controlar o que sente;
  • Ter crises de ansiedade frequentes.

“Se os sintomas durarem mais de duas semanas ou limitarem vida social, vale marcar consulta. Clínico geral e psicólogo podem ser a porta de entrada, mas o psiquiatra faz diagnóstico preciso e decide se há necessidade de remédio”, explica o psiquiatra.

Perguntas frequentes sobre ansiedade

1. Ansiedade tem cura?

A ansiedade pode ser controlada com tratamento certo. Em muitos casos, os sintomas desaparecem por completo com acompanhamento médico e psicoterapia.

2. Crianças e adolescentes também podem ter transtornos de ansiedade

Sim, a ansiedade pode aparecer em qualquer idade. Em crianças, pode aparecer como medo constante, muita timidez ou recusa de frequentar a escola.

3. Atividade física ajuda na ansiedade?

Sim. Os exercícios físicos liberam substâncias que melhoram o humor, como a serotonina, e ajudam a diminuir o estresse e a tensão muscular.

4. Medicamentos são sempre necessários?

Não. Muitas pessoas conseguem ficar bem apenas fazendo psicoterapia. Em casos mais intensos, o uso de remédios pode ser indicado por um psiquiatra.

5. Dormir mal pode piorar a ansiedade?

Sim. Dormir pouco ou mal aumenta a irritação e diminui a capacidade do cérebro de lidar com o estresse.

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Escrito por Dr. Luiz Dieckmann

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