DOENÇAS & CONDIÇÕES
Alergia alimentar: dicas para comer fora com segurança
Descubra como evitar reações alérgicas ao comer fora de casa. Veja dicas para prevenir contaminação cruzada e proteger adultos e crianças com alergia alimentar

Dra. Brianna Nicoletti
5min • 25 de jul. de 2025

Quem convive com alergia alimentar sabe o pesadelo que é sair para comer fora. Afinal, quando não se sabe exatamente como a comida foi preparada, cada refeição fora de casa pode virar uma situação de risco. Mesmo pequenas quantidades do alimento alergênico podem desencadear reações fortes, por isso é fundamental se precaver antes de fazer um pedido no restaurante ou se servir em um buffet.
Um dos primeiros passos é sempre avisar o estabelecimento da sua condição. Diga claramente que você tem alergia e qual alimento precisa evitar. Use frases simples e objetivas, como: “tenho alergia a ovo e não posso ter contato com nenhum prato que contenha ovo ou tenha sido preparado com utensílios que tiveram contato com ovo”. Assim, você aumenta as chances de ser compreendido e protegido.
Também vale observar o comportamento da equipe do restaurante se você tem alergia alimentar. Se o local não parece saber lidar com esse tipo de informação ou passa insegurança sobre os ingredientes, o melhor é não arriscar, afinal, contaminação cruzada em restaurante é algo comum.
“Se houver dúvida sobre os ingredientes, o ideal é não consumir”, afirma a alergologista e imunologista Brianna Nicoletti.
Em locais com grande movimento, como buffets, padarias ou lanchonetes, a chance de contaminação cruzada é ainda maior, principalmente quando os alimentos são preparados ou servidos com os mesmos utensílios.
Uma boa alternativa para quem não quer abrir mão de momentos sociais e comer fora com alergia alimentar é levar um lanche seguro de casa, e isso vale para adultos e crianças. Ter algo pronto e confiável à mão ajuda a evitar situações desconfortáveis e traz paz e segurança alimentar na hora da refeição.
Cuidados com rótulos e ingredientes
Quando for comprar alimentos prontos, embutidos, temperos ou produtos de panificação, leia o rótulo antes com calma. Desde 2022, por uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os alimentos industrializados precisam trazer com clareza na embalagem a presença de ingredientes alergênicos como leite, ovos, soja, trigo, peixes, crustáceos, amendoim e castanhas.
Mas aqui tem mais um ponto de atenção. Mesmo que o alimento não tenha o ingrediente alergênico na composição, ele pode ter sido feito em equipamentos que também processam esses alérgenos. Nesses casos, é comum aparecer no rótulo a frase “pode conter traços de…”.
Essa informação é importante e deve ser levada muito a sério para quem vai comer fora com alergia alimentar, especialmente por quem já teve reações alérgicas fortes, como aquelas que provocam falta de ar e ameaçam a vida.
“A contaminação cruzada pode provocar anafilaxia em pessoas sensíveis, mesmo com mínimas quantidades do alérgeno”, alerta Brianna. Por isso, ignorar esse aviso no rótulo pode colocar a saúde em risco.
Leia mais: Vacina para alergia: entenda como funciona a imunoterapia
Sinais de alerta para alergia alimentar em bebês e crianças
Os primeiros sinais de alergia alimentar podem surgir logo nos primeiros meses de vida, durante a amamentação ou com a introdução alimentar. Coceira ao redor da boca, vômitos frequentes, diarreia de repetição, recusa alimentar e irritabilidade depois de mamar são sintomas que merecem ser comunicados ao pediatra ou ao alergista.
“Nessa fase, os sinais podem ser sutis, por isso o acompanhamento com alergista é essencial”, orienta a médica.
À medida que a criança cresce e passa a frequentar a escola, o cuidado precisa ser maior. Professores, cuidadores e a equipe da cantina devem estar cientes da alergia e saber como agir em caso de emergência.
“Planos de ação com o uso de medicação emergencial devem ser entregues à equipe escolar”, reforça Brianna. Assim, todos ficam mais preparados, e os pais, mais tranquilos.
Como manter uma vida social ativa com alergia alimentar
Apesar dos desafios, quem tem alergia alimentar pode, sim, sair, viajar, se divertir e aproveitar bons momentos à mesa. O segredo está na informação, no planejamento e em aprender dicas de segurança alimentar.
Explicar a condição da maneira mais clara possível, fazer escolhas conscientes e ter alternativas de alimentos seguros à mão ajuda a diminuir os riscos e a ansiedade.
Dependendo do tipo de alergia, o médico alergista pode indicar ter uma medicação de emergência por perto. Nesses casos, a adrenalina autoinjetável, que interrompe sintomas que podem levar à morte, precisa acompanhar a pessoa por todos os lugares, especialmente em restaurantes, festas ou viagens. Consulte um alergista.
Perguntas frequentes sobre alergia alimentar fora de casa
Quais ingredientes estão no prato?
É essencial perguntar isso antes de fazer o pedido. Confirme todos os ingredientes, mesmo os aparentemente inofensivos, como molhos e temperos.
Como o alimento é preparado?
Peça detalhes sobre o modo de preparo e onde o prato é feito, isso ajuda a identificar possíveis alérgenos.
Os utensílios são compartilhados com outros alimentos?
Essa informação ajuda a avaliar se há risco de contaminação cruzada com o alérgeno que você precisa evitar.
Há risco de contaminação cruzada?
Se o estabelecimento não puder garantir que o alimento está livre de traços do alérgeno, é mais seguro escolher outro local ou consumir algo que você levou de casa.
Leia mais: Tem alergia alimentar? Veja como diagnosticar e tratar

